quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Suprema Corte demonstra que a Justiça “tarda”



Dias Toffoli


O Supremo Tribunal Federal demonstrou na quinta-feira (03.nov.2016) que a Justiça não é apenas cega. Sua balança está desregulada. E a espada perdeu o fio. Formou-se no plenário do Supremo uma maioria de seis votos a favor do entendimento segundo o qual réus não podem ocupar cargos situados na linha de sucessão da Presidência da República. Porém, antes que o veredicto pudesse ser proclamado um dos ministros, Dias Toffoli, pediu vista do processo. Adiou-se o desfecho do caso para uma data indefinida.
Costuma-se dizer que os ministros do Supremo estão sentados à direita de Deus. No caso de Toffoli, ficou entendido que, o ministro está sentado ao lado de alguém que se considera acima de Deus. O adiamento do anúncio do veredicto que veta a presença de réus em cargos que podem levar seus ocupantes ao exercício da Presidência beneficiou uma única e suprema divindade: o presidente do Senado Federal.
Ao protelar o veredicto, o Supremo estendeu um tapete vermelho para que Renan Calheiros desfile seu rastro pegajoso de processos no comando do Senado até fevereiro de 2017, quando termina sua presidência. O senador responde a 12 processos no Supremo. Uma denúncia que poderia convertê-lo em réu aguarda por um julgamento há 3 anos e 8 meses.
Ao poupar Renan, o Supremo ajuda o investigado. Socorre também o governo Michel Temer, que trata o encrencado como herói das reformas no Senado. A Suprema Corte só não ajuda à sociedade brasileira, atormentada pela constatação de que a Justiça tarda, mas não chega.


Procuradoria denuncia 443 ex-deputados por ‘farra das passagens’ na Câmara — são acusados por peculato em caso de 2009



Ciro Gomes
A Procuradoria da República da 1ª Região, com sede em Brasília, denunciou na sexta-feira (28.out.2016) 443 ex-deputados federais que tiveram o nome envolvido no escândalo conhecido como a “Farra das Passagens Aéreas” por uso indevido de dinheiro público. Os ex-parlamentares são acusados por peculato — desvio de dinheiro público em proveito próprio ou de terceiros — com pena de 2 a 12 anos de prisão. Eles só se tornarão réus, entretanto, caso a Justiça acolha a denúncia da Procuradoria. As acusações contra os ex-deputados estão distribuídas em 52 denúncias subscritas pelo procurador Elton Ghersel.
Caberá ao relator, o desembargador Olindo Menezes, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região receber ou rejeitar a acusação da Procuradoria.
A iniciativa da Procuradoria, tomada sete anos após o escândalo vir à tona, atinge entre outros o hoje secretário do Programa de Parcerias de Investimentos do governo Temer, Moreira Franco, o prefeito reeleito de Salvador, ACM Neto (DEM), o ex-ministro Ciro Gomes — que tenta viabilizar sua candidatura à Presidência da República em 2018, e os ex-deputados Antonio Palocci (PT) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) — ambos presos na Operação Lava Jato.

“Farra das Passagens” — O escândalo veio à tona em 2009, quando foi revelado que parlamentares usavam suas verbas de passagem aérea para custear viagens particulares no Brasil e no exterior — deles, de parentes e de outras pessoas.
Relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) afirmou, na ocasião, “ser flagrante que a utilização de passagens aéreas para viagens de férias com a família e turismo internacional, como nos casos reportados pela imprensa, caracteriza afronta aos princípios da legalidade, da moralidade e da impessoalidade”.
Apesar disso, nenhum parlamentar foi punido. Na ocasião, o argumento dos congressistas foi o de que não havia, entre as normas que regulavam o uso da cota, uma vedação explícita à prática. Os únicos efeitos foram a edição de regra proibindo a doação dos bilhetes aéreos para parentes e terceiros, além da divulgação dos dados sobre o uso das passagens na internet.
O presidente da República, Michel Temer, comandava a Câmara na ocasião e também teve seu nome envolvido no escândalo. Ele usou sua cota para viagem de turismo a Porto Seguro (BA) com a mulher, familiares e amigos. À época Temer afirmou que “o crédito era do parlamentar, inexistindo regras claras definindo os limites da sua utilização”.
Temer e outros atuais deputados que também usaram a cota para fins particulares, porém, só podem ser alvos de investigação da Procuradoria-Geral da República devido ao foro privilegiado vinculado aos cargos que ocupam.

A defesa — Ciro Gomes disse que a acusação contra ele “é uma mentira, cabalmente esclarecida à época”. Após o seu nome ser citado, a TAM afirmou em 2009 que errou na cobrança das passagens aéreas dele e de sua mãe, Maria José Gomes, para um voo de São Paulo para Nova York. A companhia aérea afirmou ter inadvertidamente cobrado as passagens da mãe da cota do deputado.

Moreira respondeu por meio de sua assessoria de imprensa que não fez uso indevido da verba e que isso ficará claro.

ACM Neto classificou a denúncia como “descabida, improcedente e inaceitável”. A defesa do prefeito reeleito de Salvador afirmou que, na época, o caso foi arquivado no STF (Supremo Tribunal Federal) a pedido do próprio Ministério Público, “que reconheceu que não houve nenhum crime”. “Já ficou comprovado que não houve crime. Se o STF já arquivou a ação, tenho certeza que vai acontecer a mesma coisa na instância inferior”, disse.

