sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Banco Central preocupado com dívidas das empresas em dólar e com a inflação
Após o governo adotar medidas ao longo do ano para tentar reverter a trajetória de queda do dólar, o Banco Central agiu para conter a valorização da moeda. Segundo especialistas, o Banco Central agiu porque uma elevação forte e abrupta da taxa de câmbio traz riscos paras as empresas, que carregam dívidas em dólar. A volatilidade acentuada da divisa também dificulta o planejamento das companhias, dizem. Além disso, destacam, o Banco Central busca limitar o impacto da alta do dólar na inflação. "O Banco Central deixou claro hoje que está preocupado com a desvalorização muito rápida do real", disse Carlos Langoni, ex-presidente da instituição. A forte alta da taxa de câmbio tem impacto imediato sobre as dívidas das empresas em dólar, observa Langoni. Segundo ele, isso pode afetar negativamente a atividade econômica ao obrigá-las a rever seus planos de investimento, para manter o pagamento dos empréstimos. Segundo dados do Banco Central, a dívida externa das empresas brasileiras soma US$ 94,9 bilhões. Embora a alta do dólar eleve a competitividade do produto nacional, variações muito fortes da moeda não beneficiam as empresas, afirma Julio Gomes de Almeida, consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). A intervenção do Banco Central para limitar a alta do dólar visa conter os impactos na inflação. Os preços em reais de produtos como soja, milho e café já estão mais altos do que no início de agosto. Se o dólar ficar em R$ 1,70, em média, até dezembro, ele projeta que a inflação fecha o ano em 7,2%, bem acima do teto da meta do Banco Central, de 6,5%.
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