Polícia Federal prendeu Carlinhos Cachoeira, origem do Mensalão do PT.
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Carlinhos Cachoeira |
A Polícia Federal começou a cumprir 82 mandados judiciais, dos quais 35
são de prisões preventivas e temporárias, dentro da Operação Monte
Carlo, com o objetivo de desarticular uma quadrilha de exploração de
jogos com máquinas caça-níqueis. Entre os presos, está o suposto chefe
do esquema, Carlinhos Cachoeira, suspeito de pagar propina a Waldomiro
Diniz, então assessor da Casa Civil no começo do governo Lula, escândalo
revelado em 2004. Waldomiro Diniz era braço direito do então ministro
José Dirceu (chefe da quadrilha do Mensalão do PT, conforme denúncia da
Procuradoria Geral da República). Carlinhos Cachoeira foi preso na casa
onde mora em Goiânia. O advogado de Cachoeira é Ricardo Sayeg. Em
janeiro do ano passado, a Justiça Federal aceitou denúncia do Ministério
Público Federal no Distrito Federal contra Waldomiro Diniz e outras
sete pessoas, entre as quais Cachoeira, acusadas de tráfico de
influência e corrupção durante negociações para renovação do contrato
entre a Caixa Econômica Federal e a empresa multinacional de
processamento de loterias GTech, em 2003. Os mandados de prisão foram
expedidos para serem cumpridos em cinco Estados
: Distrito
Federal, Goiás, Espírito Santo, Tocantins e Rio de Janeiro. Do total, 37
são relativos a busca e apreensões e outras dez são referentes a
condução coercitiva (detidos para esclarecimentos). Segundo a Polícia
Federal, o esquema de casas de jogos com máquinas caça-níqueis
funcionava havia 17 anos, sob o comando de Carlinhos Cachoeira. De
acordo com a superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, o
grupo que explorava jogos ilegais tinha cerca de 80 pessoas, das quais
40 agentes públicos (policiais civis, militares e servidores da Justiça)
e 40 civis. Durante a operação, foram apreendidas 200 máquinas
caça-níqueis, além de documentos e computadores. A Polícia Federal
informou que a investigação foi iniciada há 15 meses. Nesse período foi
constatada a existência de uma espécie de “franquia” do crime, por meio
da qual seriam dadas autorizações para a exploração dos pontos de jogos a
donos de galpões clandestinos, localizados em cidades goianas. De
acordo com a Polícia Federal, o esquema opera quatro casas de jogos em
Valparaíso (GO) e duas em Goiânia. Em uma delas, informou a polícia, o
faturamento líquido foi de R$ 3 milhões nos últimos seis meses. O
Ministério Público Federal de Goiás afirmou que os policiais ligados à
quadrilha recebiam propina para fechar casas de jogos rivais a fim de
evitar a concorrência no território dominado pelo suposto esquema. O
trabalho incluía ainda, segundo o Ministério Público Federal, “suporte”
para garantir o funcionamento das casas de jogos e evitar fiscalizações.
“A existência da quadrilha por mais de uma década foi suficiente para
montar e organizar uma estrutura estável e entranhada no seio do Estado
com, inclusive, a distribuição centralizada de meios de comunicação para
o desenvolvimento das atividades, com o objetivo de inviabilizar a
interferência das agências sérias de persecução”, afirmaram por meio de
nota os procuradores responsáveis pelo caso. Além dos agentes da Polícia
Federal, são suspeitos de integrar a rede criminosa membros da Polícia
Civil de Goiás e Brasília, Polícia Rodoviária, Polícia Militar de
Brasília e servidores da Justiça de Goiás. De acordo com o Ministério
Público Federal, a propina era paga aos servidores de acordo com a
função. Um soldado da PM, por exemplo, recebia cerca de R$ 200 para
fazer a segurança das casas de jogos. Já delegados da PF receberiam R$ 4
mil por mês. “O recrutamento do braço armado do Estado pelo crime
tornou, em outras palavras, o Estado e a própria sociedade mais
vulneráveis", avaliaram os procuradores.
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