Crack atinge 4 mil cidades do Brasil
Consumo da droga se alastra, acarretando problemas de saúde e segurança.
Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostra que há consumo de crack em 4.018 cidades do país. O número corresponde a 90,7% dos 4.430 municípios consultados. O mesmo estudo revela alto consumo de crack em pelo menos 1.078 cidades — ou 24.3% das pesquisadas. Em outros 1.805 municípios o consumo da droga é médio e em 1.135. baixo.
De acordo com os números, os níveis de consumo do crack aproximam-se dos patamares alcançados por outras drogas. Juntas, elas apresentam alto consumo em 1.110 cidades — o correspondente a 25% do total pesquisado. As outras drogas estão presentes em pelo menos 4.098 municípios brasileiros — 92.5% das consultadas.
Das cidades analisadas. 63.7% enfrentam problemas na área da saúde em decorrência do consumo de crack. A fragilidade da rede de atenção básica aos usuários, a falta de leitos para a internação, o espaço físico inadequado, a carência de remédios e a falta de profissionais capacitados para lidar com dependência química são os principais entraves apontados.
Policiamento é falho nas áreas vulneráveis
Em 58.5% dos municípios, o crack gera crise na segurança. Nesses locais, há aumento de furtos, roubos, violência, assassinatos e vandalismo. Também há relatos de falta de policiamento em áreas vulneráveis. Em 44,6% das cidades consultadas, o problema maior é na assistência social.
Para o presidente da CNM. Paulo Ziulkoski. um dos grandes responsáveis pelo alastramento do crack é a falta de controle nas fronteiras do país:
— O efetivo policial é pequeno, mal remunerado e pouco treinado para enfrentar a dinâmica do tráfico de drogas.
Ele também aponta a falta de fiscalização química na venda de matérias primas para a produção da droga.
—A grande questão é a fiscalização da vencia desses produtos, que atualmente é feita de maneira insuficiente— afirmou Ziulkoski.
O presidente da CNM cobrou da União e dos governos estaduais uma política eficaz de enfrentamento da droga.
— Não há fonte de financiamento e não há discussão — reclamou. — Faltam vontade política e dinheiro.
Segundo o CNM. dos RS124 milhões destinados no Orçamento da União de 2010 para combater o crack. apenas RS5 milhões foram gastos. A entidade informou que. neste ano. a União destinou RS33 milhões ao enfrentamento da droga. Até agora, apenas RS4.7 milhões teriam sido gastos. Ziulkoski também criticou o orçamento dos estados. Neste ano. teriam sido destinados ao combate do crack RS23 milhões, dos quais RS10 milhões seriam só para o Rio Grande do Sul.
Segundo o estudo, apenas 548 cidades contam com um Conselho Municipal Antidrogas. Há Centros de Referência de Assistência Social (Cras) em 1.371 cidades e Centros de Referência Especializados da Assistência Social (Creas) em 417. Os dados da pesquisa foram enviados pelas secretarias de Saúde dos municípios.
Ziulkoski informou que. até abril, a CNM vai divulgar a segunda etapa da pesquisa, com o número de usuários de crack no Brasil. O presidente da entidade informou que. em levantamento parcial, já foram identificados 70 mil usuários, dos quais 18 mil estão sob tratamento.
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