VEJA A LISTA COMPLETA DOS EX-DEPUTADOS DENUNCIADOS
1. Abelardo Luiz Lupion Mello
2. Acélio Casagrande
3. Agnelo Santos Queiroz Filho
4. Airton Bernardo Roveda
5. Albano do Prado Pimentel Franco
6. Albérico de Franca Ferreira Filho
7. Alceni Ângelo Guerra
8. Alceste Madeira de Almeida
9. Alceu de Deus Collares
10. Alexandre Aguiar Cardoso
11. Alexandre José dos Santos
12. Alexandre Silveira de Oliveira
13. Aline Lemos Correa de Oliveira Andrade
14. Almerinda Filgueiras de Carvalho
15. Almir Morais Sá
16. Almir Oliveira Moura
17. Ana Isabel Mesquita de Oliveira
18. Ana Maria Quintans Guerra de Oliveira
19. André Luiz Costa De Souza
20. André Luiz Vargas Ilário
21. André Zacharow
22. Andreia Almeida Zito dos Santos
23. Ângela Regina Heinzen Amin Helou
24. Ângelo Carlos Vanhoni
25. Anivaldo Juvenil Vale
26. Anselmo de Jesus Abreu
27. Antônia Magalhães da Cruz
28. Antônio Carlos Biffi
29. Antônio Carlos Pannunzio
30. Antônio Carlos Peixoto de Magalhães Neto
31. Antônio Carlos Silva Biscaia
32. Antônio Charles Lucena de Oliveira Mello
33. Antônio da Conceição Costa Ferreira
34. Antônio Elbano Cambraia
35. Antônio Eudes Xavier
36. Antônio Eustáquio Andrade Ferreira
37. Antônio Ferreira da Cruz Filho
38. Antônio José Castelo Branco Medeiros
39. Antônio Marcelo Teixeira Sousa
40. Antônio Palocci Filho
41. Antônio Roberto Soares
42. Aparecida Maria Borges Bezerra
43. Aracely de Paula
44. Armando Abilio Vieira
45. Arnaldo Franca Vianna
46. Ary Kara José
47. Asdrubal Mendes Bentes
48. Astrobaldo Fragoso Casara
49. Athos Avelino Pereira
50. Augusto Cesar Cavalcante Farias
51. Ayrton Alvarenga Xerez
52. Benedito de Carvalho Sá
53. Bernardino Barreto de Oliveira
54. Bernardo Ramos Ariston
55. Bruno Campelo Rodrigues de Souza
56. Camilo Cola
57. Cândido Elpidio de Souza Vaccarezza
58. Carlito Merss
59. Carlos Alberto Cavalcante de Souza
60. Carlos Alberto de Sousa Rosado
61. Carlos Alberto Leréia da Silva
62. Carlos Alberto Moreira de Mendonça Canuto
63. Carlos Augusto Abicalil
64. Carlos Augusto Alves Santana
65. Carlos Daudt Brizola
66. Carlos Eduardo Torres Gomes
67. Carlos Eduardo Vieira da Cunha
68. Carlos Fernando Coruja Agustini
69. Carlos Frederico Theodoro Nader
70. Carlos Marques Dunga
71. Carlos Orleans Brandão Júnior
72. Carlos Roberto Massa Junior
73. Carlos William de Souza
74. Celcita Rosa Pinheiro da Silva
75. Cezar Augusto Carollo Silvestri
76. Cezar Augusto Schirmer
77. Ciro Ferreira Gomes
78. Ciro Francisco Pedrosa
79. Clair da Flora Martins
80. Cláudio Antônio Vignatti
81. Cláudio Castanheira Diaz
82. Cláudio Magrão de Camargo Cre
83. Cleuber Brandão Carneiro
84. Clóvis Antônio Chaves Fecury
85. Clóvis de Jesus Savalla Correa Carvalho
86. Colbert Martins da Silva Filho
87. Cristiano Matheus da Silva e Sousa
88. Custódio Antônio de Mattos
89. Darci Martins Coelho
90. Denise Frossard Loschi
91. Devanir Ribeiro
92. Dilto Vitorassi
93. Djalma Vando Berger
94. Domingos Francisco Dutra Filho
95. Edgar Moury Fernandes Sobrinho
96. Edigar Evangelista dos Anjos
97. Edilberto Afonso de Moraes Junior
98. Edmar Batista Moreira
99. Edmílson José Valentim dos Santos
100. Edna Bezerra Sampaio Fernandes
101. Edson Aparecido dos Santos
102. Edson Ezequiel de Matos
103. Edson Gonçalves Duarte
104. Edson Santos de Souza
105. Eduardo Alves de Moura
106. Eduardo Cosentino da Cunha
107. Eduardo Francisco Sciarra
108. Eduardo Seabra da Costa
109. Edvaldo Baião Albino
110. Eliene José de Lima
111. Elimar Maximo Damasceno
112. Elismar Fernandes Prado
113. Emanuel Fernandes
114. Ênio César Cesilio
115. Enio Egon Bergmann Bacci
116. Enivaldo Ribeiro
117. Érico da Silva Ribeiro
118. Ernandes Santos Amorim
119. Etivaldo Vadão Gomes
120. Eugênio Rabelo
121. Evandro Costa Milhomen
122. Fábio Loureiro Souto
123. Fábio Rodrigues de Oliveira
124. Fátima Lúcia Pelaes
125. Félix de Almeida Mendonça
126. Fernando Antônio Folgado Gonçalves
127. Fernando Barrancos Chucre
128. Fernando Dantas Ferro
129. Fernando Lopes de Almeida
130. Fernando Melo da Costa
131. Fernando Paulo Nagle Gabeira
132. Fernando Ricardo Galbiati Estima
133. Fernando Stephan Marroni
134. Filipe de Almeida Pereira
135. Flávio Bezerra da Silva
136. Florisvaldo Fier
137. Francineto Luz de Aguiar
138. Francisco Almeida Lima
139. Francisco Antônio Sardelli
140. Francisco Ariosto Holanda
141. Francisco de Assis Rodrigues
142. Francisco Ednaldo Praciano
143. Francisco Eduardo Aniceto Rossi
144. Francisco Garcia Rodrigues
145. Francisco Gomes de Abreu
146. Francisco Gonçalves Filho
147. Francisco Marcelo Ortiz Filho
148. Francisco Octavio Beckert
149. Francisco Sérgio Turra
150. Frankembergen Galvão Da Costa
151. Gastão Dias Vieira
152. Geraldo Magela Pereira
153. Geraldo Roberto Siqueira de Souza
154. Geraldo Simões de Oliveira
155. Geraldo Tenuta Filho
156. Geraldo Thadeu Pedreira Dos Santos
157. Germano Mostardeiro Bonow
158. Gerson dos Santos Peres
159. Gervásio José da Silva
160. Gilmar Alves Machado
161. Giovanni Correa Queiroz
162. Guilherme Campos Junior
163. Guilherme Menezes de Andrade
164. Gustavo Bonato Fruet
165. Heleno Augusto de Lima
166. Henrique Afonso Soares Lima
167. Henrique Eduardo Lyra Alves
168. Herculano Anghinetti
169. Homero Barbosa Neto
170. Homero Silva Barreto
171. Humberto Guimarães Souto
172. Ibrahim Abi-Ackel
173. Ilderlei Souza Rodrigues Cordeiro
174. Ildeu Alves de Araujo
175. Iliobaldo Vivas da Silva
176. Inocêncio Gomes de Oliveira
177. Irapuan Teixeira
178. Irineu Mario Colombo
179. Iriny Nicolau Corres Lopes
180. Iris de Araújo Rezende Machado
181. Iris Xavier Simões
182. Isaías Silvestre
183. Itamar Serpa Fernandes
184. Ivan Cesar Ranzolin
185. Ivo José da Silva
186. Jaildo Vieira Reis
187. Jair de Oliveira
188. Jairo Alfredo Oliveira Carneiro
189. Jairo Ataíde Vieira
190. Janete Rocha Pietá
191. Jeronimo de Oliveira Reis
192. Jilmar Augustinho Tatto
193. João Alberto Pizzolatti Junior
194. João Alfredo Telles Melo
195. João Almeida dos Santos
196. João Antônio Rodrigues Bronzeado
197. João Batista Matos
198. João Batista Ramos da Silva
199. João Bittar Junior
200. João da Silva Maia
201. João Eduardo Dado Leite de Carvalho
202. João Felipe de Souza Leão
203. João Fontes de Faria Fernandes
204. João José Pereira de Lyra
205. João Lúcio Magalhães Bifano
206. João Oliveira de Sousa
207. João Paulo Cunha
208. João Paulo Gomes da Silva
209. João Tota Soares de Figueiredo
210. Joaquim Beltrão Siqueira
211. Joaquim de Lira Maia
212. Joaquim Francisco de Freitas Cavalcanti
213. Joel de Hollanda Cordeiro
214. Jofran Frejat
215. Jorge Alberto Teles Prado
216. Jorge de Faria Maluly
217. Jorge dos Reis Pinheiro
218. Jorge José Gomes
219. Jorge Khoury Hedaye
220. Jorge Ricardo Bittar
221. José Abelardo Guimarães Camarinha
222. José Aldo Rebelo Figueiredo
