Gasto do Planalto com publicidade cresce 30% no primeiro semestre
O Palácio do Planalto concentrou seus gastos de publicidade institucional no primeiro semestre.
De 1º de janeiro a 30 de junho, a Secom (Secretaria de Comunicação
Social) da Presidência informou uma despesa de R$ 109,3 milhões com
propaganda. O valor é 29,7% maior do que o consumido no mesmo período de
2013, que foi de R$ 84,3 milhões.
A concentração de publicidade nos primeiros seis meses do ano ocorre por
causa da Lei Eleitoral, que proíbe esse tipo de despesa nos três meses
anteriores à eleição – ou seja, a partir de julho.
Em 2010, quando Lula era o presidente, o Planalto consumiu R$ 124
milhões em publicidade de janeiro a junho, o equivalente a 67,3% desse
tipo de despesa naquele ano inteiro. O site da Secom não informa se esse
valor é o da época ou se foi feita atualização monetária.
Neste ano, a previsão de gastos publicitários da Secom é em torno de R$
170 milhões. Os R$ 109,3 milhões consumidos até junho equivalem a 64,3%
do total. O percentual é semelhante ao verificado nesta época em 2010.
A prática de concentrar os gastos no primeiro semestre de anos
eleitorais é comum também em governos estaduais e em prefeituras. Os
políticos usam uma brecha da Lei 9.504, que proíbe investimentos acima
da média dos três anos anteriores. A norma não veda, entretanto, desovar
grande parte das verbas até junho, o que permite aos governantes se
autopromoverem com dinheiro público até três meses antes do pleito.
"Seria importante aperfeiçoar a lei, pois de fato como está hoje não é
possível impedir a concentração de gastos", diz o ministro Admar
Gonzaga, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
A transparência dos valores investidos em propaganda por parte do
governo federal é parcial. Em 2013, o total foi de R$ 2,313 bilhões,
incluindo também a administração indireta (estatais).
O orçamento da Secom nessa área representa sempre menos de 10% do total.
Os valores completos deste ano só serão conhecidos em 2015.
O ministro-chefe da Secom, Thomas Traumann, disse não haver nenhum valor
fora do padrão. "Esta comparação entre investimentos em publicidade
federal feita pela reportagem é a prova de que, sob tortura, os números
confessam qualquer coisa", disse.
"É uma comparação completamente equivocada. A legislação proíbe
investimentos em publicidade institucional nos anos eleitorais nos três
meses anteriores à votação. Portanto, é uma fraude estatística comparar
os investimentos de publicidade do governo de primeiros semestres de
anos com eleição com anos sem eleição", acrescentou.
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