Secretário-executivo do ministério dos Transportes, o economista Paulo Sérgio Passos responderá interinamente pela pasta até a escolha do novo titular.
Funcionário de carreira do Planejamento, Paulo Passos serve no ministério desde o governo tucano de FHC.
Foi o segundo do ex-deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS), que comandou os Transportes de 1997 a 2001.
A exemplo do que ocorre agora, a gestão de Padilha também conviveu com suspeitas de superfaturamento de obra.
Porém, a fama de Paulo Passos sobreviveu à suspeição. Ele é tido como uma das maiores autoridades do país em transportes públicos.
Graças à reputação, Paulo Passos voltou à poltrona de secretário-geral dos Transportes sob Lula. Tornou-se o segundo de Alfredo Nascimento.
Virou ministro sempre que Nascimento teve de se desligar do ministério para disputar eleições, em 2006 e 2010.
Em janeiro de 2011, depois que Dilma reconduziu Nascimento ao comando do ministério, Paulo Passos retornou à secretaria-geral.
Uma hora antes da divulgação da carta de demissão de Nascimento, Dilma chamou Paulo Passos ao Planalto.
Repassou a ele instruções sobre a interinidade. O PR cobra de Dilma a nomeação de outro ministro de suas fileiras.
Paulo Passos filiou-se ao PR no ano passado. Mas a legenda não o vê como seu representante. A cúpula do PR tem pressa. Dilma, nem tanto.
Dilma fala em efetivar interino e cúpula do PR diz não
Consumada a queda de Alfredo Nascimento, Dilma Rousseff sinalizou a intenção de alçar ao posto de ministro dos Transportes o segundo da pasta, Paulo Sérgio Passos.
Informada sobre os planos da presidente, a cúpula do PR mandou dizer que não aceita. O partido considera-se no “direito” de indicar o sucessor de Nascimento.
Porém, sob intensa disputa interna, o partido de Nascimento não produziu um nome de consenso. Chegaram aos ouvidos de Dilma quatro opções. Nenhuma agradou.
Nos próximos dias, segundo disse em privado, Dilma tentará “criar condições políticas” para efetivar o interino.
Embora tenha se filiado ao PR no ano passado, Paulo Passos é um técnico. Graduou-se economista na Universidade Federal da Bahia. Pós-graduou-se na FGV.
Egresso do Planejamento, é considerado um especialista no setor de Transportes. Ganhou visibilidade sob FHC e foi aproveitado sob Lula.
Dilma gosta de Paulo Passos. Considera-o discreto e eficiente. Enxerga nele a perspectiva de retomar o controle da pasta, higienizando-a.
Dilma tenta consolidar Paulo Passos sem perder os votos do PR: 40 na Câmara e seis no Senado.
Pelas mesmas razões, o PR torce o nariz para Paulo Passos. Não se dispõe, por ora, a avalizá-lo. O partido divide-se entre quatro opções:
1. César Borges - cristão novo no condomínio governista. Nasceu para a política como cria de Antonio Carlos Magalhães (morto em 2007).Os dois nomes que emergiram com mais força foram o do ex-senador César Borges (PR-BA) e o do senador Blairo Maggi (PR-MF). Ambos já governaram seus Estados.
Eleito senador em 2002, César integrava as fileiras do DEM, sucedâneo do PFL. Antes de migrar para o PR, ajudou a enterrar no Senado a CPMF.
Foi às eleições de 2010 como um neogovernista. Mas distanciou-se de Dilma ao disputar a reeleição ao Senado na chapa de Geddel Vieira Lima (PMDB), derrotado por Jaques Wagner (PT) na briga pelo governo baiano.
2. Blairo Maggi - pesa o fato de ser o padrinho político de Luiz Antonio Pagot, o diretor-geral do Dnit que acaba de cair em desgraça.
Entre todos os personagens da atual crise, Pagot foi o que mais tirou Dilma do sério. Para driblar a decisão da presidente de afastá-lo do cargo, saiu em férias.
Nas palavras de um auxiliar de Dilma, acomodar Blairo na cadeira que Nascimento acaba de desocupar seria o mesmo que “trocar seis por meia dúzia”.
3. Clésio Andrade - senador PR-MG, presidente da Confederação Nacional dos Transportes. Além de não ser do agrado de Dilma, não une o partido.
4. Luciano Castro - deputado PR-RR, ex-líder do partido na Câmara, achega-se à disputa como preferido de Valdemar Costa Neto (PR-SP).
O mesmo Valdemar a quem se atribui o comando do esquema que trocava obras por propinas sob Nascimento. Dilma quer distância de Valdemar, réu no processo do mensalão.
De volta ao Senado, Alfredo Nascimento retomará a presidência do PR, posto do qual estava licenciado.
Em diálogos com seus correligionários, Nascimento avisou: não abre mão de coordenar a própria sucessão no Ministério dos Transportes.
Atualização: PR vai indicar senador Blairo Maggi para ocupar Transportes
Nome foi fechado em um encontro entre os líderes. Ex-ministro Nascimento ficará de fora das negociações com Dilma Rousseff.
Os líderes das bancadas do PR no Congresso decidiram na tarde de quinta-feira - 7 de julho - indicar o senador Blairo Maggi (MT) para comandar o Ministério dos Transportes.
O nome de Maggi foi definido em um encontro, que teve a presença além do próprio Maggi, do ex-ministro Alfredo Nascimento e dos líderes do PR no Senado, Magno Malta (ES), e na Câmara, Lincoln Portela (MG).
“O Blairo é o número um da lista do partido. É claro que a decisão é da presidente Dilma, mas os sinais que o governo deu é de que o PR poderia fazer a indicação. E vamos levar para ela [Dilma] o nome do Blairo”, afirmou Portela.
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