223. José Carlos Machado
224. José Carlos Vieira
225. José Cesar de Medeiros
226. José da Cruz Marinho
227. José de Araújo Mendonça Sobrinho
228. José de Ribamar Costa Alves
229. José Divino Oliveira de Souza
230. José Domiciano Cabral
231. José dos Santos Freire Júnior
232. José Edmar de Castro Cordeiro
233. José Eduardo Martins Cardozo
234. José Eleonildo Soares
235. José Fernando Aparecido de Oliveira
236. José Francisco Cerqueira Tenório
237. José Fuscaldi Cesilio
238. José Genoíno Neto
239. José Gerardo Oliveira de Arruda Filho
240. José Heleno da Silva
241. José Iran Barbosa Filho
242. José Lima da Silva
243. José Linhares Ponte
244. José Lupércio Ramos de Oliveira
245. José Maurício Rabelo
246. José Nazareno Cardeal Fonteles
247. José Paulo Toffano
248. José Rafael Guerra Pinto Coelho
249. José Renato Casagrande
250. José Roberto Santiago Gomes
251. José Santana de Vasconcellos Moreira
252. José Severiano Chaves
253. José Thomaz da Silva Nono Netto
254. José Wilson Santiago
255. Joseph Wallace Faria Bandeira
256. Josias Quintal de Oliveira
257. Jovino Cândido da Silva
258. Julião Amin Castro
259. Júlio Francisco Semeghini Neto
260. Jurandil dos Santos Juarez
261. Jurandy Loureiro Barroso
262. Jusmari Terezinha de Souza Oliveira
263. Juvenil Alves Ferreira Filho
264. Lael Vieira Varella
265. Laurez da Rocha Moreira
266. Lavoisier Maia Sobrinho
267. Leandro José Mendes Sampaio Fernandes
268. Leandro Vilela Velloso
269. Leodegar da Cunha Tiscoski
270. Leonardo José de Mattos
271. Leonardo Moura Vilela
272. Leonardo Rosário de Alcântara
273. Luciana de Almeida Costa
274. Luciana Krebs Genro
275. Luciano de Souza Castro
276. Luciano Ferreira de Sousa
277. Luciano Pizzatto
278. Luiz Alberto Silva dos Santos
279. Luiz Antônio Vasconcellos Carreira
280. Luiz Carlos Bassuma
281. Luiz Carlos Setim
282. Luiz Carlos Sigmaringa Seixas
283. Luiz Eduardo Rodrigues Greenhalgh
284. Luiz Fernando de Fabinho de Araújo Lima
285. Luiz José Bittencourt
286. Luiz Paulo Vellozo Lucas
287. Luiz Piauhylino de Mello Monteiro
288. Luiz Roberto de Albuquerque
289. Manoel Ferreira
290. Manoel Salviano Sobrinho
291. Manuela Pinto Vieira D’Avila
292. Marcello Lignani Siqueira
293. Marcelo Augusto da Eira Correa
294. Marcelo Beltrão de Almeida
295. Marcelo de Araújo Melo
296. Marcelo de Oliveira Guimarães Filho
297. Marcelo Zaturansky Nogueira Itagiba
298. Márcio Alessandro Flexa de Oliveira
299. Márcio Henrique Junqueira Pereira
300. Márcio João de Andrade Fortes
301. Márcio Luiz Franca Gomes
302. Márcio Reinaldo Dias Moreira
303. Marco Aurelio Ubiali
304. Marcondes Iran Benevides Gadelha
305. Marcos Antônio Medrado
306. Marcos Antônio Ramos da Hora
307. Marcos Roberto Abramo
308. Maria Aparecida Diogo Braga
309. Maria Dalva de Souza Figueiredo
310. Maria do Carmo Lara Perpetuo
311. Maria José Conceição Maninha
312. Maria Lucenira Ferreira Oliveira Pimentel
313. Maria Lúcia Cardoso
314. Maria Perpétua de Almeida
315. Mariângela de Araújo Gama Duarte
316. Marina Terra Maggessi de Souza
317. Mario Assad Junior
318. Mario de Oliveira
319. Matteo Rota Chiarelli
320. Maurício Gonçalves Trindade
321. Maurício Rands Coelho Barros
322. Mauro Nazif Rasul
323. Miguel de Souza
324. Mílton João Soares Barbosa
325. Moisés Nogueira Avelino
326. Murilo Zauith
327. Narcio Rodrigues da Silveira
328. Natan Donadon
329. Neilton Mulim da Costa
330. Nelson Goetten de Lima
331. Nelson Luiz Proenca Fernandes
332. Nelson Roberto Bornier de Oliveira
333. Nélson Tadeu Filippelli
334. Neri Geller
335. Neucimar Ferreira Fraga
336. Neudo Ribeiro Campos
337. Nice Lobão
338. Nicias Lopes Ribeiro
339. Nilmar Gavino Ruiz
340. Nilson Moura Leite Mourão
341. Nilton Gomes Oliveira
342. Odacir Zonta
343. Odilio Balbinotti
344. Olavo Calheiros Filho
345. Orlando Desconsi
346. Orlando Fantazzini Neto
347. Osmanio Pereira de Oliveira
348. Osmar Ribeiro de Almeida Junior
349. Osório Adriano Filho
350. Osvaldo de Souza Reis
351. Paulo Afonso Evangelista Vieira
352. Paulo César Baltazar da Nóbrega
353. Paulo César da Guia Almeida
354. Paulo César de Oliveira Lima
355. Paulo Henrique Ellery Lustosa da Costa
356. Paulo José Gouvêa
357. Paulo Piau Nogueira
358. Paulo Roberto Barreto Bornhausen
359. Paulo Roberto Manoel Pereira
360. Paulo Rubem Santiago Ferreira
361. Pedro Henry Neto
362. Pedro Irujo Yaniz
363. Pedro Novais Lima
364. Pedro Pedrossian Filho
365. Pedro Ribeiro Filho
366. Pedro Wilson Guimarães
367. Raimundo Sabino Castelo Branco Maues
368. Raquel Figueiredo Alessandri Teixeira
369. Raul Jean Louis Henry Junior
370. Raymundo Veloso Silva
371. Rebecca Martins Garcia
372. Regis Fernandes de Oliveira
373. Reinaldo Gripp Lopes
374. Reinaldo Nogueira Lopes Cruz
375. Reinaldo Pereira Pinto
376. Reinaldo Santos e Silva
377. Reinhold Stephanes
378. Remi Abreu Trinta
379. Renato Cozzolino Sobrinho
380. Renato Fauvel Amary
381. Renildo Vasconcelos Calheiros
382. Ricardo José Ribeiro Berzoini
383. Ricardo Nagib Izar
384. Ricardo Quirino dos Santos
385. Ricarte de Freitas Júnior
386. Rita de Cássia Paste Camata
387. Robério Cássio Ribeiro Nunes
388. Roberto Lúcio Rocha Brant
389. Roberto Magalhães Melo
390. Robson Lemos Rodovalho
391. Rodolfo Pereira
392. Rodrigo Santos da Rocha Loures
393. Rogério Martins Lisboa
394. Roland Lavigne do Nascimento
395. Romel Anizio Jorge
396. Ronaldo Cezar Coelho
397. Ronaldo de Brito Leite
398. Ronaldo Dimas Pereira Nogueira
399. Rubeneuton Oliveira Lima
400. Rubens Moreira Mendes Filho
401. Salatiel Sousa Carvalho
402. Salvador Zimbaldi Filho
403. Sandra Maria da Escossia Rosado
404. Sandro Antônio Scodro
405. Sandro Matos Pereira
406. Saturnino Masson
407. Sebastião Ferreira da Rocha
408. Sebastião Torres Madeira
409. Selma Maria Schons
410. Sérgio Antônio Nechar
411. Sérgio Barradas Carneiro
412. Sétimo Wanquim
413. Severiano Alves de Souza
414. Silas Brasileiro
415. Sílvio Lopes Teixeira
416. Sílvio Roberto Cavalcanti Peccioli
417. Simplício Mario de Oliveira
418. Solange Amaral
419. Solange Pereira de Almeida
420. Sueli Rangel Silva Vidigal
421. Suely Santana da Silva
422. Talmir Rodrigues
423. Tarcísio João Zimmermann
424. Telma Sandra Augusto De Souza
425. Thelma Pimentel Figueiredo de Oliveira
426. Uldorico Alves Pinto
427. Urzeni da Rocha Freitas Filho
428. Valdemar Costa Neto
429. Vanderlei Assis de Souza
430. Vandeval Lima Dos Santos
431. Victor Pires Franco Neto
432. Vilson Luiz Covatti
433. Virgílio Guimarães de Paula
434. Vitor Penido de Barros
435. Walter Correia de Brito Neto
436. Walter Shindi Iihoshi
437. Wandenkolk Pasteur Gonçalves
438. Wellington Moreira Franco
439. William Boss Woo
440. Wilson João Cignachi
441. Wilson Leite Braga
442. Zelinda Novaes e Silva Jarske
443. Zenaldo Rodrigues Coutinho Junior




