terça-feira, 28 de junho de 2011
Políbio Braga
Saiba por que a proposta de reforma do sistema público de previdência vai apenas confiscar salários dos servidores
Apesar das caras páginas coloridas que pagou nos jornais desta segunda-feira para defender o Pacotarso (90% do espaço foi dedicado à defesa do confisco de salários dos servidores) o governo estadual gaúcho não ofereceu novamente uma única linha para esclarecer dois pontos decisivos sobre os dois projetos que mexem no sistema estatal de previdência do funcionalismo:
1) Onde estão os cálculos atuariais - se é que existem - que comprovam que o aumento da alíquota de contribuição, que passaria de 11% paras 16,5%, resolveria o problema do déficit atual anual, calculado pelo governo em R$ 5 bilhões ?
2) Que tipo de auditoria o governo promoveu ou pretende promover, para identificar os responsáveis pelo falido sistema estatal de previdência estadual do Rio Grande do Sul ?
. 16,5% seria a maior alíquota do gênero entre todos os sistemas estatais estaduais de previdência do Brasil. Sem cálculos atuariais e sem auditoria, o dinheiro adicional será esterilizado no caixa do Tesouro, como foi antes, no governo Rigotto, quando ela pulou de 5,4% para 11%.
. Trata-se de um confisco puro e simples. O governo quer tomar dinheiro dos servidores para cobrir despesas que não contém e não quer conter - e investimentos perdulários que nem são de sua competência, como alojar 100 mil sem-terras (proposta do governo no Conselhão), responsabilidade primária do governo federal e não do Piratini.
. Nem um só ente privado ou público responsável, atrever-se-ia a confiscar dinheiro dos seus empregados, para cobrir um rombo sobre o qual ele desconhece o tamanho e ignora a melhor equação para resolvê-lo.
. É por isto que a enorme carga publicitária veiculada em jornais, rádios e Internet, desde esta segunda-feira, apela apenas para a compreensão do distinto público, usando uma mensagem recheada de inverdades e meias-verdades.
. O artigo assinado pelo governador Tarso Genro neste domingo ("Destino e utopia") pelo menos coloca a questão unicamente no campo da ideologia da esquerda mais atrasada, ao reduzir todo o debate atual a uma delirante luta de classes, desta vez entre os servidores ricos (quem ganha mais de R$ 3.860,00 por mês), acusado de direitista insensível, desta vez aliado aos detentores do capital financeiro, que são os que mais recebem benefícios e mais apóiam o PT neste momento.
. Nas vezes em que o PT pode contribuir para a solução do problema, resolveu insurgir-se ferozmente contra as propostas, ajudando a sepultá-las. Isto ocorreu nos governos Britto e Yeda Crusius.
. No Rio Grande do Sul, juízes, procuradores, oficiais, delegados, defensores públicos e servidores altamente qualificados, ficaram sabendo pela pena do governador Tarso Genro, que não passam de cruéis direitistas "inimigos do povo". Como se sabe, o sr. Tarso Genro é o único real "amigo do povo", como demonstrou recentemente no caso do sr. Cesare Battisti.
O artigo do governador Tarso Genro, publicado no jornal Zero Hora de domingo - 26 de junho. As anotações são de Políbio Braga. - clique -
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