terça-feira, 12 de julho de 2011

MPF apura o interesse do BNDES no Pão de Açúcar

O Ministério Público Federal instaurou, em Brasília, procedimento para apurar o envolvimento do BNDES na fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour.
A Procuradoria deseja saber se a participação do banco oficial na negociação está escorada no interesse público.
Quer saber também de onde virá o dinheiro que o BNDES cogita injetar no negócio. Coisa de até R$ 4,5 bilhões, segundo já admitido pelo governo.
Embora centrado inicialmente na fusão da empresa de Abílio Diniz com o grupo francês, o procedimento da Procuradoria tem objetivos mais amplos.
Pode resultar numa investigação de toda a carteira de investimentos e empréstimos do BNDES a empresas privadas.
Inaugurada há cinco dias, a apuração foi veiculada na segunda-feira -11 de julho - na página eletrônica da Procuradoria da República no Distrito Federal.
Foram expedidos dois ofícios. Um para o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Outro para o Secretário Federal de Controle Interno da Controladoria Geral da União (CGU), Valdir Agapito Teixeira.
Entre os questionamentos dirigidos a Coutinho estão os seguintes:
1. Qual é a modalidade de apoio financeiro requerida pelo Grupo Pão de Açúcar na pretendida fusão com o Carrefour?
2. O grupo atende aos requisitos mínimos para pleitar o financiamento?
3. Quais os critérios para a adoção de prioridades nos investimentos do BNDESPar?
4. De onde provêm e como serão captados os recursos a serem utilizados no negócio?
O governo sustenta que, caso o BNDES resolva participar da fusão, o dinheiro não será público.
O BNDES não se limitaria a emprestar dinheiro. Entraria como sócio da nova empresa, adquirindo participação acionária.
No ofício enviado ao secretário de controle Valdir Teixeira, indaga-se:
A Controladoria Geral da União já realizou auditoria no BNDESPar para esquadrinhar os financiamentos concedidos a empresas privadas?
As duas autoridades terão 15 dias para prover as respostas. O prazo começa a ser contado a partir do recebimento das correspondências.
Ao se mexer, a Procuradoria oferece uma razão adicional ao governo para recuar da intenção de envolver o BNDES numa batalha empresarial.
Sócio de Abílio Diniz no Pão de Açúcar, o grupo francês Cassino enxerga na fusão com o Carrefour uma espécie de golpe corporativo.
Por força de contrato, o Cassino deve assumir o comando do Pão Açúcar em 2012. Se vingar a fusão, o documento vira fumaça.


PS: O governo brasileiro vai retirar seu apoio à união entre Pão de Açúcar e os ativos do Carrefour no Brasil, disse uma fonte do governo. O BNDES originalmente concordou em ajudar a financiar o acordo com R$ 3,8 bilhões. Mas o forte protesto contra a transação vindo do grupo varejista francês Casino, que divide o controle do Pão de Açúcar e é ferrenho concorrente do Carrefour na França, trouxe cautela ao governo sobre o caso. Pela proposta que tem sido defendida pelo presidente do conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar, Abilio Diniz, o BNDESPar, braço de participações do banco de fomento, entraria com 1,7 bilhão de euros (R$ 3,8 bilhões) na operação, enquanto o BTG Pactual participaria com 800 milhões de euros (R$ 1,8 bilhão)

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