“Brasileiro é tão bonzinho”






Difícil dizer o que é mais espantoso na pesquisa feita pelo Datafolha sobre violência. Todos os dados são aterradores. A realidade não é propriamente desconhecida. O que espanta é a incapacidade do Estado de mudar o rumo das coisas. É impressionante a quantidade de brasileiros que temem ser assassinados (76%) ou agredidos por bandidos (85%). Mas impressiona ainda o fato de que 70% dos entrevistados acham que os policiais cometem excessos de violência quando estão trabalhando. A maioria teme ser agredida também pela polícia: 59% têm medo da PM, 53% temem a a policia civil.
Na semana passada, reuniram-se em Brasília para discutir a encrenca da segurança pública os presidentes dos três Poderes — Michel Temer pelo Executivo, Renan Calheiros pelo Legislativo e Cármen Lúcia pelo Judiciário. Nesse encontro, falou-se de quase tudo. Mas não consta que a violência policial tenha sido tratada. E a pesquisa indica que, aos olhos da clientela, a polícia não precisa apenas de armas e munição. Precisa ser treinada para adotar um comportamento que a diferencie do bandido.
A pesquisa também mostra que o brasileiro é prisioneiro de uma contradição: 57% dos entrevistados concordaram com a tese segundo a qual “bandido bom é bandido morto.” O problema é que o policial que extermina bandidos por conta própria é o mesmo que se sente autorizado a descer a porrada no cidadão de bem que solta fogos quando a bandidagem é passada nas armas.
É sabido que a maioria dos policiais trabalha honestamente e sob condições adversas. Mas os 10% que trafegam à margem da lei dão aos outros 90% uma péssima reputação. Os as coisas mudam ou logo, logo ninguém vai conversar com um policial, a não ser em legítima defesa.




quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Governo Temer tenta adiar julgamento que “constrange” Renan



