quinta-feira, 1 de março de 2012


Polícia Federal prendeu Carlinhos Cachoeira, origem do Mensalão do PT.

Carlinhos  Cachoeira
A Polícia Federal começou a cumprir 82 mandados judiciais, dos quais 35 são de prisões preventivas e temporárias, dentro da Operação Monte Carlo, com o objetivo de desarticular uma quadrilha de exploração de jogos com máquinas caça-níqueis. Entre os presos, está o suposto chefe do esquema, Carlinhos Cachoeira, suspeito de pagar propina a Waldomiro Diniz, então assessor da Casa Civil no começo do governo Lula, escândalo revelado em 2004. Waldomiro Diniz era braço direito do então ministro José Dirceu (chefe da quadrilha do Mensalão do PT, conforme denúncia da Procuradoria Geral da República). Carlinhos Cachoeira foi preso na casa onde mora em Goiânia. O advogado de Cachoeira é Ricardo Sayeg. Em janeiro do ano passado, a Justiça Federal aceitou denúncia do Ministério Público Federal no Distrito Federal contra Waldomiro Diniz e outras sete pessoas, entre as quais Cachoeira, acusadas de tráfico de influência e corrupção durante negociações para renovação do contrato entre a Caixa Econômica Federal e a empresa multinacional de processamento de loterias GTech, em 2003. Os mandados de prisão foram expedidos para serem cumpridos em cinco Estados: Distrito Federal, Goiás, Espírito Santo, Tocantins e Rio de Janeiro. Do total, 37 são relativos a busca e apreensões e outras dez são referentes a condução coercitiva (detidos para esclarecimentos). Segundo a Polícia Federal, o esquema de casas de jogos com máquinas caça-níqueis funcionava havia 17 anos, sob o comando de Carlinhos Cachoeira. De acordo com a superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, o grupo que explorava jogos ilegais tinha cerca de 80 pessoas, das quais 40 agentes públicos (policiais civis, militares e servidores da Justiça) e 40 civis. Durante a operação, foram apreendidas 200 máquinas caça-níqueis, além de documentos e computadores. A Polícia Federal informou que a investigação foi iniciada há 15 meses. Nesse período foi constatada a existência de uma espécie de “franquia” do crime, por meio da qual seriam dadas autorizações para a exploração dos pontos de jogos a donos de galpões clandestinos, localizados em cidades goianas. De acordo com a Polícia Federal, o esquema opera quatro casas de jogos em Valparaíso (GO) e duas em Goiânia. Em uma delas, informou a polícia, o faturamento líquido foi de R$ 3 milhões nos últimos seis meses. O Ministério Público Federal de Goiás afirmou que os policiais ligados à quadrilha recebiam propina para fechar casas de jogos rivais a fim de evitar a concorrência no território dominado pelo suposto esquema. O trabalho incluía ainda, segundo o Ministério Público Federal, “suporte” para garantir o funcionamento das casas de jogos e evitar fiscalizações. “A existência da quadrilha por mais de uma década foi suficiente para montar e organizar uma estrutura estável e entranhada no seio do Estado com, inclusive, a distribuição centralizada de meios de comunicação para o desenvolvimento das atividades, com o objetivo de inviabilizar a interferência das agências sérias de persecução”, afirmaram por meio de nota os procuradores responsáveis pelo caso. Além dos agentes da Polícia Federal, são suspeitos de integrar a rede criminosa membros da Polícia Civil de Goiás e Brasília, Polícia Rodoviária, Polícia Militar de Brasília e servidores da Justiça de Goiás. De acordo com o Ministério Público Federal, a propina era paga aos servidores de acordo com a função. Um soldado da PM, por exemplo, recebia cerca de R$ 200 para fazer a segurança das casas de jogos. Já delegados da PF receberiam R$ 4 mil por mês. “O recrutamento do braço armado do Estado pelo crime tornou, em outras palavras, o Estado e a própria sociedade mais vulneráveis", avaliaram os procuradores.


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