terça-feira, 9 de setembro de 2014


Dilma pediu ao MP e à PF íntegra de depoimento  de  Paulo  Roberto  Costa

A presidente-candidata Dilma Rousseff afirmou que solicitou à Polícia Federal e ao Ministério Público a íntegra do depoimento à Polícia Federal do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Preso em Curitiba, ele aceitou acordo de delação premiada e entregou nomes de parlamentares, governadores e um ministro como beneficiários do balcão de negócios montado na estatal, como revelou VEJA desta semana. “Se houve alguma coisa, e tudo indica que houve, eu posso garantir que todas as sangrias estão estancadas”, disse a petista em sabatina do jornal O Estado de S. Paulo, no Palácio da Alvorada, em Brasília.

Dilma disse que “não tinha a menor ideia” das irregularidades que aconteciam dentro da empresa, reveladas na edição desta semana de VEJA – mas não negou as denúncias. Ela afirmou que “nunca houve desconfiança” sobre a gestão de Paulo Roberto, principalmente pelo fato de ele ser um servidor de carreira, e que o caso “não é típico” dos quadros da Petrobras. Ela pediu informações à PF e ao Ministério Público e disse que já obteve posicionamento do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, citado por Costa como um dos beneficiados no esquema de corrupção. “Ele deu as explicações para mim, por escrito, e nega veementemente tais fatos. Mas eu tomei uma medida: determinei ao ministro José Eduardo Cardozo [Justiça] que fizesse um ofício à PF, porque se houver algum funcionário do governo, nós gostaríamos de ter acesso a essa informação para poder tomar todas as providências e tomar essas medidas baseadas em informações oficiais”, afirmou a presidente. “Os processos estão criptografados e dentro do cofre. Vazamento pode significar não validade das provas. Eu fiz o ofício ao procurador-geral da República para ter essas informações.”


Volta, Lula
Dilma também foi questionada sobre a sua relação com o ex-presidente Lula. Nos bastidores, a ala descontente de partidos aliados e do próprio PT trabalhavam para que o petista a substituísse nestas eleições. “Todo mundo que apostou em algum conflito entre mim e o Lula errou. Eu tenho uma relação fortíssima, pessoal, com ele. Eu convivi com o Lula de junho de 2005 até o dia em que eu saí do governo. Eu tenho uma relação de imensa amizade. Eu gosto do Lula, gosto muito, e tenho absoluta certeza de que ele tem o mesmo afeto por mim”, disse a presidente. Ela ressaltou ainda que apoiaria um retorno do ex-presidente não apenas em 2018, mas “em qualquer circunstância”. “O que ele quiser eu apoiarei”, disse.

Collor
Dilma também tentou amenizar as comparações que sua campanha fez entre a adversária Marina Silva (PSB) e os ex-presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor de Melo – este último, aliado do governo petista. Mas manteve a mesma linha do discurso de terrorismo eleitoral contra a rival. “Eu acho a Marina bem intencionada. Não estou fazendo uma comparação pessoal. A comparação com Jânio e Collor é que ambos governaram sem apoio. Quem acha que vai negociar com notáveis, que é possível governar sem partido, geralmente ocorre alguma coisa muito perigosa”, afirmou. “Que o governo Collor não teve base de sustentação é um dado da história. Eu respeito o Collor, mas discordo das políticas. Por isso comecei falando que acho a Marina bem intencionada.”

Pasadena
Ao comentar sua participação na compra da refinaria de Pasadena (EUA), em 2006, a presidente repetiu, como fizera em nota em março, que a decisão foi motivada por relatório falho encaminhado ao Conselho de Administração da Petrobrás, presidido por ela, que na época era ministra da Casa Civil. “O conselho só aprovou a compra de 50%”, afirmou a candidata do PT, ao lembrar que o Tribunal de Contas da União isentou o conselho de responsabilidade no negócio.
Dilma assegurou que a decisão de mudar diretores da estatal ao assumir a Presidência, em 2011, não teve relação com suspeitas envolvendo a refinaria e definiu a presidente da Petrobrás, Graça Foster, como uma “gestora plenamente competente”. “Acho estranhíssimo alguém falar em destruição da Petrobrás. Tirando esta questão que tem aparecido neste momento da campanha, a Petrobrás hoje é uma empresa primorosa”, afirmou.

Tarifaço
A candidata à reeleição considerou um “absurdo” os comentários da oposição de que haverá um “tarifaço” após o pleito de outubro. Indagada a respeito, Dilma respondeu que, “se reajuste houver, não será tarifaço”. “Nós faremos tudo muito moderadamente, não somos a favor de tarifaço. E olha que demos vários aumentos, nunca demos um aumento abusivo. ‘Tarifaço’, por quê? Não sou contra aumentar (preço), se tiver de aumentar, aumenta”, afirmou. “Eu não falo em reajuste de gasolina nem de quanto vai ser.” A presidente destacou que “não há lei divina” que obrigue o governo a atrelar qualquer ajuste de preço ao mercado internacional, mas considerou “normal” a reivindicação da Petrobrás.

Sobre a tarifa da energia elétrica, Dilma garantiu que não há “nenhum represamento” ou “defasagem”. “No caso da energia elétrica, você sabe por que deu esse aumento nesse mês (de agosto) de 0,25% (no Índice de Preços ao Consumidor Amplo)? Por conta desse aumento na tarifa de energia elétrica, não há nenhum represamento”, disse. “Tudo que está previsto pela legislação em relação à energia elétrica está sendo passado. Não tem nada atrasado em energia elétrica. Desafio alguém a me mostrar algum atraso no pagamento de energia elétrica, de tarifa de energia. Isso, eu desafio.”

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