VENEZUELA: governo instalará controles eletrônicos para impedir as pessoas de … comprar!
Governo quer impedir que pessoas comprem o mesmo produto duas vezes na mesma semana.
Venezuela bolivariana: filas enormes de consumidores que esperam encontrar produtos básicos em supermercado da capital, Caracas — e raramente encontram. O mercado negro dispara |
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decretou a instalação de um
mecanismo de “controle biométrico” para limitar as compras de produtos e
alimentos nos supermercados e mercados públicos e privados do país. “A
ordem já está dada, através da superintendência de preços, para que se
crie um sistema biométrico em todos os estabelecimentos e redes
distribuidoras e comerciais da República”, disse Maduro durante mensagem
em rede nacional de rádio e TV.
A regulação do consumo nas redes públicas já vinha sendo aplicada
sistematicamente na Venezuela desde o início do ano, mas é a primeira
vez que o governo Maduro interfere nas redes privadas de supermercados
do país. Em 2010, o então presidente Hugo Chávez desapropriou as lojas
da cadeia de supermercados Exito, do grupo francês Casino.
Mercado negro é alternativa para supermercados estatais vazios
Com a escassez crônica, o mercado negro – mantido por pessoas que
estocam produtos básicos para revendê-los – na Venezuela é uma
alternativa aos supermercados estatais vazios, porém limitar o consumo
não é uma medida que ataca a origem do problema: a péssima gestão
econômica do país.
Há ainda outra questão problemática na medida anunciada por Maduro, pois
limitar o consumo em redes privadas é um ato ilegal, que interfere na
administração e nos possíveis lucros das empresas. A medida desastrada
ainda penaliza justamente a parte mais afetada pela escassez, a
população.
Inflação já passa dos 60% ao ano
O mecanismo utilizará leitores óticos de impressões digitais para
reconhecer cada comprador de produtos básicos. Segundo Maduro, “o
sistema biométrico será perfeito” e servirá para evitar o que chamou de
“fraude” envolvendo milhões de litros de gasolina e toneladas de
alimentos subsidiados pelo governo, no momento em que a Venezuela
enfrenta a falta de diversos produtos básicos e uma inflação anual que
supera os 60%.
O sistema visa a impedir que uma pessoa compre o mesmo produto duas
vezes na mesma semana, em qualquer supermercado das redes governamentais
e privadas da Venezuela. Vários funcionários do governo Maduro
indicaram que no prazo de 90 dias haverá um “programa piloto” para
iniciar a venda controlada de produtos básicos no país “de maneira
ordenada e justa”.
Maduro também anunciou “um sistema de referência” que processará a
informação de tudo o que for distribuído e armazenado “para todos os
produtos e insumos que movem a economia do país”. O presidente ordenou
ainda o “confisco, de maneira imediata, de todos os elementos”
utilizados para contrabando, incluindo galpões e veículos, que serão
revertidos para os programas estatais de alimentos.
Maduro convocou as forças militares e policiais para deter todos os envolvidos em desvios e contrabando.
Racionamento: os consumidores são fichados e recebem senhas para comprar na rede estatal
O sistema de controle de compras é a mais nova tentativa paliativa de
Maduro para combater a escassez causada pela ingerência econômica de seu
próprio governo. Desde março, as compras na rede estatal de
supermercados – com preços subsidiados – são possíveis apenas dois dias
por semana e com limite de produtos por consumidor.
Os venezuelanos interessados são fichados e recebem senhas, que
funcionam em sistema de rodízio. Nas segundas-feiras podem comprar
aqueles com as senhas terminadas em 1 e 2, 3 e 4; às terças e
quartas-feiras são os dias para os finais 5 e 6, 7 e 8. As quintas e
sextas-feiras são reservadas aos consumidores com senhas que terminam em
9 e 0.
Violência: 65 mortos por dia
A Venezuela atravessou uma violenta onda de protestos entre fevereiro e
final de maio devido à inflação, à falta de produtos básicos – como
papel higiênico, açúcar, farinha ou leite – e à altíssima violência e
criminalidade, que provocam em média 65 mortes por dia no país.
Os protestos foram repreendidos e resultaram na morte de mais de 40 pessoas, além de mais de 700 feridos.
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