Inflação estoura o teto da meta
estabelecida pelo governo
A inflação oficial no Brasil desacelerou em junho a 0,40 por cento, com
alívio nos preços de alimentos e reforçando as perspectivas de que os
juros não vão subir tão cedo, mas em 12 meses o indicador superou o teto
da meta do governo. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) chegou em 12 meses até junho a 6,52 por cento, acima dos 6,37 por
cento do mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
O percentual ficou acima do teto da meta anual do governo, de 4,5 por
cento, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos. Em 6,52
por cento, no entanto, o Banco Central ainda não teria de fazer
explicações por meio de carta aberta porque adota a metodologia da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para eventualmente
arredondar a segunda casa do IPCA após a vírgula.
A última vez em que houve estouro do teto da meta e que o BC teve de
publicar uma carta aberta foi em 2003, no primeiro ano do governo do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando a alta do IPCA foi de
9,3 por cento. Em maio, o IPCA havia subido 0,46 por cento na base
mensal. A expectativa para junho em pesquisa era de alta de 0,39 por
cento e de 6,50 por cento em 12 meses, na mediana das projeções.
Os grupos que mais contribuíram para a desaceleração da inflação em
junho, segundo o IBGE, foram o de Alimentação e bebidas, com deflação de
0,11 por cento no mês, após ter avançado 0,58 por cento em maio e no
menor resultado desde julho de 2013 (-0,33 por cento). Com isso, o grupo
teve impacto negativo de 0,03 ponto percentual no indicador no mês
passado.
Na ponta oposta, os grupos Transporte e Despesas pessoais mostraram
aceleração nos preços, que foram influenciados pela Copa do Mundo no
Brasil.
O grupo Transporte teve alta de 0,37 por cento, após a queda de 0,45 por
cento em maio. Os preços das passagens aéreas tiveram alta de 21,95 por
cento no mês passado.
Despesas pessoais tiveram inflação de 1,57 por cento em junho, frente ao
0,80 por cento de maio, com o maior impacto individual no IPCA de junho
(0,17 ponto percentual). O grupo foi influenciado pela alta de 25,33
por cento nos preços das diárias de hotéis em junho.
Apesar do nível alto da inflação ainda em 12 meses, o BC vem defendendo
que os efeitos do aperto da política monetária ainda vão se
materializar. A autoridade monetária vê o IPCA fechando este ano com
alta de 6,4 por cento, enquanto economistas consultados na pesquisa
Focus do BC projetam 6,46 por cento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário