quarta-feira, 30 de setembro de 2015


Brasil doará arroz para Faixa de Gaza e Cuba

Foram realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), três leilões de troca de arroz beneficiado por arroz em casca — o objetivo é fazer a doação de volumes do produto para a Faixa de Gaza e para Cuba — para atendimento à Ajuda Humanitária Internacional, ação coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) e executada pela Conab. Por meio destas operações, Cuba irá receber 1,34 mil toneladas do produto e a Faixa de Gaza mil toneladas.
Neste tipo de leilão, os adquirentes se comprometem a fornecer o produto já beneficiado e ensacado e ainda a colocá-lo dentro do navio indicado, que neste caso — o embarque do cereal — será feito pelo porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, com todas as despesas pagas de capatazia, desembaraço alfandegário, emissão de certificados internacionais de qualidade e inspeção exigidos e outras. Em contrapartida, a Conab oferece uma quantidade um pouco maior do arroz, in natura. A vantagem para a Conab é a agilidade na operação, uma vez que o arroz destinado à ajuda humanitária  já chega pronto para doação. O prazo para a entrega do produto no porto — no caso de Cuba é até o dia 3 de novembro enquanto que o da Faixa de Gaza é até o dia 13 de novembro.
A medida é autorizada pela Lei 12.429, de 20 de agosto de 2011, que permite o governo federal a doar estoques públicos de alimentos para assistência humanitária internacional.
“O leilão realizado de forma eletrônica é aberto a qualquer produtor de arroz que tenha condições de entregar a quantidade solicitada do alimento nas condições determinadas em edital”, diz a nota da Conab.

Arroz a ser doado para Cuba e Faixa de Gaza deverá ser embarcado até novembro — iniciativa 
faz parte do Programa Mundial de Alimentos



Conjunto de mensagens mostra influência de Marcelo Odebrecht junto ao Planalto em gestões petistas


E-mails apreendidos pela Polícia Federal (PF) nas buscas realizadas na sede da Odebrecht em junho deste ano, em São Paulo, mostram uma relação de influência e intimidade da empresa junto ao Palácio do Planalto, durante os governos Dilma e Lula. Nas mensagens, o presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, tenta influenciar diretamente o que o será dito pelos presidentes a chefes de estados de outros países em agendas oficiais, sugerindo a postura presidencial nos encontros. A pressão surte efeito. Em mensagem para executivos da construtora, o então ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, escreveu que Lula fez lobby pela empresa em um dos encontros com líderes estrangeiros, em 2009.

E-mails mostram ligação da Odebrecht com governo

Nos e-mails, a Odebrecht atua para evitar a escolha de um secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia que ele considerava prejudicial à Odebrecht. Os documentos mostram, pela primeira vez, que o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, era um dos elos entre a empreiteira e o presidente, de acordo com a interpretação da PF. Carvalho nega. Para os investigadores, o ex-chefe de gabinete, que tem uma ligação forte com a igreja católica, é o "seminarista", a quem Marcelo se refere em mensagens. Carvalho é ex-seminarista e possui forte ligação com os movimentos sociais ligados a Igreja. No governo Dilma o papel do “seminarista” passou a ser cumprido por Giles Azevedo, chefe de gabinete da presidente, e Anderson Dorneles, assistente pessoal de Dilma. Os dois recebiam mensagens enviadas diretamente por Marcelo Odebrecht, em nome dos interesses da empresa.


Em 5 de junho de 2012, quatro dias antes do encontro de Dilma com o presidente da República Dominicana, Danilo Medina, Marcelo encaminhou para Giles e Anderson uma nota com sugestões para a pauta da reunião. No documento, ele diz "ser importante" Dilma "reforçar" dois pontos na conversa: "a confiança que tem na Organização Odebrecht em cumprir os compromissos assumidos" e "a disposição de, através do BNDES, continuar apoiando as exportações de bens e serviços do Brasil, dando continuidade aos projetos de infraestrutura prioritários para o país".

A presidente Dilma recebe o presidente da República Dominicana no Palácio do Planalto - 09/07/2012

O encontro com Medina consta da agenda oficial da presidente. Em entrevista para jornalistas depois do encontro, o presidente da República Dominicana disse ter recebido aceno do governo brasileiro para obter financiamento para construção de duas usinas no país. O projeto seria contemplado dois anos depois, ao custo de US$ 656 milhões. De US$ 2,5 bilhões emprestados pelo BNDES a empresas brasileiras entre 2003 e 2015 para contratos na República Dominicana, US$ 2 bilhões foram desembolsados em favor da Odebrecht.
As mensagens de Marcelo para Lula eram enviadas por meio de Alexandrino Alencar, diretor da empresa mais próximo ao petista, preso na operação Lava-Jato. As recomendações eram dadas por meio de documentos que tinham o mesmo título, "ajuda memória". Na véspera de uma visita do presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, ao Brasil, em 2 de maio de 2005, Marcelo Odebrecht pediu a Lula que reconhecesse o papel de Santos como "pacificador e líder regional", e fizesse menção às ações realizadas por empresas brasileiras em Angola, com destaque para a Odebrecht.


"Dr. Alex, aqui está o documento. Dr. Marcelo pede-lhe a gentileza de encaminhar ao seminarista", escreveu Darci Luz, secretária de Marcelo, a Alexandrino Alencar. No dia seguinte, Lula receberia Santos com discurso mencionado a forma como ele "soube liderar Angola na conquista da paz" , e saudando-o por sua "perseverança e visão de futuro". No discurso, o então presidente citou o projeto da hidrelétrica de Capanda, mencionado no mesmo e-mail de Marcelo Odebrecht como um exemplo da cooperação entre os dois países:
"Reforçamos, assim, um mecanismo financeiro que tem sido o grande motor da expansão dos investimentos brasileiros em Angola. A hidrelétrica de Capanda, símbolo maior da presença econômica brasileira em Angola, não teria sido possível sem a linha de crédito (do BNDES)", discursou Lula.
Ao ser convidado pelo presidente petista para almoço com o presidente da Namíbia, em Brasília, em fevereiro de 2009, Marcelo respondeu com cópia para seus diretores: "Pode ser uma boa oportunidade em função de nossa hidrelétrica (Capanda). Seria importante enviar uma nota memória antes via Alexandrino com eventualmente algum pedido que Lula deve fazer por nós".


Horas antes do almoço, o executivo da Odebrecht Marcos Wilson escreveu ao então ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, pedindo que manifestasse ao presidente Lula "sua confiança na capacidade da Odebrecht" assumir o projeto de uma hidrelétrica binacional (Namíbia e Angola) na África. Miguel Jorge respondeu:
"Estive e o PR (presidente) fez o lobby. Aliás, o PR (presidente) da Namíbia é quem começou - disse que será licitação, mas que torce muito para que os brasileiros ganhem, o que é meio caminho andado". Apesar do pedido de Lula, o projeto ainda não saiu do papel.
Ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner foi alvo de ação da Odebrecht, por causa da atuação do ministro no leilão da Usina de Santo Antônio, do Rio Madeira, projeto de interesse da Odebrecht.


"Alex", escreveu Marcelo Odebrecht, em referência a Alexandrino Alencar, "o Hubner está querendo jogar o PR (presidente Lula) contra nós. Importante você fazer essa mensagem chegar no seminarista ainda hoje", escreveu o presidente da construtora.
Em 11 de janeiro de 2008, após a saída de Hubner do ministério, o executivo Paulo Lacerda de Melo escreveu ao presidente da empresa sobre a possibilidade de do ex-presidente da Eletronorte José Antônio Muniz Lopes ser nomeado secretário-executivo da pasta. "Faz sentido político devido à origem com o Maranhão e a proximidade com JS (José Sarney, para a PF)". O diretor menciona a proximidade de Muniz Lopes com a Camargo Corrêa, o que trazia preocupação para Marcelo Odebrecht.
"Existe condições pelo histórico de trazê-lo para o nosso lado, ou pelo menos deixá-lo neutro? Caso não haja condições, é melhor queimá-lo logo", orienta Marcelo. "Neste caso talvez a melhor forma seja uma mensagem do Alexandrino (Alencar) ao seminarista (Gilberto Carvalho) dizendo que se este cara pegar o cargo pode colocar o Madeira (projeto do Rio Madeira) em risco, pois a agenda dele será destrutiva em relação à gente, visto que trabalhou para a CCCC (Camargo Corrêa) nos últimos anos".
O diretor Irineu Berardi Meireles argumenta ser melhor aguardar. "Qualquer precipitação de nossa parte poderia ser prematura, até porque minha percepção é de que o seminarista não poderia influenciar (por incrível que pareça) nessa escolha, que seria delegada ao PMDB", disse, referindo-se ao novo partido de Lobão, que na época deixou o DEM para se juntar à base governista.
"OK, mas vamos monitorar com cuidado para não termos um cara da CCCC lá dentro", responde Marcelo.
Em e-mail para o então presidente da Vale, Roger Agnelli, em outubro de 2007, Marcelo sugeriu ajuda em reforma do Palácio da Alvorada. "Vamos evoluir na reforma do pátio do Alvorada? Se precisar de ajuda para definir qual pedra é a mais adequada, me avise", escreveu.

PETROBRAS
As mensagens mostram Marcelo Odebrecht participando ativamente dos pormenores de discussões sobre contratos da Petrobras e relacionamento da empresa com diretores que hoje são investigados. Mensagem de maio de 2008 mostra que o presidente da empresa discutiu com Pedro Barusco, gerente de engenharia da estatal, o programa de construção de sondas no país.
"Barusco, a pedido do Duque, já ligou para o MO (Marcelo Odebrecht) acerca da sua conversa com Gabrielli", escreveu Rogério Araújo em mensagem de maio de 2008 que tratava da contratação de sondas pela Petrobras. "A resposta já está alinhada com Miguel (Gradim, diretor da Odebrecht)", completou Araújo.

O OUTRO LADO
A assessoria do Instituto Lula classificou de atuação "lícita, ética e patriótica" do Lula quando defende os interesses de empresas brasileiras no exterior. Diz a nota da assessoria do ex-presidente:
"Em seus dois mandatos, Lula chefiou 84 delegações de empresários brasileiros em viagens por todos os continentes. A diplomacia presidencial contribuiu para aumentar as exportações brasileiras de produtos e serviços, que passaram de US$ 50 bilhões para quase US$ 200 bilhões, e isso representou a criação de milhões de novos empregos no Brasil. Só uma imprensa cega de preconceito e partidarismo, poderia tentar criminalizar um ex-presidente por ter trabalhado por seu país e seu povo”, escreveu o instituto.
No texto, a assessoria do ex-presidente afirma haver uma “repetitiva, sistemática e reprovável tentativa de alguns órgãos de imprensa e grupos políticos de tentar criminalizar a atuação lícita, ética e patriótica do ex-Presidente Lula na defesa dos interesses nacionais, atuação que resultou em um governo de grandes avanços sociais e econômicos, com índices recorde de aprovação”.
Continua a nota: “temos a absoluta certeza da legalidade e lisura da conduta do ex-presidente Lula, antes, durante e depois do exercício da presidência do país, e da sua atuação pautada pelo interesse nacional".
O ex-ministro Miguel Jorge admitiu a troca de mensagens com os executivos da Odebrecht. Ele afirmou que presenciou pelo menos “meia dúzia de vezes” o ex-presidente Lula vendendo empresas brasileiras a outros presidentes.
— Essa palavra lobby, depois deste escândalo, passou a ser muito pejorativa. O que esses caras fizeram não foi lobby, foi corrupção. Agora, quando você fala que o presidente de um país que tem interesse em um consórcio de empresas brasileiras, das quais duas eram estatais, tenham uma situação importante numa obra de não sei quantos bilhões de dólares, é absolutamente natural. Isso foi feito de maneira absolutamente transparente sem nenhuma sacanagem no meio — explicou o ex-ministro.
O ex-chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, disse em nota “negar categoricamente que recebeu diretamente de Marcelo Odebrecht ou Alexandrino Alencar qualquer sugestão para discursos em agendas internacionais ou assuntos relativos à Odebrecht”.
Segundo Carvalho, “o presidente Lula sempre expressou que queria se transformar em um caixeiro viajante do Brasil”, por isso, em viagens, “sempre fez questão de convidar muitos empresários, realizando reuniões nos países visitados na perspectiva de abrir novas negociações para empresas brasileiras; a Odebrecht foi uma dentre muitas”, afirmou.
Por meio de nota, a Odebrecht informou que "os trechos de mensagens eletrônicas divulgados apenas registram uma atuação institucional legítima e natural da empresa e sua participação nos debates de projetos estratégicos para o País - nos quais atua, em especial como investidora". A empresa disse "lamentar" a divulgação das mensagens nos processos contra a Odebrecht, por considerar que as mensagens não teriam "qualquer relação com o processo em curso".



Dívida bruta do setor público alcança 65,3% do PIB em agosto

A dívida bruta do setor público alcançou 65,3% do PIB em agosto, segundo o Banco Central, uma alta de 0,7 ponto percentual em relação ao mês anterior. No final de 2014, estava em 58,9%.
O aumento da dívida reflete o déficit nas contas públicas neste ano e o aumento nas despesas com juros.
União, Estados e municípios fecharam o mês de agosto com déficit de R$ 7,3 bilhões, o que levou o resultado acumulado do ano do setor público a ficar no vermelho.
Entre janeiro e agosto deste ano, o resultado primário de todas as unidades da Federação foi negativo em R$ 1,1 bilhão. No mesmo período do ano passado, houve superavit de R$ 10,2 bilhões.
No acumulado em 12 meses, o déficit está em R$ 43,8 bilhões (0,76% do PIB), resultado pouco inferior ao verificado até julho de R$ 51 bilhões (0,89% do PIB), mas ainda distante da meta de superavit de R$ 8,7 bilhões (0,15% do PIB).
Em agosto, o governo federal teve resultado negativo de R$ 6,9 bilhões. Estados e municípios, de R$ 174 milhões; estatais, de R$ 202 milhões.
As despesas com juros alcançaram R$ 49,7 bilhões em agosto. No acumulado no ano, os juros somam R$ 338,3 bilhões, praticamente o dobro do mesmo período do ano anterior.
A dívida líquida do setor público alcançou em agosto 33,7% do PIB, abaixo dos 34,1% de dezembro, por causa da alta do dólar (o país tem mais ativos do que dívida em moeda estrangeira).



PROJEÇÃO
O BC projeta que a dívida bruta irá encerrar o ano em 67,6% do PIB, se o déficit primário do setor público ficar em 0,20% do PIB, conforme previsão dos economistas consultados na pesquisa Focus. Se o governo cumprir a meta de superavit 0,15% do PIB, a dívida encerraria o ano em 67,2%.
A estimativa para os juros da dívida é fechar 2015 em 8,4% do PIB. Nos últimos 12 meses está em 8,45%, maior desde novembro de 2003 (9,01% do PIB).
O resultado nominal ficaria em 8,2% com superavit ou 8,6% se houver o déficit previsto no Focus. Nos últimos 12 meses está em 9,21%, pior resultado da série do BC, que começa em 2001.

AJUSTE
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou que os números das contas públicas mostram que ainda há muito por fazer em termos de ajuste fiscal. "Ajustes e propostas estão sendo elaborados com esse intuito", disse.
Em relação aos governos estaduais e municipais, disse que a tendência é de piora nos resultados ao longo deste segundo semestre, mas que a perspectiva é fechar o ano com superavit nessas unidades da federação.
Afirmou ainda que o resultado primário negativo em 12 meses deve continuar a cair ao longo do último quadrimestre de 2015. A perspectiva é de melhora nos resultados mensais em relação aos déficits elevados do mesmo período de 2014.

SWAP
O aumento dos juros, segundo o BC, reflete a alta da inflação, dos juros e as despesas com swap cambial, que somam até a última sexta-feira (25.set.2015) R$ 119 bilhões.
Maciel afirmou, no entanto, que esse custo não pode ser visto de forma isolada. "As operações de swap têm um propósito de oferecer ao setor privado uma proteção contra a flutuação do câmbio. Isso atenua os impactos sobre o setor produtivo."



Reprovação ao governo Dilma vai a 69% em pesquisa

Pesquisa CNI-Ibope divulgada na quarta-feira (30.set.2015) aponta que 69% dos brasileiros avaliam o governo Dilma Rousseff (PT) como ruim ou péssimo, um ponto percentual a mais que na última pesquisa, realizada em junho.
Os números mantêm a presidente como a que tem a pior avaliação desde o fim da ditadura militar.
A pesquisa mostra também que apenas 10% consideram o governo ótimo ou bom, ante 9% na pesquisa anterior.
Para 21%, Dilma faz um governo regular, e 1% não souberam ou não quiseram opinar. A soma pode dar diferente de 100% devido a arredondamentos.
Os que desaprovam a maneira de Dilma governar são 82%, ante 83% em junho. Já os que disseram não confiar na presidente são 77%, contra 78% na última pesquisa. Todas as variações estão dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais.
Só 20% disseram confiar em Dilma, mesmo índice de junho. A pesquisa ouviu 2.002 pessoas com mais de 16 anos em 140 municípios de todo o país entre os dias 18 e 21 de setembro.



Segundo o gerente de pesquisas da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Renato da Fonseca, os dados gerais mantiveram-se estáveis em relação à pesquisa anterior.
"[A popularidade] Parou de cair, está estável. Se vai cair novamente na próxima pesquisa, a gente não sabe, precisa ver os acontecimentos. Se avaliarmos esses últimos três meses, não houve muita mudança. A gente continua com uma crise política séria e a questão econômica sem solução", disse.
"As pessoas estão descontentes porque estamos com mais desemprego, preços crescendo, renda caindo, elas estão sendo obrigadas a buscar outros trabalhos ou a cortar suas despesas. A redenção vai ocorrer quando o ajuste terminar e a economia voltar a crescer."
Na série histórica, o pior índice que um presidente havia atingido desde a redemocratização havia sido de 64% de ruim ou péssimo, em julho de 1989, por José Sarney.

SEGUNDO MANDATO
A análise da série histórica também revela que a perda de popularidade no início do segundo mandato não é novidade. Porém, Dilma teve a queda mais intensa. Em dezembro de 2014, 40% da população avaliavam seu governo como ótimo ou bom. Neste mês, o percentual foi para 10%.
Na mesma comparação, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrentou uma queda de 57% para 50%, e Fernando Henrique Cardoso, de 40% para 16%.
"Tanto no governo Fernando Henrique como no governo Lula, houve uma queda de popularidade do primeiro para o segundo mandato. Provavelmente é o resultado de algum descontrole de contas públicas durante as eleições. A gente vê isso não só no Brasil, mas em vários países. Aí, quando você assume o segundo mandato, tem que dar um ajuste, e isso gera uma certa decepção e a popularidade cai", analisou Fonseca.
Ele destacou ainda que houve "mudanças de comportamento" da população quando considerados os estratos ouvidos. Os que aprovam a maneira de Dilma governar, por exemplo, caíram de 11%, em junho, para 7% em setembro entre os jovens de 16 a 24 anos. Já entre os entrevistados com mais de 55 anos, subiu de 20% para 24%, na mesma comparação.
Uma das hipóteses, segundo o gerente de pesquisas da CNI, é que os mais jovens, que têm enfrentado dificuldades para conseguir emprego, não têm memória de crises passadas. "Você tem uma juventude que é mais contestadora e está mais assustada por não ter vivenciado outras crises no país", disse.
De nove áreas de atuação avaliadas, os impostos e a taxa de juros foram as que tiveram os maiores índices de desaprovação, de 90% e 89%, respectivamente. Já as áreas que se saíram melhor foram a de combate à fome e à pobreza, que teve aprovação de 29%, e a do meio ambiente, aprovada por 25%.
As notícias sobre o governo mais lembradas pela população foram as relacionadas à Operação Lava Jato (13%), que investiga o esquema de corrupção na Petrobras e outros órgãos públicos. Em seguida, aparece a volta da CPMF, citada por 8% dos entrevistados, o aumento de impostos (7%) e os pedidos de impeachment da presidente (7%).



