Copom mantém taxa de juros em 11% ao ano pela terceira vez seguida consecutiva
Com isso, BC confirmou expectativa da maior parte do mercado financeiro.
Juro estável foi definido apesar da retração do PIB apontada pelo IBGE.
Juro estável foi definido apesar da retração do PIB apontada pelo IBGE.
Na última ação de política monetária antes do primeiro turno da eleição
presidencial, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 11% ao ano. Foi a
terceira manutenção seguida da taxa Selic, que continua no maior patamar
desde o fim de 2011.
A decisão de manter o juro estável era esperada pela maior parte dos
analistas do mercado financeiro, que prevê [em um cenário ainda
indefinido] a permanência da taxa neste mesmo patamar até março do
próximo ano - quando a estimativa é de que seja elevada para 11,5% ao
ano.
Ao fim do encontro, o BC divulgou o seguinte comunicado: "Avaliando a
evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o
Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 11,00% a.a., sem
viés".
Em relação ao comunicado anterior, a grande novidade se deve à
retirada da expressão "neste momento", que constava nas edições de maio e
julho do comunicado do BC. Com a retirada da expressão, o BC deixa claro que o momento é de esperar
para ver os próximos desdobramentos econômicos. A instituição se fia,
por exemplo, em algum progresso na área de crédito que possa surgir com
as medidas determinadas ao final de julho e também no início de agosto.
A autarquia fez ajustes no recolhimento do compulsório, que é uma
reserva que os bancos precisam deixar no BC, e até determinou para essas
instituições, de maneira informal e por meio de ferramentas técnicas,
uma meta de crescimento de 20% do crédito para automóveis em relação ao
primeiro semestre de 2014.
O próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcado
para os dias 28 e 29 de outubro, logo após o segundo turno das eleições -
26 de outubro.
Recessão técnica e inflação
A opção do BC pela estabilidade se dá em um quadro de retração do
Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro e segundo trimestres deste ano -
os economistas classificam o quadro com dois trimestres seguidos de
retração econômica como "recessão técnica" e inflação ainda em patamar
elevado em 12 meses, no teto da meta perseguida pelo BC de 6,5%. O
veredicto do colegiado foi mais uma vez unânime e seguiu à risca o
script aguardado pelo mercado financeiro.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território
brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e
serve para medir o crescimento da economia.
Pelo sistema de metas de inflação vigente na economia brasileira, o BC
tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. Para
2014, 2015 e 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, mas o IPCA, que
serve de referência para o sistema brasileiro, pode oscilar entre 2,5% e
6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
O governo considera que a meta foi cumprida ou não apenas com base no
acumulado em 12 meses até dezembro de cada ano. Em doze meses até julho,
o IPCA somou 6,50% - no teto do sistema de metas.
O que pressiona a inflação
Avalia-se que os serviços e os chamados preços administrados, como:
telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre
outros, devem continuar pressionando a inflação em 2014 e no ano que
vem.
Observa-se que houve "represamento" de algumas políticas públicas, como
energia e gasolina, nos últimos meses. Mexendo-se nestes dois itens,
tem-se aumento de custo da produção. Os combustíveis [alta de preços]
têm efeito em cascata. Reflete no frete para alimentos, roupas, calçados
e saúde, entre outros. E a pressão inflacionária por conta de serviços
deve persistir ainda, pois a demanda está relativamente aquecida.
Clima eleitoral
Os analistas também concordaram que o cenário político, sendo esta a
última reunião do Copom antes das eleições, contribuiu para afastar a
possibilidade de um corte nos juros neste momento - apesar do PIB
negativo no primeiro e segundo trimestres deste ano. O próximo encontro
do Copom está marcado para após o segundo turno da eleição.
Alex Agostini, economista da Austin Rating, lembra que o mercado
financeiro tem comemorado, com alta da bolsa e queda do dólar, pesquisas
que mostram piora da candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), a
presidente Dilma Rousseff, nas intenções de voto. "Imagina se o BC mexe
os juros para baixo neste momento em que o mercado sabe que é hora de
subir. Joga uma pá de cal na Dilma aos olhos do mercado", afirma.
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