Ibope cristaliza embate Dilma-Marina e mostra Aécio quase fora do jogo
Pesquisa também debela boatos sobre alta de tucano e 2º turno mais folgado para a petista
Fernando Rodrigues |
A pesquisa Ibope
sobre intenções de voto para presidente traz os seguintes recados, além
de debelar alguns boatos plantados nos últimos dias na “cracolândia
digital” que se tornou o ambiente de militantes políticos nas redes
sociais:
1) 2º turno cristalizado: só um fato de proporções inauditas pode, a esta altura, alterar a disputa final na corrida pelo Planalto. Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) devem estar na rodada de votação do dia 26 de outubro.
O Ibope realizou seu levantamento de 20 a 22.set.2014. Deu o seguinte: Dilma com 36%, seguida por Marina, com 29%, e Aécio Neves (PSDB), em terceiro lugar, com 18%.
O tucano teve o mesmo percentual registrado na semana passada. Não apresentou sinais de crescimento – apesar de uma grande onda de rumores a esse respeito plantada na internet por alguns de seus seguidores.
Nunca nas eleições presidenciais brasileiras dos últimos 20 anos um 3º colocado com 19% conseguiu passar os demais concorrentes para ir ao 2º turno – nesta fase da campanha. Tecnicamente, é claro, isso seria cenário possível. Mas não se trata de algo usual. Longe disso;
2) Dilma tem um teto no 2º turno: a presidente que tenta a reeleição tem oscilado, subindo e descendo, na faixa de 36% a 42% nas simulações de 2º turno desde a entrada de Marina Silva na disputa – após a morte de Eduardo Campos, em 13.ago.2014.
Na semana passada, Dilma tinha 40%. Agora, tem 41%. Há duas semanas, o percentual era de 42%. A pesquisa Ibope serviu também para demolir os boatos espalhados por parte dos militantes petistas a respeito de uma suposta melhora da candidata à reeleição nas simulações de 2º turno;
3) Marina também tem seu teto: depois da onda emocional forte no início da sua empreitada como candidata a presidente, a pessebista se acomodou em simulações de 2º turno na faixa de 41% a 43%. Agora, está em 41%;
4) Narrativa do medo segurou Dilma na frente: a série de comerciais de ataque do PT e do PSDB contra Marina Silva teve dois efeitos. Primeiro, impediu que a pessebista continuasse a surfar sem nenhum tipo de contraditório no horário eleitoral. Segundo, serviu para que a petista se segurasse em 1º lugar nas simulações de primeiro turno, o que é muita coisa – do ponto de vista psicológico, para animar a militância.
Um terceiro possível efeito – ainda a ser comprovado – teria sido a volta de Aécio Neves para os 19% que ostentava no fim de agosto. É possível, mas o tucano e seu partido nunca chegaram ao final de uma eleição presidencial, desde 1994, com menos de 20%. Talvez esse movimento fosse ocorrer até por inércia, mesmo que o candidato tivesse continuado com sua estratégia anterior de campanha.
E O QUE VAI ACONTECER AGORA?
Esta é uma das mais acirradas disputas presidenciais desde 1989, a primeira eleição direta pós-ditadura militar.
O componente do medo do desconhecido será muito importante e presente
agora dentro das estratégias de campanha. Dilma vai reforçar esse
sentimento na cabeça dos eleitores. Marina vai se esforçar para debelar a
ideia de que seu governo será um tiro no escuro.
Quem leva vantagem? Difícil dizer, pois o quadro parece quase congelado no momento.
Só que é necessário registrar um fato objetivo. Hoje, Dilma tem cerca de 11 minutos no horário eleitoral. Marina, só 2 minutos.
No 2º turno, o tempo será igual para ambas: 10 minutos para cada candidatura.
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