Gasolina pode subir até R$ 0,20 por litro nos postos após reajuste

A Petrobras decidiu reajustar em 6% o preço da gasolina e em 4% o preço do diesel nas refinarias. O aumento começou a vigorar a partir da zero hora de quarta-feira (30.set.2015).
O preço nas bombas é livre e costuma ser reajustado à medida que o combustível com preço novo chegue aos postos.
A decisão foi tomada pela companhia na noite de terça-feira (29.set.2015) diante dos problemas de caixa da empresa após a forte alta do dólar nos últimos dias.
A estatal informou o aumento por meio de comunicado.
O reajuste é uma sinalização ao mercado de que a empresa, hoje comandada por Aldemir Bendine, tem autonomia para definir sua política de preços dos combustíveis.
"Os preços da gasolina e do diesel, sobre os quais incide o reajuste anunciado, não incluem os tributos federais Cide e PIS/Cofins e o tributo estadual ICMS", diz o comunicado da empresa.
Integrantes do governo disseram que o próprio Palácio do Planalto considerou inevitável o reajuste em função das dificuldades financeiras da empresa, fortemente impactada pela disparada recente do dólar, o que ampliou os já elevados níveis de endividamento da companhia.
Em 10 de setembro, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota da Petrobras, tirando dela o selo de boa pagadora.


AUMENTO DEVE SER TOTALMENTE REPASSADO
O reajuste de 6% no preço da gasolina nas refinarias a partir desta quarta-feira (30.set.2015) deve ser totalmente repassado para o consumidor nas bombas, segundo José Alberto Gouveia, presidente do Sincopetro (sindicato dos postos de combustível de São Paulo).
O impacto na inflação deve ser de até 0,16 ponto percentual, concentrados em outubro, segundo analistas consultados.
"Acreditamos que, para o consumidor, a alta deverá ficar entre R$ 0,16 e R$ 0,18 [por litro]. Além dos 6%, que deverão ser repassados, há a incidência do PIS/Confins e do ICMS sobre uma base de compra maior", afirmou. A reportagem apurou que alguns postos já cogitam elevar o preço em R$ 0,20.
O preço nas bombas é livre e costuma ser reajustado à medida que o combustível com preço novo chega aos postos, mas o presidente do Sincopetro admite que pode haver aumento imediato para fazer caixa para a próxima compra.
"Não vai haver o lucro do tipo 'eu paguei mais barato, vou vender mais caro'. Ninguém sabia dessa alta, ninguém se preparou. O estoque é pequeno. Então o dono do posto vai repassar a alta imediatamente, já que ou ele aumenta agora ou não vai ter caixa para a próxima compra", disse. Os estoques, completa, duram entre dois e três dias.

INFLAÇÃO
Flávio Serrano, economista do banco japonês Haitong, estima um aumento de 4% a 4,5% do preço da gasolina nas bombas. Isso significa um impacto de 0,16 ponto percentual no IPCA, o índice oficial de inflação.
"Qualquer inflação a mais num ano tão ruim é negativo. E fomos pegos de surpresa, não esperávamos o aumento por agora", disse Serrano, que elevou sua previsão de inflação para este ano de 9,4% para 9,5%.
Serrano disse ainda que o reajuste de 4% no preço do diesel nas refinarias não terá impacto relevante sobre a inflação. O combustível é muito usado na frota de caminhões e seu impacto é menor e mais demorado sobre os preços aos consumidores.
A partir de outubro o preço do etanol anidro, um dos componentes da gasolina tipo C, vendida nos postos, pode subir por causa da entressafra da cana-de-açúcar, colocando um pouco mais de pressão nos preços dos combustíveis daqui para frente.
Nas contas do banco, o preço da gasolina vendida pela Petrobras nas refinarias estava defasada em 1% na comparação ao praticado no Golfo do México. Após o reajuste, o resultado estaria agora positivo em 4% para a estatal.
Márcio Milan, economista da consultoria Tendências, estimou em 0,13 ponto percentual o impacto do reajuste sobre a inflação deste ano. Ele disse que está revendo sua projeção de IPCA no ano, atualmente em 9,6%.
"O reajuste pegou todo mundo de surpresa e claro a tendência é de alta na projeção. Mas vai ser um pico em outubro e depois o ritmo dos preços volta a um comportamento padrão", disse o economista.

SURPRESA
Os aumentos foram aprovados em reunião de diretoria realizada na terça-feira (29.set.2015), mas os comunicados oficiais só foram divulgados ao mercado na manhã desta quarta-feira (30.set.2015).
"Ficamos sabendo pelos jornais", disse um executivo de uma distribuidora de combustíveis.
"Estou há 42 anos no mercado e nunca vi algo assim", reclamou o presidente do Sincopetro, José Alberto Paiva Gouveia. Segundo ele, os postos geralmente estão com estoques vazios no meio da semana e terão que comprar produtos para o fim de semana a preços mais altos.
Isso significa que o repasse às bombas deve ser imediato, para compensar o impacto negativo no fluxo de caixa dos postos. Geralmente, os reajustes são anunciados no fim de semana, quando os estoques estão mais cheios. O último aumento, em novembro do ano passado, por exemplo, entrou em vigor em um sábado.
Em relatório distribuído esta manhã, analistas do JP Morgan dizem que o mercado ficou "positivamente surpreso", mas que o reajuste é insuficiente para acalmar os investidores, diante da crise financeira da estatal.
Para o analista Flavio Conde, da Whatscall, os aumentos terão um impacto de R$ 9 bilhões na geração de caixa da companhia este ano - um aumento de 11% com relação à projeção anterior.
Nos cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a Petrobras tem agora uma margem de 2,9% sobre a gasolina importada - antes do reajuste, havia uma defasagem de 3%. No caso do diesel, a margem subiu de 11,7% para 16,2%.


domingo, 13 de setembro de 2015


Governo Federal já cortou quase 800 mil famílias do Programa Social Bolsa-Família
Junto com os sem-casa e os sem-Pronatec, excluídos do principal programa social do governo formam um novo contingente de desvalidos: o daqueles de quem o Estado, silenciosamente, começou a tirar o que deu

Os novos retirantes — Desde maio, o agricultor Osmar de Oliveira não recebe mais os 309 reais a que tinha direito pelo Bolsa Família. A moto estacionada na frente da casa, ou o fato de sua mãe, que mora no mesmo terreno, receber aposentadoria do INSS, pode ter sido o motivo da suspensão do pagamento, desconfia ele. Agora, sem dinheiro para a carne e a gasolina, Oliveira estuda seguir a trilha que conterrâneos percorreram décadas atrás e deixar a mulher, Jailma, e os filhos, Beatriz e Ismael, para buscar emprego em São Paulo.

O agricultor Osmar de Oliveira, os filhos, Beatriz e Ismael e a mulher, Jailma.

Primeiro, chega a "cartinha". Com carimbo do Ministério do Desenvolvimento Social, ela pede ao beneficiário do Bolsa Família que se apresente na prefeitura da cidade para agendar a visita de um assistente social à sua casa. A partir desse momento, o dinheiro do programa já para de entrar na conta da família. Semanas depois, o assistente social toca a campainha. Prancheta, caneta e almofadinha de carimbo na mão (para os casos em que o beneficiado não sabe escrever), ele faz perguntas sobre cada morador da casa: quem estuda, quem trabalha, quanto ganha. Caso note a presença de uma moto, de uma TV de LED ou de qualquer elemento que destoe do cenário de pobreza obrigatório, indaga quando a família adquiriu o bem e com que recursos. Encerrada a entrevista, pede ao beneficiário que assine o formulário preenchido e encaminha o papel à prefeitura. Feito isso, o resultado é quase sempre o mesmo: adeus, Bolsa Família. Poucos dos que recebem a visita do assistente social conseguem manter o benefício.
Sem anúncio nem alarde, o governo federal começou a passar a tesoura nos programas sociais. O Bolsa Família, carro-chefe da administração petista, sofreu neste ano o mais profundo corte desde que foi criado, há onze anos. Apenas no primeiro semestre de 2015, 782.313 famílias deixaram de receber o benefício.
Para diminuir os custos do programa sem admitir sua redução, o governo passou a promover um pente-fino silencioso entre os cadastrados. Desde maio, vem cruzando seus dados com informações do INSS e do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), por exemplo. O objetivo é identificar quem possui bens incompatíveis com o teto de renda permitido aos participantes do programa (até 154 reais por membro da família, o que torna difícil a compra de um carro, por exemplo) ou está acumulando benefícios indevidamente. Os que já recebem a aposentadoria rural de um salário mínimo não podem ganhar Bolsa Família. Também estão impedidos de integrar o programa pescadores que recebem o seguro-defeso — pago durante o período de procriação dos peixes. Esse veto surgiu de uma portaria criada pelo governo federal em março deste ano. Desde então, em cidades do Nordeste que vivem da pesca, como Saubara, na Bahia, a queda no número de beneficiários do Bolsa Família foi de quase 70%.



O ex-diretor da Petrobras — Nestor Cerveró — revela, em proposta de delação premiada, como negociou pedágio de R$ 4 milhões com a Odebrecht para a campanha de Lula em 2006 — em razão das suspeitas, Polícia Federal pediu ao STF autorização para tomar depoimento do ex-presidente

À mesa de um restaurante decorado com lustres de cristal, obras de arte contemporânea e castiçais dourados, na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, três diretores da Petrobras e dois executivos do grupo Odebrecht almoçavam reservadamente às vésperas das eleições de 2006. Era um encontro de homens de negócios. Do lado da petroleira, estavam lá os diretores Nestor Cerveró, Paulo Roberto Costa e Renato Duque; do lado da maior construtora do país, Márcio Faria e Rogério Araújo. Os cinco não falavam apenas de negócios. Falavam também de política. Nos tempos de petrolão, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, falar de negócios na Petrobras exigia falar de política: contratos com a estatal, conforme demonstram as provas da Lava Jato, eram frequentemente fechados somente mediante pagamento de propina a políticos do PT, do PMDB e do PP, a depender da diretoria. Hoje, a maioria dos cinco comensais está presa em Curitiba, acusada de participação destacada no petrolão.


Nos idos de 2006, quando transcorreu o almoço, os cinco, seja por dentro, seja por fora, mandavam muito na Petrobras. Renato Duque, diretor de Serviços, era homem do PT. Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento, do PP. E Nestor Cerveró, diretor internacional, do PT e do PMDB. Naquele almoço, Cerveró era o homem de negócios mais importante. Discutiam-se as obras para modernizar a refinaria de Pasadena, no Texas, Estados Unidos, cuja metade das ações fora comprada pela Petrobras meses antes. No jargão do mundo do petróleo, essas obras são conhecidas como “revamp”.
E que revamp. No almoço, estimou-­se que ele custaria até R$ 4 bilhões. A refinaria de Pasadena, cuja operação de compra era conhecida dentro da Petrobras pelo codinome projeto Mangueira, não tinha o apelido de “ruivinha” fortuitamente. Era um novelo de dutos enferrujados, de aparência avermelhada provocada pela oxidação dos metais. Se a Petrobras fizera um péssimo negócio ao comprar Pasadena, como veio a se confirmar nos anos seguintes, a Odebrecht estava prestes a faturar mais um formidável contrato. Decidia-se ali, no restaurante na Praia do Flamengo, que a construtora ganharia o contrato de R$ 4 bilhões. Em troca, os executivos da Odebrecht se comprometiam a pagar propina adiantada de R$ 4 milhões à campanha à reeleição de Lula — o mesmo Lula que passou a ser considerado pela Polícia Federal oficialmente suspeito no petrolão. O mensalão nem esfriara, e o PT, liderando o consórcio de partidos, já encontrava no petrolão um substituto mais lucrativo para os negócios da alta política brasileira.