Renan Calheiros (PMDB-AL)
O Palácio do Planalto costura nos bastidores para tentar adiar o julgamento de uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) impetrada no Supremo Tribunal Federal (STF) pela Rede Sustentabilidade que questiona se um réu em ação por crime comum pode ocupar cargo que o coloque na linha sucessória da Presidência da República.
O julgamento, marcado para quinta-feira (03.nov.2016), representa um revés potencial para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele ainda não é réu, mas responde a pelo menos oito inquéritos e uma denúncia no STF. Essa denúncia, por peculato e falsidade ideológica no caso em que é acusado de ter contas pagas por um lobista de empreiteira, está liberada para ser analisada pelo plenário da corte. Se for recebida, ele se tornará réu.
Assessores do Planalto disseram na terça-feira (01.nov.2016) que a ordem é “não melindrar” Renan agora que a proposta de emenda constitucional que estabelece o teto de gastos federais começou a tramitar no Senado. Por isso, auxiliares de Michel Temer tentam sensibilizar algum ministro da inconveniência desse julgamento agora.
A ideia é que algum dos magistrados peça vista da matéria para melhor análise, deixando seu julgamento para o ano que vem — quando Renan já terá deixado a presidência do Senado, sem ser constrangido.
Um ministro reconheceu que existe a possibilidade de um pedido de vista. “Pode ser”, respondeu.
Outros dois, consultados, disseram não ver necessidade em pedido de vista. Um deles disse que “a matéria é simples”, não apresenta “complexidade” e que qualquer pedido de vista “quebra a sequência de julgamentos”.
Aliados de Renan e assessores do Planalto relatam extrema irritação do presidente do Senado nos últimos dias. Na sexta-feira (28.out.2016), na reunião de discussão do plano de segurança, ele teria chegado a interpelar o general Sérgio Westphalen Etchegoyen, chefe do gabinete de segurança institucional. Nesta semana, bateu boca com o prefeito reeleito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB).
“O calendário da PEC do Teto está muito apertado. A previsão é votar em plenário em segundo turno em 14 de dezembro. Em cima do laço”, preocupa-se um palaciano.




Coaf detecta “movimentação atípica” de apenas 31 citados
nos “Panama Papers” — número de casos indica possível incapacidade de apuração



O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentações financeiras atípicas de pelo menos 31 pessoas e empresas mencionadas na série de reportagens “Panama Papers”.
Transações bancárias desses 31 contribuintes caíram numa espécie de  “malha fina” do Coaf. Consideradas suspeitas, foram descritas em Relatórios de Inteligência Financeira (os chamados RIFs) e encaminhadas à Receita Federal, ao Ministério Público Federal, ao Banco Central e à Polícia Federal.
O Coaf informou que não conseguiu relacionar os nomes de 26 pessoas e empresas citadas com nenhum CPF ou CNPJ.
Os números mencionados pelo Coaf são modestos. Podem indicar uma incapacidade do órgão de fazer as checagens devidas. Por exemplo, os “Panama Papers” revelaram a existência de, pelo menos, 107 empresas offshore ligadas a personagens da Lava Jato — firmas que até aquele momento não tinham sido mencionadas pelos investigadores brasileiros que cuidam das investigações relacionadas ao escândalo da Petrobras. Os “Panama Papers” mostraram empresas offshore relacionadas a políticos brasileiros e seus familiares com ligação com as siglas: PDT, PMDB, PP, PSB, PSD, PSDB e PTB.
No Brasil, os bancos são obrigados a informar ao Coaf sobre qualquer transação bancária de alto valor. Movimentações de quantias superiores a R$ 100 mil em dinheiro vivo também precisam ser relatadas, bem como operações que estejam discrepantes do histórico dos clientes. A maioria não indica a existência de irregularidade. Mas algumas caem na “malha fina” e são checadas por técnicos do Coaf.
A série “Panama Papers”, que começou a ser publicada em 03.abr.2016, é uma iniciativa do ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos), organização sem fins lucrativos e com sede em Washington, nos Estados Unidos. Os dados foram obtidos pelo jornal Süddeutsche Zeitung. O material está em investigação há cerca de 1 ano.
O Coaf também realizou esse tipo de apuração após a publicação da série de reportagens SwissLeaks, baseada em informações do banco HSBC da Suíça. Na época, foram encontrados “indícios de ilícitos” relacionados a 50 dos 126 brasileiros cujos nomes foram divulgados na série.

Leia a íntegra da manifestação do Coaf sobre o assunto, encaminhada por meio do Ministério da Fazenda:
“As informações que foram veiculadas pela imprensa a partir de abril deste ano divulgaram 80 nomes de pessoas físicas e/ou jurídicas, dos quais 54 identificou-se CPF ou CNPJ e 26 não foi possível identificar CPF. Em relação a esses nomes, o COAF, no âmbito de sua atuação, incluiu na sua base de pesquisa como fonte de mídia. Ainda dentro de suas competências, os casos identificados pelo COAF com alguma atipicidade e passíveis de comunicação, foram comunicados às autoridades competentes.
Dos 54 CPF/CNPJ identificados, 31 constaram em Relatórios de Inteligência Financeira (RIF) desde a criação do COAF até os dias de hoje.”




O bom contribuinte é otário



Há no país dois tipos de cidadãos: os brasileiros comuns e os brasileiros especiais. Os comuns têm o imposto de renda descontado mensalmente no contracheque. E honram todos os outros tributos na hora em que pagam no caixa do comércio pelas coisas que compram. Os brasileiros especiais brincam de esconde-esconde com a Receita Federal, sonegam impostos e esperam que o governo aprove algum plano que lhes perdoe os crimes e ofereça vantagens fiscais. O programa de repatriação do dinheiro que brasileiros entesouraram ilegalmente no exterior é mais uma festa organizada para premiar sonegadores.
Alega-se que foram repatriadas apenas verbas de origem lícita. Isso é conversa fiada. O dinheiro deixou de ser lícito no instante em que migrou para o exterior sem o pagamento dos tributos devidos. Cometeram-se no mínimo os crimes de sonegação fiscal e evasão de divisas. Daí para a lavagem de dinheiro procedente do submundo do crime é um pulinho. A repatriação enxaguou e passou a ferro todo esse dinheiro de má origem.
Quebrado, o governo não tem muita alternativa. Entrega a alma para conseguir dinheiro. Arrecadou quase R$ 51 bilhões ao regularizar uma fortuna de quase R$ 170 bilhões enviada para o estrangeiro às escondidas por 25 mil pessoas e uma centena de empresas. A festa deve continuar. Renan Calheiros, o notório presidente do Senado, anuncia que apresentará um projeto para reabrir o bolso sonegador a partir de janeiro. A mensagem que fica é que, no Brasil, quem paga imposto é otário.




terça-feira, 1 de novembro de 2016

Depoimento ao TSE de ex-diretor delator da Petrobrás pode levar à cassação de Michel Temer



