segunda-feira, 4 de julho de 2011

Caso Strauss-Kahn: na França, socialistas falam em reabilitar DSK para eleição.
Aliados comemoram resultados da primeira pesquisa de opinião sobre o caso - em que ex-diretor do FMI tem apoio de 49% dos franceses para voltar à política

Políticos socialistas da França denunciaram as possíveis conexões políticas nas acusações de agressão sexual em Nova York contra Dominique Strass-Kahn. Se absolvido em definitivo, o ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) ainda pode ser o candidato socialista à eleição presidencial da França em 2012. Os partidários de Strauss-Kahn - que recebeu da justiça de Nova York a liberdade sob palavra e agora pode viajar sem sair do país - comemoraram os resultados da primeira pesquisa sobre o tema: a metade da população francesa (49% contra 45%) é favorável ao retorno do ex-diretor do FMI ao cenário político.
Além do alívio, alguns socialistas começaram a falar, cautelosamente, em hipóteses de possíveis armações na acusação contra Strauss-Kahn. O deputado François Loncle sugeriu a hipótese de "conexões" entre o grupo hoteleiro francês Accor, proprietário do Sofitel de Manhattan onde ocorreu a suposta agressão sexual, e "alguns escritórios franceses" de inteligência. "Não está totalmente claro o comportamento dos dirigentes do Sofitel e do grupo Accor. Pode ter havido conexões entre o grupo Accor, antes e depois do caso talvez com alguns escritórios franceses", declarou ele à rádio France-Inter, cobrando respostas precisas às dúvidas.
"Quem foi contactado em Paris pela equipe do Sofitel? Quem chamou os serviços de Inteligência interior (DCRI)? Por que o hotel disse que a empregada era exemplar?", questiona. Segundo fontes próximas ao caso, a Presidência francesa foi alertada pela Accor da detenção de Dominique Strauss-Kahn na noite de 14 de maio. Uma hora depois da prisão, a direção do Sofitel Nova York avisou ao grupo Accor, às 23h45 de Paris, que imediatamente alertou Ange Mancini, coordenador nacional dos serviços de inteligência na presidência francesa, segundo uma das fontes. Para Michèle Sabban, socialista aliada de Strauss-Kahn, o caso é nebuloso.
O Palácio do Elíseu se recusou a comentar, enquanto o grupo hoteleiro Accor negou formalmente qualquer intervenção de seus dirigentes no caso, considerando que as declarações de vários amigos de Strauss-Kahn poderiam ser "difamatórias". O escritório de inteligência DCRI afirmou, por sua vez, que jamais tratou do caso de Strauss-Kahn. O também socialista Pierre Moscovici, muito próximo de Strauss-Kahn, preferiu falar de "farsa" ao invés de "complô", enquanto outros, como o primeiro secretário interino do partido, Harlem Desir, optaram pela prudência. Todos, porém, são unânimes numa coisa: Strauss-Kahn, pode, sim ser candidato.
Se o ex-diretor do FMI for liberado de todas as suspeitas, ele deve voltar para a França para se inscrever nas eleições primárias do partido, até o dia 13 de julho. A votação está marcada entre os dias 9 e 16 de outubro. A próxima audiência no tribunal de Nova York será no dia 18 de julho, mas os três candidatos socialistas anunciaram que não seriam contra o adiamento da data de apresentação da candidatura. Assim como François Hollande, Segolene Royal, a candidata derrotada por Sarkozy na eleição presidencial de 2007, disse que para ela isso não era um problema. "Ninguém será contra", disse outra pré-candidata do partido, Martine Aubry.

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