Suspeito britânico da máfia dos ingressos fugiu, diz polícia.
Raymond Whelan teria fugido do Copacabana Palace para evitar a prisão |
O britânico Raymond Whelan, acusado de ser fornecedor do esquema da
máfia dos ingressos da Copa, está foragido, informou a polícia civil do
Rio de Janeiro.
Whelan é executivo-chefe da Match Services, empresa parceira da Fifa que
detém o direito de venda de ingressos e pacotes da federação. Segundo a
polícia, ele fugiu para evitar a prisão, após a Justiça ter aceitado a
denúncia contra o britânico e outros 11 acusados de integrar o esquema.
A polícia diz que, ao cumprir o mandado de prisão e buscar Whelan em seu
quarto, no hotel Copacabana Palace, recebeu a notícia de que ele teria
saído de lá uma hora antes. Suspeita-se que ele tenha sido avisado com
antecedência.
Whelan nega ter participado da venda ilegal de ingressos. Ele havia sido
detido na segunda-feira, 7 de julho, mas solto com um habeas corpus.
Inquérito
No início do mês, a polícia do Rio afirmara ter desbaratado uma
quadrilha internacional envolvida na venda ilegal de ingressos de quatro
Copas do Mundo, que teria rendido até US$ 90 milhões por torneio.
Há suspeitas de que os envolvidos vendiam ingressos de cortesia dados
pela Fifa a ONGs, federações e jogadores a preços que poderiam chegar a
até R$ 35 mil. A polícia já apreendeu ingressos, máquinas de cartão de
crédito, dinheiro e computadores – 12 pessoas já foram presas.
Segundo o inquérito, o grupo teria atuado em quatro Copas e poderia ter levantado até R$ 200 milhões por torneio.
Em comunicado, a Fifa disse que está colaborando plenamente com as
autoridades brasileiras e fornecerá todos os detalhes solicitados para
auxiliar nesta investigação em andamento.
"A FIFA gostaria de reiterar a sua posição firme contra qualquer forma
de violação da lei criminal e dos regulamentos de emissão de ingressos. A
FIFA está apoiando totalmente as autoridades de segurança nos nossos
esforços conjuntos para reprimir todas as vendas de ingressos não
autorizadas", informa o órgão.
Fofana
Nesta semana, o delegado Fábio Barucke, responsável pelo inquérito,
revelou que Whelan admitiu ter amizade com o franco-argelino Mohamadou
Lamine Fofana, CEO da empresa Atlanta Sportif, uma cliente da Match, e
que seria um dos suspeitos de chefiar a quadrilha.
Fofana foi preso na semana passada em um apartamento do ex-jogador Junior Baiano, na Barra da Tijuca.
Whelan, segundo o delegado, negou que tivesse feito negociações ilegais
para Fofana. "O que não se sustenta (a negação de Whelan) porque temos
muitas evidências que provam o contrário", disse o delegado.
Questionado sobre o papel de Whelan como chefe da quadrilha, o delegado
hesitou. "Nessa altura não dá pra falar nisso. Ele é o facilitador dos
ingressos, é um elo importante entre a quadrilha e Fifa."
Barucke confirmou ainda que o britânico seria acusado pelo artigo 41 do
estatuto do torcedor, ou seja, fornecimento ilegal de ingressos para
cambismo, que daria até 4 anos de prisão, além de associação criminosa.
Ligação
Whelan disse, segundo o delegado, que a Match vendeu ingressos para a
empresa de Fofana, a Atlanta Sportif, mas de maneira totalmente legal.
Mais cedo, a Match Hospitality anunciou que iria bloquear os pacotes
vendidos para a Atlanta Sportif, que incluem reserva em hotéis e
ingressos VIP, e para outras três empresas.
"Em decorrência da prisão de Lamine Fofana, CEO da Atlanta Sportif, por
ligação com revenda ilegal (de ingressos), a Match Hospitality está
cancelando todos os pacotes de hospitalidade comprados pela Atlanta
Sportif para os jogos remanescentes", disse a empresa, em nota.
As outras companhias são Reliance Industries Ltd, Jet Set Sports e Padmodzi.
Em uma nota, o Grupo Match reconheceu que Whelam e Fofana discutiram a
venda em dinheiro de ingressos para a final por US$ 25 mil, mas
ressaltou que, no caso, o valor se referia não apenas a ingressos, mas a
todo um pacote que incluia serviços VIP. A conversa, por telefone, foi
flagrada em gravações da polícia do Rio.
"Os pacotes de hospitalidade foram negociados em dinheiro, o que é
incomum, mas permitido”, diz a nota. "Mas é preciso salientar que o
senhor Whelan não estava ciente do fato de que a Match havia proibido
internamente as vendas ao senhor Fofana."
Investigadores da polícia civil haviam revelado nesta segunda-feira (7
de julho) que a polícia tem recebido ligações de vários países
oferecendo ajuda nas investigações e dizendo que a Match já estava no
radar dessas polícias.
Segundo eles, foram apreendidos nesta semana no quarto de Whelan
telefones e cem ingressos. A polícia pediu imagens do circuito interno
do Copacabana Palace.
Câmera mostra Whelan deixando hotel no Rio
O vídeo abaixo contém as imagens de uma câmera de segurança do hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro.
As imagens mostram o britânico Raymond Whelan, acusado de ser fornecedor
do esquema da máfia dos ingressos da Copa, e seu advogado deixando o
hotel.
O advogado é o homem careca de óculos vestindo um terno preto, que
aparece carregando papéis brancos. Whelan aparece atrás dele, usando uma
camisa azul.
A câmera mostra os dois saindo da área de segurança do Copacana Palace e
Whelan se assenta. Na sequência, ele teria deixado o hotel.
A filmagem da portaria do hotel foi feita às 3:43 PM (horário de
Brasília), um momento anterior ao que a Polícia afirma ter entrado no
quarto deles no hotel.
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