Aeroportos cubanos receberão
US$ 150 milhões do BNDES
US$ 150 milhões do BNDES
Financiamento é para que a Odebrecht faça a modernização dos terminais
Fachada do defasado Aeroporto de Havana, o que afeta o setor de turismo, fonte de US$ 1,8 bilhão ao país em 2013 |
O BNDES aprovou um financiamento para a modernização de aeroportos
cubanos, que será feita pela Construtora Odebrecht. Embora o banco não
forneça o valor, a data de aprovação e quais aeroportos serão
beneficiados, fontes do negócio confirmam que serão destinados US$ 150
milhões (cerca de R$ 336 milhões) e que o acordo foi fechado há cerca de
30 dias. O banco confirma, apenas, que o financiamento está em fase de
contratação. É provável, segundo fontes do mercado, que os valores
comecem a ser liberados ainda neste ano.
O financiamento para a melhoria dos aeroportos cubanos está dentro da
linha de exportações brasileiras de bens e serviços de engenharia. O
banco afirma que isso é uma tendência internacional e que beneficia
empresas brasileiras, com o BNDES auxiliando a competitividade das
companhias nacionais. “Os desembolsos de recursos são efetuados em
reais, no Brasil, diretamente ao exportador brasileiro, com base nas
exportações efetivamente realizadas e comprovadas”, informou o banco.
O modelo de financiamento aprovado pelo BNDES é o mesmo utilizado pelo
banco para que a Odebrecht modernizasse o porto de Mariel, também em
Cuba. Na época, o financiamento foi de US$ 802 milhões (cerca de R$
1,796 bilhão pelo câmbio atual). A primeira parte do dinheiro foi
liberada em 2009. Em sua recente visita à ilha, em janeiro, a presidente
Dilma Rousseff anunciou outro financiamento de US$ 290 milhões (cerca
de R$ 650 milhões) para a criação de uma área especial industrial junto
ao porto.
Na ocasião, a presidente lembrou que esse tipo de operação beneficia
empresas brasileiras, é estratégico e gera uma relação “ganha-ganha”,
lembrando que esse financiamento não significa que o país não está
investindo em portos no Brasil. O BNDES não informou o valor total dos
financiamentos em empreendimentos de empresas brasileiras em Cuba.
O governo brasileiro também está apoiando a construção de um grande
porto no Uruguai, que poderá, até, concorrer com terminais do Sul do
Brasil. Embora esse apoio ainda esteja em fase inicial, a operação pode
significar mais um empréstimo do BNDES para alguma construtora
brasileira, e, segundo fontes, o valor do negócio pode chegar a US$ 1
bilhão (R$ 2,24 bilhões).
No momento, o Brasil está apoiando o país vizinho com informações
técnicas, mas operadores portuários brasileiros reclamam dessa parceria,
por se tratar de um concorrente direto dos portos brasileiros, que terá
uma capacidade maior e menos custos burocráticos.
A Odebrecht confirma as negociações para o Projeto de Ampliação e
Modernização da Infraestrutura Aeroportuária de Cuba, mas a empresa não
conseguiu, até o fechamento desta edição, informar detalhes do projeto e
quando as obras devem começar. A empresa divide a liderança no ranking
de financiamento do BNDES nessa modalidade de crédito com a Embraer
desde 2009.
Em 2013, a construtora obteve financiamentos que somam US$ 908 milhões,
abaixo do US$ 1,072 bilhão da Embraer, sendo que esta linha somou, no
total, US$ 2,5 bilhões. No primeiro trimestre de 2014, dos US$ 367,2
milhões liberados nesse tipo de financiamento, a Odebrecht recebeu US$
153 milhões, contra US$ 142 milhões da fabricante de aviões.
A reforma dos aeroportos cubanos é importante para a economia combalida
do país. No ano passado, o setor gerou US$ 1,8 bilhão (R$ 4 bilhões)
para a ilha de 11 milhões de habitantes. No total, entraram no país
2,851 milhões de turistas, número 0,5% acima do registrado no ano
anterior, mas ainda distante da meta de 3 milhões de turistas por ano.
Os canadenses são o principal grupo de turistas do país – com mais de um
milhão de viajantes –, seguidos de residentes do Reino Unido, Alemanha,
França, Argentina, Itália, México, Espanha, Rússia e Venezuela.
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