A reunião no Rio e o acerto dos R$ 4 milhões foram revelados oficialmente à força-tarefa da Lava Jato pelo protagonista dessa operação: Nestor Cerveró. As informações estão registradas na mais recente proposta de delação premiada de Cerveró, em posse dos procuradores da Lava Jato e obtida pela reportagem. Trata-se de relatos pormenorizados de Cerveró sobre os negócios corruptos que tocaram primeiro na Diretoria Internacional da Petrobras, sob ordens do PT e do PMDB, e, a partir de 2008, na Diretoria Financeira da BR Distribuidora, sob ordens do PT e do senador Fernando Collor, do PTB. Neles, Cerveró afirma que a compra de Pasadena rendeu US$ 15 milhões em propina. E envolve no esquema a área internacional, além de outros funcionários da Petrobras, senadores como Delcídio Amaral, do PT, líder do governo no Senado, o presidente da Casa, Renan Calheiros, e Jader Barbalho, ambos do PMDB.


Para enviar os relatos aos procuradores, Cerveró trabalhou durante quatro dias. Reuniu histórias, resgatou datas de reuniões e valores das operações registradas em documentos e anotações que guarda em sua cela. Para corroborar as acusações, a família de Cerveró pretende recorrer a uma pilha de agendas de suas viagens e reuniões realizadas entre 2003 e 2008, período em que ocupou o cargo de diretor internacional da petroleira. Esses documentos estão guardados num cofre, à espera de uma resposta positiva dos procuradores da Lava Jato. “Do jeito que Cerveró está desesperado, ele entrega até a própria mulher”, diz um agente da Polícia Federal em Curitiba que tem contato com Cerveró.
Condenado a 17 anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, preso há dez meses, Cerveró tenta a delação desde julho. É uma negociação difícil e lenta. Envolve os procuradores da força-tarefa em Curitiba e da equipe do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Como Cerveró pode entregar políticos com foro no Supremo Tribunal Federal, caso de Delcídio, Renan e Jader, as duas frentes de investigação — Curitiba e Brasília — precisam se convencer da conveniência da delação do ex-diretor. Há hesitação em ambas. Apesar dos relatos, os procuradores esperam — exigem — mais de Cerveró. “Ele (Cerveró) continua oferecendo muito pouco perto da gravidade dos crimes que cometeu”, diz um dos investigadores de Curitiba. “A delação de Cerveró, para valer a pena, precisa de tempo. Ele ainda promete menos do que sabe”, afirma um procurador da equipe de Janot.
A situação de Cerveró ficou ainda mais difícil depois de a PGR fechar, na semana passada, o esperado acordo de delação com o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, operador das bancadas do PMDB no Senado e, em menor grau, na Câmara. O operador do PMDB, condenado a 15 anos de prisão, deve entregar as contas que foram irrigadas com pixulecos de Pasadena e das sondas contratadas pela área internacional da Petrobras, sob a responsabilidade de Cerveró. Eles atuavam juntos. Segundo Cerveró relatou aos procuradores, Baiano representou a bancada do PMDB no Senado no reparte da propina na Diretoria Internacional da Petrobras — e o dinheiro, ao menos US$ 2 milhões, foi parar nas mãos de Renan e de Jader Barbalho em 2006. Baiano já admitiu aos procuradores que intermediou propina para os senadores do PMDB em contratos na área internacional — a área do parceiro Cerveró. A delação de Baiano, que prometeu entregar comprovantes bancários das propinas, exigirá ainda mais de Cerveró. Ele fechará a delação somente se falar muito.
Nos relatos aos procuradores, porém, Cerveró já indicou o caminho da propina ao PMDB. Segundo ele, o dinheiro foi repassado a Baiano, que, por sua vez, intermediou pagamentos a outro lobista ligado ao PMDB. Esse lobista, de acordo com Cerveró, Baiano e um operador do PMDB, repassou a propina a Renan e a Jader. Surpresa: esse lobista, cujo nome ainda não pode ser revelado por razões de segurança, também passou a negociar uma delação com os procuradores. A questão na Lava Jato parece ser: quem sobrará para fazer delação?


Outro lado
O senador Jader Barbalho nega que tenha recebido propinas de contratos para a Petrobras. “Nunca nem ouvi falar (sobre os navios-sondas)”, diz ele. O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral, afirma que jamais fez reunião com diretores da Petrobras junto com o empresário Ricardo Pessôa, da UTC, e nega que recebeu propinas da Petrobras.
A Odebrecht diz que “de fato foi consultada, formalmente e não em nenhum tipo de evento social, sobre a possibilidade de formar consórcio com outras construtoras brasileiras para disputar contrato para eventual modernização da refinaria de Pasadena”. ‎A companhia diz que tais obras, porém, nunca foram realizadas. “Tal convite, por parte da Petrobras, não tem qualquer relação com doações eleitorais que a empresa faz”, diz a nota. A companhia ainda esclarece que o contrato assinado em 2010 sofreu alteração no valor “em função única e exclusivamente da alienação, por parte da Petrobras”. A empresa diz que todos os questionamentos feitos sobre esse acordo foram esclarecidos. Também procurado pela reportagem, Lula não retornou as ligações.

Lula é suspeito de ter se beneficiado do petrolão
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é suspeito de ter se beneficiado do petrolão para obter vantagens pessoais, para o PT e para o governo. A suspeita consta em documento da Polícia Federal. Nele, pede-se ao Supremo Tribunal Federal autorização para ouvir Lula no inquérito que investiga políticos na operação Lava Jato.

Lula no encontro dos petroleiros

O documento, enviado ao STF, na quarta-feira (09.set.2015), é assinado pelo delegado Josélio Sousa, do grupo da PF em Brasília que atua no caso. Assim escreveu o delegado: “Atenta ao aspecto político dos acontecimentos, a presente investigação não pode se furtar de trazer à luz da apuração dos fatos a pessoa do então presidente da República, LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA que, na condição de mandatário máximo do país, pode ter sido beneficiado pela esquema em cursa na PETROBRAS, obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo, com a manutenção de uma base de apoio partidário sustentada à custa de negócios ilícitos na referida estatal”.
Para a PF, “os fatos evidenciam que o esquema que ora se apura é, antes de tudo, um esquema de poder político alimentado com vultosos recursos da maior empresa do Brasil”.

