Reunião que tratou de depoimentos da CPI ocorreu na sede da Petrobrás em Brasília
Encontro que discutiu as perguntas e
respostas de interrogados na comissão no Senado foi realizado em sala
anexa ao gabinete da presidente da companhia
Depoimento. Barrocas (barba branca) acompanhou Graça Foster |
A reunião entre servidores da Petrobrás para discutir as perguntas e
respostas dos interrogados na CPI da estatal no Senado ocorreu no
gabinete da presidente da companhia, Graça Foster, em Brasília. A sala
de reuniões integra o gabinete e o acesso é restrito a servidores da
alta cúpula da estatal. O espaço é usado por Graça para receber
autoridades e fazer reuniões com assessores. O gabinete da presidente
ocupa todo o segundo andar do prédio da Petrobrás na capital federal.
Procurada, a estatal não respondeu aos questionamentos da reportagem a respeito do uso do gabinete da presidente Graça Foster.
A reunião foi gravada em vídeo e divulgada pela revista Veja na edição
do fim de semana. Além do chefe de gabinete da Petrobrás em Brasília,
José Eduardo Sobral Barrocas, e do advogado da empresa Bruno Fereira,
revelou-se que o chefe do departamento jurídico do escritório da
Petrobrás em Brasília, Leonan Calderaro Filho, também estava presente na
reunião.
A revista não identificou onde o vídeo fora gravado e se referiu a Calderaro como pessoa não identificada.
A conversa gravada sugere que os executivos da Petrobrás tiveram acesso
com antecedência às perguntas que seriam feitas aos depoentes da estatal
por senadores da CPI no Senado. Barrocas informa aos colegas que
encaminhara, por fax, o "gabarito" à presidente da estatal. Ele foi
nomeado como chefe de gabinete da Petrobrás em Brasília por Graça
Foster. Antes, eles trabalharam juntos na BR Distribuidora, quando Graça
era presidente e Barrocas, chefe de gabinete da subsidiária da estatal
em Brasília. Pessoas que convivem com os dois disseram à reportagem que
Barrocas é fiel a Graça e não toma decisões mais complexas envolvendo a
Petrobrás sem o aval da chefe.
Questionário
Um servidor da estatal confirmou, em condição de anonimato, como
funcionava o suposto esquema para que os depoentes tivessem conhecimento
prévio das perguntas dos senadores. Os questionamentos eram elaborados
por servidores do PT, com ajuda do servidor da Secretaria de Relações
Institucionais, Paulo Argenta. Barrocas buscava o questionário
pessoalmente na liderança do Senado. O próximo passo, o que foi gravado
em vídeo, era a reunião no gabinete da presidente para discutir as
respostas. Ao final, o documento seria encaminhado para o comando da
empresa, no Rio.
O chefe do escritório da estatal em Brasília e o assessor da Secretaria
de Relações Institucionais Paulo Argenta tinham por hábito acompanhar
pessoalmente os depoimentos na CPI.
Ex-presidente da estatal e ex-presidente do PT, José Eduardo Dutra, que
hoje é diretor da Petrobrás, também participou de reuniões com a bancada
do PT para discutir as investigações.
O líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), protocolou
requerimentos de convocação para que o ministro das Relações
Institucionais, Ricardo Berzoini (PT), compareça ao Congresso para
explicar a suspeita de envolvimento de um funcionário da pasta no caso.
Os requerimentos foram apresentados nas comissões de Fiscalização
Financeira e Controle, de Minas e Energia e no próprio plenário da Casa.
Fontes disseram que a cúpula da Petrobrás desconfia que a gravação foi
feita pelo advogado Bruno Ferreira. Ele chegou a ser sabatinado na
estatal sobre sua suposta participação no caso.
'Simulações'
A Petrobrás informou em nota que "tomou conhecimento das perguntas que
norteiam os trabalhos das CPI e CPMI da Petrobrás através do site do
Senado Federal". Afirmou que, "após cada depoimento, as dezenas de
perguntas são desdobradas em novas perguntas pela equipe da Petrobrás de
forma a subsidiar os depoimentos subsequentes" de executivos e
ex-executivos, que são preparados "com simulações de perguntas e
respostas".
Ainda segundo a nota, a estatal informou que "garante apoio a executivos
e ex-executivos, preparando-os, com simulações de perguntas e
respostas, para melhor atender aos diferentes públicos, seja em eventos
técnicos, audiências públicas, entrevistas com a imprensa, e, no caso em
questão, as CPI e CPMI". Tais simulações, afirma, "envolvem
profissionais de várias áreas, inclusive consultorias externas, de modo a
contribuir para uma melhor compreensão dos fatos e elucidação das
dúvidas".
Congresso investiga denúncia da CPI da Petrobras
O Congresso começa a semana de esforço concentrado tendo que lidar com
mais uma denúncia: a CPI da Petrobras no Senado teria combinado as
perguntas que fez aos investigados, entre eles a presidente da estatal,
Graça Foster.
O relator da CPI da Petrobras no Senado disse que não sairá. Ele negou
ter repassado perguntas para os investigados antes dos depoimentos e que
pretende apurar as denúncias feitas pela revista Veja.
Oposição decidiu protocolar uma representação na PGE (Procuradoria Geral
da República) contra dois senadores do PT, supostamente envolvidos em
denúncia de favorecimento. Segundo denúncia, representantes da Petrobras
receberam com antecedência as perguntas e respostas às questões que
lhes seriam feitas na comissão.
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