Lucro do Banco do Vaticano cai 97% após reforma do papa Francisco
IOR atribuiu a queda do lucro em 2013 aos custos da reforma e a operações ruins
O lucro líquido do Banco do Vaticano desabou em 2013, ao passar de €
86,6 milhões a € 2,9 milhões (queda de 96,6%), em grande parte pelos
excepcionais custos do processo de reforma, anunciou a instituição em um
comunicado. O Instituto para as Obras de Religião (IOR), o nome oficial
do banco comercial do Vaticano que o papa Francisco decidiu preservar,
mas com uma reforma, anunciou mudanças em sua direção.
O IOR atribuiu a queda do lucro em 2013 aos custos da reforma, mas
também a algumas operações ruins. Entre estas, cita um caso de perda de €
15,1 milhões, sem entrar em detalhes. O cardeal italiano Tarcisio
Bertone, secretário de Estado de Bento XVI, foi criticado pela imprensa
italiana por ter favorecido uma arriscada operação em benefício de um
amigo, produtor de televisão católico, justamente pelo valor de € 15
milhões.
Outra novidade no IOR é que todas as contas de clientes serão
controladas a partir de agora, segundo o comunicado. “Apenas serão
autorizados a ter contas no IOR as instituições católicas, os membros do
clero, os funcionários ou ex-funcionários do Vaticano (para salários e
aposentadorias), as embaixadas e diplomatas credenciados na Santa Sé”.
Em 31 de dezembro de 2013, o IOR tinha 17.419 contas, contra 18.900 em
2012. Destas, 5.043 eram contas de instituições católicas (80% dos
recursos) e 12.376 contas individuais (20%). Além disso, com o início da
“fase II” da reforma, o IOR confirma a chegada de uma nova equipe de
direção, que vai trabalhar com uma nova estrutura de comando.
O alemão Ernst von Freyberg, nomeado por Bento XVI pouco antes de sua
renúncia, deve deixar o cargo. Segundo a imprensa francesa, o favorito
para o cargo é o francês Jean-Baptiste de Franssu, que dirige uma
consultoria de fusões e aquisições, e colabora sem receber nada na
reforma econômica do Vaticano há um ano.
A reforma da controversa gestão das finanças do Vaticano é um dos
maiores desafios para o papa argentino, que prometeu após sua eleição,
em março de 2013, colocar ordem no IOR, com controles mais rígidos na
instituição conhecida pelo envolvimento em vários escândalos de lavagem
de dinheiro.
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