Documento mostra pedido da Polícia Federal para ouvir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
no inquérito que investiga políticos na operação Lava Jato

Diante de tais suspeitas, a PF elencou a lista de pessoas do “primeiro escalão” que deveriam ser ouvidas. Lula está lá, embora não tenha mais foro privilegiado. A PF não explica por que pediu ao Supremo a tomada do depoimento — e não à primeira instância.  “Neste cenário fático, faz-se necessário trazer aos autos as declarações do então mandatário maior da nação, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, a fim de que apresente a sua versão para os fatos investigados, que atingem o núcleo político-partidário de seu governo”.
Em Buenos Aires, na sexta-feira (11.set.2015), o ex-presidente Lula, questionado sobre o pedido da PF, disse: "Não me comunicaram nada".


sexta-feira, 11 de setembro de 2015


Petistas já acham que impeachment é provável

Ministros, deputados e senadores do PT já consideram não apenas possível — mas provável que a presidente Dilma Rousseff seja afastada do governo num processo de impeachment ainda neste ano. O clima é de abatimento.
Pelo monitoramento do PT, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rejeitará pedidos de impedimento, inclusive o de Helio Bicudo. Deputados da Frente Pró-Impeachment, com 280 votos, recorreriam ao plenário e, com maioria simples, votariam pela admissibilidade do impeachment, primeiro passo para o afastamento de um presidente.
Um senador do PT observa que foi a partir da aprovação da admissibilidade do impeachment de Fernando Collor que "as pessoas começaram a acreditar e tomaram as ruas do país" para derrubá-lo do poder, em 1992. O mesmo poderia acontecer com Dilma Rousseff.
EMPURRÃO — Nesse clima de pressão máxima, o impeachment seria então apreciado na Câmara. Como o voto é aberto, até mesmo parlamentares de oposição que são contra o afastamento se veriam forçados a votar a favor.

Parlamentares da oposição lançam movimento pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff



Câmara ameaça parar até votar o impeachment

Após o lançamento da campanha para destituir a presidente Dilma, na quinta-feira (10.set.2015), a oposição articula obstrução e paralisação no exame de projetos de interesse do governo, até que o impeachment entre na pauta das discussões. Como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, líderes de oposição consideram que o governo Dilma “acabou” e sua permanência no cargo é altamente prejudicial ao País.
O impasse pode abrir espaço para que o Congresso assuma o ônus de promover os cortes radicais de custos, no Executivo, que a crise exige.
Impostos, não. Eduardo Cunha já avisou que a Câmara não aceitará projetos de aumento de impostos: “Sou radicalmente contrário”.
Dilma se recusa a acabar privilégios e até mordomias, como carro oficial, e a fazer cortes nas 100 mil boquinhas distribuídas a aliados.

O site Pró-Impeachment

Movimento da Câmara lança site pró-impeachment
Página virtual apoiada por deputados da oposição e da base traz a íntegra do pedido de afastamento de Dilma apresentado pelo jurista Hélio Bicudo, fundador do PT.
O movimento suprapartidário pró-impeachment criado na Câmara lançou na manhã de quinta-feira, 10.set.2015, site com abaixo-assinado pelo impedimento da presidente Dilma Rousseff.
O site Pró-Impeachment abre com a seguinte mensagem: “Assine o abaixo-assinado pelo impeachment de Dilma”. Em menos de 24 horas, o abaixo-assinado contra Dilma lançado no site Pró-Impeachment acumulou 200 mil assinaturas. O site foi criado por parlamentares da oposição e até da base aliada do governo.
A página diz “#impeachmentjá!” e “Chega! Os brasileiros não aceitam mais mentiras, crise ética/moral, corrupção generalizada, desemprego crescente, inflação alta, pedaladas fiscais, Mensalão e Petrolão, aumento de impostos, luz e gasolina mais caras e cortes na saúde, educação e segurança”. “Estamos ao lado da população, indignados com tanta bandalheira! E, assim como a maioria dos brasileiros, defendemos que a presidente seja afastada o mais rápido possível, através do seu impeachment! Participe você também do Movimento Pró-Impeachment!”, diz texto na página da petição.
A página virtual traz a íntegra do pedido de impeachment apresentado pelo jurista Hélio Bicudo, fundador do PT. Na peça apresentada, Bicudo cita as “pedaladas fiscais”, a Operação Lava Jato e a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobrás para afirmar que Dilma cometeu crime de responsabilidade.
O jurista também lembra que o vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, solicitou à Procuradoria-Geral da República apuração sobre eventuais crimes eleitorais.
O site estimula que internautas compartilhem fotos com pedidos de saída de Dilma Rousseff da Presidência. E traz uma sessão chamada “compartilhe os fatos na rede”, com três imagens. Na primeira, uma frase de Hélio Bicudo: “Golpe será permitir que o estado de coisas vigente se perpetue”. Na outra, há uma foto da presidente com a frase “Mentiu na campanha. Estourou as contas públicas para ganhar eleição. Se beneficiou de esquema corrupto. Merece continuar? Não”. No terceiro, a frase é a seguinte: “Se até um fundador do PT pede impeachment de Dilma, é porque o governo não tem nenhuma condição moral de continuar”.
O movimento, que reúne deputados de PSDB, PPS, DEM, SD, PSC, PTB e até partidos da base, como PMDB e PSD, tem também perfil no Twitter e página no Facebook.

O Deputado Federal Ságuas Moraes (PT-MT) dando tapa no boneco pixuleco durante protesto
dos Deputados Jair Bolsonaro (PP-RJ) Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) no plenário.
Na votação que aprovou o parecer do relator, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ),
ao substitutivo do Senado para o projeto de lei da minirreforma eleitoral (PL 5735/13).

Janela da infidelidade
O plenário da Câmara aprovou emenda do Senado que garante uma janela de 30 dias para o troca-troca partidário antes das eleições. Pela emenda aprovada, o candidato poderá trocar de partido pelo qual foi eleito, no mês de março do ano da eleição, para concorrer por outra legenda. A chamada janela da infidelidade é um desejo antigo dos parlamentares, mas não concretizada. Em 2007, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a troca era inconstitucional e por isso, no entendimento de deputados, essa janela só poderia ser estabelecida por meio de emenda constitucional.
Pela emenda, é permitida a mudança partidária nos 30 dias que antecedem o prazo de filiação exigido pela lei para que um deputado concorra às eleições por um partido. Os deputados também alteraram esse prazo, reduzindo a exigência que hoje é de um ano, para seis meses antes da eleição. A Câmara também aprovou emenda do Senado que estabelece como teto de gastos de deputado federal. O texto da Câmara fixava um teto único para todos os candidatos a deputado federal, de 65% do gasto mais alto. A emenda aprovada estabelece um teto de 70% do maior gasto, mas que valerá em cada estado. Com isso, o teto de gastos nas campanhas de deputado federal em São Paulo não será o mesmo, por exemplo, que em Roraima.
A Câmara finalizou a votação da minirreforma eleitoral e o texto seguirá agora à sanção presidencial.



