A reportagem proibida da revista IstoÉ
Trata-se da segunda parte da lista inicial publicada por Veja
Justiça manda proibir circulação da revista após denúncia contra governador do Ceará
A juíza Maria Marlene Maciel Queiroz determinou que a publicação [revista IstoÉ] fosse impedida de circular e, se distribuída, que seja recolhida. Ela tenta impedir que a semanal “veicule fatos desabonadores” ao político Cid Gomes (Pros), que alega não ter participado de quaisquer atos ilícitos. Em petição sobre o caso, ele afirma que as informações que a revista teve acesso são falsas.
Conforme consta na ação, como a investigação ainda não terminou e corre sob sigilo processual, a revista não poderia divulgar os dados.
A revista IstoÉ, publicou ampla reportagem de capa, botando mais
gasolina no incêndio que engole a Petrobras no maior escândalo de uma
estatal em todo o século, levando junto a presidente Dilma, o PT e boa
parte da base aliada. Diz a revista que enquanto os peemedebistas adotam
um método pulverizado de doação de campanha, o PT é o que concentra a
maior fatia do dinheiro das empresas citadas no escândalo. Andrade
Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão, Engevix e UTC destinaram R$ 28,5 milhões
à direção nacional do PT. À candidata Dilma Rousseff, R$ 20 milhões
foram repassados pela OAS e outros R$ 5 milhões pela UTC. No total, são
53,5 milhões.
Pelo que se pode depreender até agora, as movimentações feitas com os
recursos desviados da Petrobras abrangem o caixa formal dos candidatos,
como mostra a reportagem de Istoé , e também dinheiro de caixa 2.
IstoÉ conta em detalhes, inclusive com nomes e valores, como o esquema
na Petrobras abasteceu o caixa de aliados do governo e apresenta os
novos nomes denunciados pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto
Costa na delação premiada.
Até agora, eram conhecidos trechos da delação do ex-diretor de
Abastecimento e Refino da Petrobras Paulo Roberto Costa, considerado o
maior arquivo vivo da República. Em depoimento à Polícia Federal, o
ex-executivo da estatal entregou nomes de políticos e empresas que
superfaturaram em 3% o valor dos contratos da Petrobras exatamente no
período em que ele comandava o setor de distribuição, entre 2004 e 2012.
Notícia veiculada na última edição da revista IstoÉ anotou os nomes de
mais quatro políticos que teriam sido mencionados em depoimentos do
delator Paulo Roberto Costa como beneficiários de propinas provenientes
de negócios escusos da Petrobras. A lista inclui o governador do Ceará,
Cid Gomes (Pros), o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e os senadores
Delcídio Amaral (PT-MS) e Francisco Dornelles (PP-RJ).
CID GOMES - O governador do Ceará, Cid Gomes (Pros), estaria na lista de
políticos que receberam propina em um esquema de desvio de dinheiro
público da estatal a partir de contratos superfaturados, segundo
reportagem da revista "IstoÉ". A publicação não apresentou documentos
nem especificou as circunstâncias em que os nomes foram citados. A
assessoria de Cid Gomes argumentou que as informações contidas na
matéria são apenas boatos. "Não sei quem é Paulo Roberto. Nunca estive
com esse cidadão e sou vítima de uma armação de adversários políticos",
afirmou Gomes por meio de sua assessoria.
Não é bem assim
Conforme demonstrado na foto acima, Cid Gomes recostou os cotovelos, ao
lado do ex-diretor preso da Petrobras, numa mesa de reuniões. A despeito
da má qualidade da imagem, é possível constatar que Paulo Roberto é o
personagem que está sentado à esquerda do governador.
O encontro se deu-se no dia 14 de julho de 2008. Foi noticiado na edição do dia seguinte do Diário do Nordeste.
Discutia-se na época a implantação de uma refinaria de petróleo no
Ceará. Cid Gomes recepcionou em seu gabinete uma delegação da Petrobras,
chefiada por Paulo Roberto Costa, então todo-poderoso diretor de
Abastecimento da maior estatal brasileira.
O fato de Cid Gomes ter recebido o agora delator numa audiência oficial
ocorrida há seis anos não constitui, evidentemente, prova de que o
governador recebeu propina. Mas é uma evidência de que o governador
precisa ajustar sua declaração. Não fica bem dizer que desconhece um
personagem que, de fato, conheceu.
Francisco Dornelles (PP) |
FRANCISCO DORNELLES - O veterano Francisco Dornelles (PP), que está de
saída do cargo de senador e é vice na chapa do candidato ao governo do
Rio Luiz Fernando Pezão (PMDB), teve seu nome citado pelo ex-diretor da
Petrobras, segundo reportagem da "IstoÉ". A publicação não apresentou
documentos nem especificou as circunstâncias em que ele foi citado. De
acordo com a "Isto É", o senador negou as acusações.
Segundo Paulo Roberto Costa o senador Francisco Dornelles obteve R$ 400 mil da Andrade Gutierrez e R$ 800 mil da Queiroz Galvão.
Delcídio Amaral (PT-MS) |
DELCÍDIO DO AMARAL - O senador petista e candidato ao governo do Estado
do Mato Grosso do Sul também teve seu nome citado pelo ex-diretor da
Petrobras, segundo reportagem da "IstoÉ". A publicação não apresentou
documentos nem especificou as circunstâncias em que Delcídio foi citado.
O político negou as acusações e classificou a reportagem como
"esdrúxula".
Recém-incluído na rumorosa relação do delator, o senador petista
Delcídio Amaral também obteve recursos para sua campanha de empresas
mencionadas como integrantes do esquema. A campanha de Delcídio ao
governo de Mato Grosso do Sul recebeu R$ 622 mil da OAS, R$ 2,8 milhões
da Andrade Gutierrez e R$ 2,3 milhões da UTC. Entre 2000 e 2001,
Delcídio ocupou a diretoria de Gás e Energia da Petrobras.
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) |
EDUARDO CUNHA - O deputado federal pelo PMDB do Rio de Janeiro e
candidato à reeleição Eduardo Cunha é um dos quatro nomes citadas em
reportagem da "IstoÉ", que traz novas informações a respeito do suposto
esquema de corrupção na Petrobras. No Twitter, Cunha argumentou ter tido
o nome "citado a esmo" [sic] e "de forma leviana". "Óbvio que desafio a
mostrar qualquer fato real", escreveu o peemedebista.
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