Paulo Roberto Costa


Em depoimento prestado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-diretor de abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa afirmou que chamou empreiteiras que não participavam de um esquema de cartel para participar de licitações na estatal, mas foi alertado por executivos da Odebrecht de que ia “quebrar a cara”. O depoimento de Costa foi feito no âmbito do processo em tramitação na Corte Eleitoral que pode levar à cassação da chapa vitoriosa de Dilma Rousseff e Michel Temer na eleição de 2014.
Costa reafirmou ao ministro relator do processo, Herman Benjamin, a existência de empreiteiras que se reuniam e faziam entre si a divisão das obras da Petrobrás, entre gasodutos, plataformas, refinarias — o grupo ficou conhecido como “Clube das Empreiteiras”, formado por Odebrecht, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, entre outras.
“As empresas do cartel, nós sabíamos que pagavam propina. E, quando você chamava para as grandes obras aquelas empresas, já sabia que ia ter pagamento”, disse o ex-diretor de abastecimento, um dos delatores da Operação Lava Jato.
O ex-diretor da Petrobrás destacou no depoimento que por volta de 2009 ou 2010, sem estar satisfeito com o que estava acontecendo na estatal, resolveu chamar empresas de menor porte para participar de algumas licitações, principalmente no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.
“E até pra dar uma balançada, quebrar um pouco esse cartel, porque eu não tava satisfeito com isso. E chamei algumas empresas que participaram, e eu fui procurado pelo pessoal da Odebrecht, onde eles me falaram que eu ia quebrar a cara, porque essas empresas não iam dar conta do serviço”, disse Costa.
“E, realmente, em alguns contratos, eu quebrei a cara, porque as empresas não deram conta e, em outros contratos, as empresas fizeram o trabalho. Às vezes demorando mais, com mais dificuldade, mas fizeram”, completou o engenheiro.
Uma comitiva da Odebrecht desembarcou em Brasília no início deste mês para negociar aquela que pode se tornar a mais explosiva delação premiada da Operação Lava Jato. A empreiteira negocia um acordo com a Procuradoria-Geral da República para que o executivo Marcelo Odebrecht e cerca de outras 50 pessoas confessem seus crimes em troca de redução nas penas.
O ex-diretor da Petrobrás também reiterou ao TSE que a atuação do “Clube das Empreiteiras” não se limitava ao ramo do petróleo, ocorrendo em licitações de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. “Isso acontecia no Brasil inteiro, em todas as obras, porque as empresas são as mesmas e o processo era o mesmo”, comentou Costa.

DOAÇÃO — Em outro depoimento ao TSE, o ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini afirmou que o pagamento de propina fazia parte dos negócios com a Petrobrás.
“Era um compromisso, quer dizer, que a empresa tinha e isso era um compromisso existente, que deveria ser mantido. Ou seja, por ter os contratos e por estar participando desses negócios, nós tínhamos uma obrigação, né, que fazia parte do negócio e tinha que ser cumprida”, afirmou Avancini.
Segundo Avancini, o ex-diretor de serviços da Petrobrás Renato Duque colocava “de forma sutil” que, caso o acordo não fosse cumprido, haveria “algum tipo de impacto” nos negócios.




Lava Jato investiga se mansão em Punta Del Este, no Uruguai, pertence ao ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva. Esquema seria semelhante ao do tríplex no Guarujá e ao do sítio em Atibaia — filho caçula de Lula, depois de implicado por delatores da Odebrecht, arruma emprego no país vizinho Uruguai


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As investigações sobre o patrimônio oculto do ex-presidente Lula ultrapassaram as fronteiras do Brasil. Depois de identificarem ligações do ex-presidente com imóveis suspeitos em solo nacional, como o tríplex no Guarujá, o sítio em Atibaia e uma cobertura em São Bernardo do Campo, procuradores do Ministério Público Federal (MPF), integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato, apuram se uma mansão em Punta Del Este, no Uruguai, pertence a Lula. A investigação foi iniciada em agosto. O esquema seria semelhante ao adotado pelo petista para as outras propriedades utilizadas por ele no Brasil. No modus operandi tradicional, os imóveis ficam registrados em nome de empresários amigos. Em troca de benesses e tráfico de influência no governo ou fora do País, Lula se transforma no dono real desses imóveis, com poder para deles usufruir quando bem entender, determinar quem entra e sai e até mesmo promover caríssimas reformas, mesmo que oficialmente as propriedades não figurem em seu nome. Essa prática se repetiria no Uruguai. Neste caso, a mansão — segundo colaboradores do Ministério Público Federal que estiveram em Punta Del Este — pertenceria a uma offshore ligada ao empresário Alexandre Grendene Bertelle, um dos donos da indústria de calçados Grendene e que, no Uruguai, é proprietário de um sem-número de casarões — entre os quais uma suntuosa casa na rua paralela à do imóvel suspeito de ter ligações com Lula — e sócio de empreendimentos bem-sucedidos como o Hotel e Cassino Conrad.



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A casa que motiva a investigação da Lava Jato possui um terreno de 7,5 mil metros quadrados e fica localizada na Calle Timbó, conhecida por Villa Regina, com valor estimado em US$ 2 milhões, segundo corretores locais. A mansão adota o estilo de chalé suíço, com uma escadaria de acesso à residência. O que mais chama a atenção é a grande área verde da propriedade, que cerca toda a edificação. A reportagem esteve no local na quarta-feira 26.out.2016. A mansão está vazia. Outras moradias da região, reduto de endinheirados da América Latina que escolhem o local para passar temporadas de veraneio, são ocupadas apenas por caseiros.
As informações sobre a possível propriedade de Lula no país vizinho foram transmitidas ao MPF por um conhecido colaborador. Ele fora responsável pelas denúncias que levaram à deflagração da Operação Lava Jato. Daí a sua confiabilidade. No mesmo dia em que entregou documentos à Lava Jato, esse delator narrou que vários ônibus de excursão, responsáveis por conduzir comitivas de brasileiros pela paradisíaca Punta Del Este, passam defronte a casa de Calle Timbó e dizem, sem pestanejar, que a propriedade pertence a Lula. Em duas dessas visitas monitoradas, os turistas brasileiros demonstraram revolta ao receberem a informação. Um deles chegou a fotografar a casa de dentro do ônibus. O procurador destacado para investigar o caso disse que se encontra na fase de coleta de provas. Ele não descarta a possibilidade de pedir a colaboração do governo uruguaio. Na Procuradoria da República, a investigação está sendo tratada com total discrição. A avaliação é de que, se no Brasil já é difícil caracterizar a ocultação de patrimônio quando ele figura em nome de terceiros, em Punta del Este, no Uruguai, torna-se ainda mais complicado puxar o fio desse intrincado novelo. Haja vista que lá os imóveis, em geral, ficam escondidos em offshores, dificultando o rastreamento. Procurada, a assessoria de Lula repetiu uma versão já conhecida. Disse que o ex-presidente não tem nenhuma casa ou conta no exterior e que todas as propriedades dele estão em São Bernardo do Campo e são devidamente declaradas.


