“Delação”, manobra para golpear Dilma e ressuscitar Aécio
Adalberto Alves Monteiro |
Na boca da urna, a delação do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto
Costa, corrupto assumido, além de “premiada” indica ser “premeditada”.
Quando exatamente a campanha de Dilma cresce, a revista Veja, mais uma
vez, detona munição suja. Aécio a isto se agarra igual o afogado a um
bote. Apoiado nessa armação, tenta se levantar do chão. Marina se
esquiva de fininho, endossa esse golpe da grande mídia contra Dilma, e
faz uma defesa tímida da memória de Eduardo.
O ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, foi demitido da estatal
em abril de 2012. Em março desse ano foi preso pela Polícia Federal e,
em maio, foi solto por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Em 11 de
junho, por ordem judicial, voltou para a cadeia. E, no dia 29, ele
começa a depor ao Ministério Público Federal do Paraná no regime de
“delação premiada”. Somam-se até agora – dizem – 42 horas de gravação.
Tudo isso se encontra trancado “num caixa-forte”, e as gravações
transcritas em arquivos criptografados em computadores sem internet. O
processo está “sob segredo de justiça”.
Mas a Veja, “obstinada”, diz que obteve um resumo fiel dos depoimentos
de PRC por “fontes diretas” e o divulga justamente quando três dias
antes pesquisas de intenção de voto indicavam o crescimento da campanha
de Dilma, empatada tecnicamente com Marina que estancara sua subida.
Aécio na poeira.
Pergunta: De fato a revista teve acesso ao teor dos depoimentos? Ninguém
sabe. E se houve quebra do segredo de Justiça, por quais expedientes
esse crime foi consumado?
Como diz o ministro Gilberto Carvalho, o que há até agora é um mero
boato. Boato que pelo respaldo da grande mídia ganha status de verdade.
De sentença, trânsito em julgado.
Sem prova, sem indício, sem nada, a Veja publica uma lista de políticos
acusados como beneficiários de um esquema de corrupção na Petrobras. A
quase totalidade deles pertence a partidos da base do governo Dilma, com
exceção de Eduardo Campos, candidato a presidente do PSB, ceifado por
uma tragédia. O “chumbo grosso”, não há dúvida, visa a atingir
eleitoralmente a presidenta Dilma. Marina é atingida de raspão e, assim,
prefere fazer um dueto com Veja para engrossar o ataque à Dilma. Eis
mais uma faceta de sua “nova política”.
Aécio Neves pela evolução da disputa se reduziu a uma candidatura
coadjuvante da oposição conservadora. Viu sua condição de predileto dos
banqueiros e da grande mídia lhe ser roubada por Marina. Nem a dita
revista havia chegado às bancas e ele reapareceu com ares de
ressuscitado afoito. Afinal, caprichosamente, nenhum tucano aparecera na
lista dos “condenados” de Veja. Jornalões como o “Globo” alardearam a
hipótese de o tucano novamente voltar à disputa por uma vaga no segundo
turno. Claro que com cautela: “Quem sabe”, “talvez”. Mas, convenhamos,
expressões desse gênero, para quem é tido como um morto, não deixam de
ser um alento.
Esse episódio mais uma vez traz à tona a instrumentalização de
instituições e instrumentos do Estado nacional para beneficiar polos em
disputa nas eleições. Sempre ou quase sempre para favorecer a oposição.
Ministério Público, Polícia Federal, por exemplo, são locus várias vezes
reincidentes de quebra de segredo de justiça. E nenhuma autoridade
destas instituições diz absolutamente nada quanto a providências e
apurações para coibir esse tipo de anomalia.
A presidenta Dilma Rousseff reagiu com serenidade e firmeza. Disse que
nada de concreto há contra seu governo ou qualquer integrante dele.
Afinal, tudo até aqui se resume em uma reportagem. E – convenhamos – de
um periódico que ao longo das últimas disputas eleitorais tem se
reiterado como uma fábrica de munição suja.
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