Presença silenciosa das filhas de Chávez alimenta rumores sobre seu poder
Mais próximas do pai após o diagnóstico de câncer, Rosa Virgínia e María Gabriela controlariam acesso ao presidente venezuelano.
Desde que revelou que tem câncer, em junho, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, aparece cada vez mais ao lado das filhas mais velhas.
Elas se postam ao seu lado, como guardiãs. Viajam com ele a Cuba para o tratamento. Franzem a testa quando ele exagera nas aparições públicas. Tomam-no pela mão, sorriem quando aludidas, mas nunca discursam.
Os holofotes aumentaram a curiosidade sobre a vida privada (ou nem tanto) de Rosa Virgínia, 34, e María Gabriela, 31, filhas do primeiro casamento do mandatário.
A imprensa local especula se as meninas do presidente têm algum poder. Como pressionam o pai para cumprir estritamente a agenda do tratamento, poderiam filtrar o acesso desse ou daquele ministro ao presidente. Tampouco seriam neutras em relação às facções do chavismo.
Chávez fez questão de enfatizar o papel de María em sua decisão de contar pessoalmente à população, pela TV, sobre sua doença.
Rosa Virgínia, formada em Relações Internacionais, é casada desde 2007 com Jorge Arreaza, vice-ministro de Ciência e Tecnologia.
Filho da elite caraquenha e parente de um rival de Chávez, o empresário Alberto Ravell, acionário da TV oposicionista Globovisión, Arreaza é chefe do PSUV, o partido governista, no tema "formação ideológica". Chávez o chama de "filho político".
Pouco se sabe sobre a vida amorosa atual de María Gabriela. Ela faz com frequência o papel de primeira-dama em viagens e cerimônias -Chávez se divorciou da segunda mulher em 2002.
Em 2009, o presidente disse na TV, orgulhoso, que María era "companheira" do médico Pablo Allende, neto do presidente socialista chileno Salvador Allende (1908-1973). A família Allende limitou-se a dizer que a vida do neto militante era assunto privado.
A doença de Chávez também pôs em evidência sua reaproximação com a caçula, Rosinés, 13, filha do segundo casamento. O presidente chegou a iniciar uma disputa pela guarda da menina. Depois de um período de desavenças, que incluiu a candidatura de sua ex-mulher Marisabel Rodríguez a prefeita pela oposição em 2008, a situação se acalmou. Na foto da família, reluz, porém, a ausência de Hugo Rafael, 26, único filho de Chávez. O mandatário o cita pouco e ele tem poucas aparições em eventos oficiais.
"Para mim é estranhíssimo que ele não cite o filho. Parece que o menino foi tragado pela terra", diz Cristina Marcano, coautora da biografia "Chávez sem Uniforme" (Gryphus, 2006).
Sabe-se que Huguito prefere futebol, e não beisebol, como o presidente. No livro de Marcano, ex-companheiros de Chávez dizem que o filho tinha problemas com o pai e com a ex-madrasta. Vários integrantes da família Chávez ocupam cargos políticos por nomeação ou eleição.
Pode ser um destino para as meninas do presidente?
Marcano acha improvável. "Seria uma surpresa para mim e para muita gente, se isso acontecesse. Elas não falam, não discursam."
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