Josias de Souza
Agora um sem-avião, Lula redescobre vôo de carreira
Presidente, Lula governou como um símbolo. Ex-presidente, serve-se da condição de símbolo para manter certos privilégios.
Foi como símbolo que usufruiu, já sem amparo legal, da hospitalidade do ‘Exército’s Inn’, no Guarujá.
Lula está, agora, na bica de inaugurar a segunda fase de sua ex-presidência. Segundo diz, vai “correr o país” depois do Carnaval.
De símbolo, o ex-soberano vai virar sua própria estátua. Irá de Estado em Estado, como um monumento à espera da adoração coletiva.
Autoconvertido numa espécie de neo-Padre Cícero itinerante, a estátua ofereceu, na quarta-feira (9), uma prévia do que está por vir.
Os passageiros do voo da Gol que decolou às 14h53 de São Paulo para Brasília tornaram-se testemunhas involuntárias desse novo Lula.
Depois de oito anos voando em aeronaves da FAB e no AeroLula, o símbolo “redescobriu” o avião de carreira.
Para evitar tumultos no aeroporto de Congonhas, a Gol providenciou um embarque especial. A estátua foi acomodada na aeronave antes dos passageiros mortais.
Lula foi a Brasília para participar dos festejos do 31º aniversário do PT. Será devolvido à condição de presidente de honra da legenda.
Agora um sem-avião, o ex-soberano submeteu-se ao vôo regular por tática, não por precisão.
Dias atrás, fora ao Senegal em jatinho particular, emprestado pelo ex-vice-presidente José Alencar.
Na viagem à Capital, poderia ter renovado o empréstimo ou requisitado ao PT o aluguel de avião particular. Porém...
Porém, o símbolo já não consegue conter o desejo de passar à fase de estátua. Quer ser cultuado, tocado e, sobretudo, desejado como alternativa futura.



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