Durante o governo Lula, Grendene obteve empréstimos
subsidiados do BNDES de R$ 3 bilhões



Alexandre Grandene diz, por meio de assessoria, que história é “absurda”


Mais um mecenas? — Se o triplex do Guarujá está em nome da OAS de Léo Pinheiro, o sítio de Atibaia no de Fernando Bittar e Jonas Suassuna e a segunda cobertura de São Bernardo no de um primo do pecuarista José Carlos Bumlai, o mecenas de Lula na mansão de Punta Del Este seria o bilionário Alexandre Grendene. O empresário do ramo calçadista mantém relações com Lula — e com os políticos de um modo geral. Durante o governo do petista, Grendene obteve empréstimos subsidiados do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no valor de R$ 3 bilhões. Esses empréstimos estão sendo investigados pelo Ministério Público Federal de Novo Hamburgo (RS). Só para a compra da Vulcabrás, o BNDES emprestou R$ 314 milhões para a Grendene. Os irmãos Pedro e Alexandre Grendene participaram também em 2008 de um negócio para implantação de usinas de açúcar e álcool no valor de R$ 1,8 bilhão, com dinheiro do governo. Integraram a negociação, além dos Grendene, a Odebrecht, o empresário André Esteves (Banco Pactual) e o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo íntimo de Lula.



Lula ao lado de Pedro Grandene, irmão de Alexandre: guitarra de Lenny Kravitz doada
ao Fome Zero rendeu investigação da Lava Jato sobre destino de recurso


Há outro significativo elo entre o empresário e Lula. Grendene foi um dos empresários que doaram parte dos R$ 10,8 milhões que custearam o filme “Lula, o filho do Brasil”, inspirado na trajetória do ex-presidente petista e dirigido por Fábio Barreto. Ele também colaborou com o “Fome Zero”, carro-chefe da política social do petista no início do primeiro mandato — uma espécie de embrião do Bolsa-Família. Ainda no primeiro governo petista, o guitarrista Lenny Kravitz doou sua guitarra para o programa de combate à pobreza, que leiloou o instrumento em maio de 2005. O empresário Pedro Grendene pagou R$ 322 mil pela guitarra, uma cobiçada Epiphone Flyng V preta autografada, mas o episódio, como tantos outros envolvendo o PT, terminou na Lava Jato. A força-tarefa passou a investigar o destino da renda obtida com os instrumentos. Análise de e-mails de Bumlai, amigo de Lula, mostrou que houve uma disputa entre a ONG Ação Fome Zero e o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome pelo direito dos recursos levantados com os leilões. Em resposta a reportagem na quinta-feira 27.out.2016, a assessoria de Grendene disse que ele estava no exterior. Um assessor da diretoria da empresa afirmou, no entanto, que a história de que Grandene seria uma espécie de testa-de-ferro do ex-presidente petista no Uruguai não “passa de um absurdo completo”.


A Odebrecht participou de um consórcio com a OAS e José Carlos Bumlai para reformar o sítio de Atibaia


O sítio e a cobertura — Nas últimas semanas, a Lava Jato fez novas descobertas acerca do patrimônio oculto de Lula. No caso do sítio de Atibaia, um dos maiores amigos do ex-presidente na área empresarial, Alexandrino Alencar, ex-executivo da Odebrecht, revelou detalhes da reforma do imóvel feita pela empreiteira durante processo de delação premiada em Curitiba. O executivo era um dos porta-vozes de Lula dentro da empresa. Era o amigo das viagens feitas por Lula à América Latina e África à bordo de jatinhos da Odebrecht.
Na negociação de sua delação com a Justiça do Paraná, Alexandrino confirmou que a Odebrecht participou de um consórcio junto com a OAS e o pecuarista José Carlos Bumlai, para reformar o sítio de Atibaia. Segundo ele, a Odebrecht iniciou a reforma em outubro de 2010, quando Lula ainda era presidente. A empreiteira ficou responsável pelas obras de um anexo às quatro suítes do sítio. A propriedade está em nome de Jonas Suassuna e Fernando Bittar, e Lula, mais uma vez, nega ser dono do local. A Polícia Federal, no entanto, não tem dúvidas de que o sítio é mesmo do ex-presidente.



Bumlai é mencionado em quase todos os escândalos que envolvem Lula.
Agora, é citado em investigação de cobertura em São Bernardo


Em outra frente, a força-tarefa da Lava Jato deu início esta semana a uma investigação sobre uma segunda cobertura que Lula ocupa no edifício Green Hill, em São Bernardo do Campo. O Ministério Público Federal investiga se o imóvel, localizado ao lado da primeira cobertura de Lula, foi adquirida com dinheiro da Odebrecht. Em dezembro de 2010, Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai recebeu R$ 800 mil da DAG Construtora, investigada pela PF por ter sido usada pela Odebrecht para negócios ilícitos. Com o dinheiro, Glaucos comprou a cobertura vizinha de Lula e a alugou para o ex-presidente. O petista garante que pagou aluguéis e que os mesmos encontram-se declarados em seu Imposto de Renda. Somente em 2015 pagou R$ 51,3 mil a Glaucos. Os procuradores suspeitam que tudo tenha sido feito para ocultar o verdadeiro dono do imóvel. Na realidade, o próprio Lula. A história se repete.

Saint-Tropez latina — Punta Del Este, no litoral Sul do Uruguai, onde está localizada a mansão alvo de investigação da Lava Jato por possíveis ligações com Lula, é considerada a Saint-Tropez da América do Sul. Praias paradisíacas, cassinos de luxo, hotéis suntuosos. Uma cidadezinha de 10 mil habitantes, mas que no verão reúne os novos ricos do mundo todo e muitos milionários brasileiros, provocando congestionamentos de Mercedes-Benz e Ferraris nas ruas da cidade.
Os carros são conduzidos de São Paulo para lá — a distância é de 1.900 Kms — pelos motoristas, enquanto os patrões percorrem o trajeto de avião. As mansões de veraneio de milhares de dólares ficam vazias o ano todo, mantidas por caseiros que se recusam a falar com jornalistas, e só são ocupadas na alta temporada.
Foi nesse cenário bucólico que Lula foi descansar logo que se elegeu presidente pela primeira vez em 2002. Jornalistas locais relataram que o petista descansou na casa de um amigo em Punta Del Este por alguns dias. Gostou do que viu.



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— Em depoimento à Lava Jato, executivo da Odebrecht diz que Luís Cláudio recebeu propina da empreiteira por meio de sua empresa Touchdown Promoções —

— A delação levou o filho caçula de Lula ao Uruguai —

— Propina para Luís Cláudio viria de uma conta fora do País, onde a Odebrecht efetuava depósitos —




O filho de Lula ao lado de dirigentes do Juventud de Las Piedras, time uruguaio no qual vai trabalhar


Enquanto as autoridades brasileiras investigam indícios de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ter uma mansão não declarada em Punta del Este, no Uruguai, o filho mais novo dele se adiantou e já arrumou um emprego no país vizinho. Luís Cláudio Lula da Silva se articulou e conseguiu receber uma proposta de um clube de futebol da primeira divisão uruguaia, o Juventud de Las Piedras, para trabalhar nas categorias de base. Aceitou o pouco espontâneo convite e foi apresentado como novo reforço em um evento do clube no dia 18.out.2016. Mas o motivo por trás da sua ida para o Uruguai pode não ter nada a ver com esporte. Segundo apurou a reportagem, além de estar comprometido em investigações da Operação Zelotes, Luís Cláudio aparece na delação de executivos da Odebrecht. O caçula de Lula foi acusado por Alexandrino de Alencar, ex-diretor da empreiteira, de receber propina por meio de sua empresa Touchdown Promoções e Eventos Esportivos. Antes de chegar à conta da empresa de Luis Cláudio, o dinheiro enviado pela Odebrecht receberia antes o carimbo da Cervejaria Petrópolis, que é sócia da empreiteira no mercado financeiro. A propina viria de uma conta fora do País, onde a Odebrecht fazia o depósito, segundo Alexandrino.
Nada mais conveniente para o filho de Lula como sair de cena — ou ainda melhor, do País — no momento em que o cerco se fecha em torno dele. A contratação de Luís Cláudio pelo Juventud de Las Piedras foi possível por meio de um vínculo entre o clube e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), vinculada à ONU. O presidente do clube, Yamandú Costa, esclareceu que o brasileiro vai atuar em projetos desportivos e sociais do time. No Brasil, ele já havia trabalhado em clubes como Corinthians e Palmeiras. Em entrevista a um portal de notícias do Uruguai, Luís Cláudio afirmou que ainda não tinha definido se vai levar de uma vez toda sua mudança para o país vizinho. “Estamos considerando as possibilidades de viver aqui ou continuar no Brasil, viajando frequentemente”, disse.
Mesmo distante do País natal, o caçula de Lula não deverá ser esquecido pelas autoridades brasileiras tão cedo. Além dos relatos dos delatores da Odebrecht, que o atingem em cheio, os pagamentos à sua empresa estão sendo destrinchados pela equipe que conduz a Operação Zelotes, composta por procuradores do Ministério Público Federal, policiais federais e auditores da Receita. Há suspeita de que recursos pagos à empresa de Luís Cláudio por um lobista possam ter sido propina para obter favorecimentos no governo federal, mas os investigadores ainda buscam identificar de que forma o filho de Lula poderia atuar pelos empresários dentro do governo. A investigação ainda está em andamento e corre sob sigilo. Segundo a PF, ele pode ter sido favorecido pelo pai, o ex-presidente Lula, na contratação de sua empresa LFT Marketing Esportivo para prestar consultoria ao lobista Mauro Marcondes. O trabalho rendeu ao professor de Educação Física aproximadamente R$ 2,4 milhões entre 2014 e 2015. Os pagamentos foram detectados durante a quebra dos sigilos de Luís Cláudio e da empresa dele no período de 2009 a 2015. Sua defesa argumenta que os serviços foram efetivamente prestados e que não houve irregularidades.



Alexandrino Alencar foi quem teria entregue esquema envolvendo filho do petista


Em novembro, o MPF denunciou 16 pessoas na Zelotes sob acusação de envolvimento na compra de medidas provisórias do governo federal. A força-tarefa responsável pelo caso aponta a prática de crimes como corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e extorsão. Entre os denunciados estão os proprietários da Marcondes e Mautoni Empreendimentos, Mauro Marcondes e Cristina Mautoni, que chegaram a ser presos. Na acusação, o MPF descreve que a atuação dos dois sempre foi no sentido de patrocinar “interesses de particulares junto ao Estado” e indica que eles agiram ilegalmente com o objetivo de obter benefícios tributários para o setor automotivo. O juiz Vallisney de Souza Oliveira condenou nove dos acusados, dentre eles Marcondes.


Em 2015, o ex-presidente uruguaio José Pepe Mujica relatou em livro confissão de Lula sobre o mensalão



Com Mujica uma relação nem sempre amistosa


Como ex-guerrilheiro, o líder uruguaio José Pepe Mujica sempre soube guardar segredos. Porém, quando lançou uma espécie de biografia autorizada, Mujica colocou Lula em maus lençóis. O ex-presidente uruguaio disse que o petista “confessou” que sabia bem do que se tratava o mensalão. A biografia sob o título “Uma oveja negra al poder” (Uma ovelha negra no poder) foi fruto do trabalho de cinco anos dos jornalistas Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz, da revista “Busqueda”. O uruguaio leu o livro antes de ser lançado. Em um dos trechos, Mujica disse que teve uma conversa com Lula em Brasília no seu final do mandato em 2010, quando o ex-presidente brasileiro lhe teria “confessado” a compra de apoio parlamentar no mensalão. Lula teria dito a Mujica que essa foi “a única forma de governar o Brasil” e que, enquanto presidente, havia lidado com “coisas imorais e chantagens”. “Lula não é um corrupto como Collor de Mello e outros ex-presidentes brasileiros”, afirmando que o ex-presidente brasileiro viveu o episódio do mensalão com “angustia e um pouco de culpa”, disse Mujica no livro.
Pressionado por Lula e pelo PT, Mujica tentou recuar, negando a frase de que Lula teria confessado a existência do mensalão. Disse que não foi ele quem escreveu o livro. Mas os jornalistas reafirmaram o que escreveram. A relação ficou estremecida por um bom tempo. Os dois ficaram meses sem se falar, mas amigos em comum se encarregaram de refazer a ponte para o entendimento. Em março deste ano, Mujica voltou ao Brasil. Em Foz do Iguaçu, afirmou que a Operação Lava Jato tem interesses na “destruição do legado” do petista. “Há muita paixão política e pode haver interesses em acabar com a carreira de Lula”, disse Mujica. Lula entendeu a declaração como um gesto definitivo de reconciliação.