Governo Dilma — 'hesitante, inativo e incapaz'

As federações das indústrias de São Paulo e do Rio de Janeiro (Fiesp e Firjan) chamaram o governo Dilma de hesitante, inativo e incapaz, num manifesto conjunto divulgado na quinta-feira (10.set.2015), em que pedem "propostas concretas" para superar a crise, em vez de "um ajuste de mentirinha".
A nota afirma que "o governo abriu mão de governar" e não tem uma "estratégia clara sobre o que fazer para lidar com crise tão aguda, nem parece haver a capacidade de empreender o esforço tão necessário de entendimento nacional que viabilizaria a adoção de um programa consensual de ajustes na esfera econômica".
A nota conjunta foi costurada da Europa, onde os presidentes da Fiesp, Paulo Skaf, e da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, estavam na quarta-feira (09.set.2015), quando o Brasil perdeu o selo de bom pagador da agência de classificação de risco Standard & Poor's. Na quinta-feira (10.set.2015), pela manhã, eles se encontraram em Paris e acertaram os termos do manifesto.
No mês passado, Skaf e Gouvêa Vieira já tinham feito parceria num comunicado para apoiar o apelo de união pela governabilidade do país feita pelo vice-presidente da República, Michel Temer.
Fortemente ligado a Temer, o presidente da Fiesp pertence aos quadros do PMDB e tem ambições políticas. Dias atrás, num jantar com empresários que ofereceu ao vice-presidente na sede da Fiesp, Skaf defendeu a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Eduardo Eugênio Gouvêa Viera e Paulo Skaf

SEM PACIÊNCIA
O comunicado foi feito para desancar a gestão Dilma sem nenhuma cerimônia.
A dupla se declara perplexa com a inação do governo e afirma que a "sucessão de erros foi coroada pelo envio ao Congresso da peça orçamentária do próximo ano com previsão de deficit de mais de R$ 30 bilhões". "Com esse ato, o governo abriu mão de governar", dizem.
Os presidentes da Fiesp e da Firjan se colocam contra aumentos de impostos, "a receita fácil de sempre", reivindicam um ajuste fiscal "de verdade" e baseado em cortes de despesas e sugerem "um programa ousado de venda de ativos públicos".
Eles afirmam também que a paciência do empresariado está chegando no limite. "A disposição de colaborar é permanente, mas não incondicional. É preciso constatar que há uma contrapartida de quem tem a responsabilidade de conduzir o país."
A indústria foi o setor da economia que mais sofreu nos últimos anos, em boa parte em razão da valorização do real frente ao dólar, que diminuiu a competitividade das empresas.
Até o ano passado, reclamavam que davam com a porta na cara quando procuravam o governo para apresentar seus problemas e do que enxergavam como falta de diálogo com Dilma.
Para piorar o relacionamento, este ano, a maior parte do setor perdeu as desonerações de impostos que o governo tinha concedido na tentativa de compensar os desajustes e manter a economia funcionando.


Leia a íntegra do manifesto da Fiesp e da Firjan:
A Fiesp e a Firjan vêm a público expor sua perplexidade com a inação do Governo diante da deterioração crescente do quadro econômico no país.
A perda do grau de investimento por uma agência de rating internacional é o desfecho de uma série de hesitações, equívocos e incapacidade de lidar com os desafios de uma conjuntura econômica cujo esfacelamento é resultado de incontáveis erros cometidos ao longo dos últimos anos.
A sucessão de erros foi coroada pelo envio ao Congresso Nacional da peça orçamentária do próximo ano com previsão de déficit de mais de R$ 30 bilhões. Assim, o Poder Executivo abriu mão de uma de suas prerrogativas mais básicas: a iniciativa de propor ao Legislativo o ordenamento das receitas e despesas públicas segundo suas prioridades. Com esse ato, o governo abriu mão de governar.
Não há uma estratégia clara sobre o que fazer para lidar com crise tão aguda, nem parece haver a capacidade de empreender o esforço tão necessário de entendimento nacional que viabilizaria a adoção de um programa consensual de ajustes na esfera econômica.
É mais do que passada a hora de implementar um rigoroso ajuste fiscal no país. Não um ajuste de mentirinha. O Brasil clama por um ajuste fiscal de verdade e baseado em cortes de despesas.
O país repudia com ênfase novos aumentos de impostos. Esta é a receita fácil de sempre, mas a sociedade não aguenta mais pagar a conta da incompetência do Estado.
Só reformas estruturais de longo prazo recolocarão o Brasil no rumo do crescimento econômico e geração de emprego. O setor produtivo precisa de menos tributos para voltar a dar conta de girar a roda da economia. É o contrário do que o Governo propõe.
É preciso adotar uma regra de ouro para as despesas públicas a fim de que não possam elevar-se acima da taxa de crescimento do PIB.
É vital que se implemente um programa ousado de venda de ativos públicos, que poderia amenizar a necessidade de arrecadação de recursos. É hora de assumir responsabilidades e abandonar a letargia e a inação!
É evidente a boa vontade dos empresários em colaborar para um entendimento nacional. Mas é preciso que haja uma contrapartida, um rumo, um norte. É tudo o que o Brasil não enxerga hoje.
O tempo corre contra o país. Já se perdeu o grau de investimento. Até o final do ano, podemos ter 1,5 milhão de postos de trabalho perdidos.
O atual ambiente de incerteza penaliza corporações brasileiras de todos os tamanhos. As pequenas e médias empresas estão sufocadas. Muitas lutam apenas para sobreviver. Outras fecham suas portas.
É em nome de cada uma destas empresas e de seus trabalhadores que FIRJAN e FIESP vêm a público para cobrar um posicionamento firme e propostas concretas que exponham um plano para superar a grave crise em que o país foi colocado.
A disposição de colaborar é permanente, mas não incondicional. É preciso constatar que há uma contrapartida de quem tem a responsabilidade de conduzir o país.
O Brasil não pode mais esperar!

Paulo Skaf, presidente da Fiesp

Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan



Os atentados de 11 de Setembro de 2001


Ataques deixaram quase 3.000 mortos nos EUA


Reconstituição mostra como foi a ação dos terroristas




11 de Setembro minuto a minuto VALE ESSE (Foto: Arte/G1)




Bandeira palestina será hasteada na sede da ONU
Resolução é mais recente iniciativa diplomática para o reconhecimento da Palestina como Estado-Membro

NOVA YORK — Assembleia-Geral das Nações Unidas aprovou na quinta-feira (10.set.2015) com grande maioria a resolução que permite o hasteamento da bandeira palestina na sede da ONU, em Nova York. A medida, que teve 119 votos a favor dos 193 membros da ONU, enfureceu Israel, que votou contra, assim como os EUA e outros seis países. Entre os apoiadores, estão países que recentemente apoiaram o reconhecimento do Estado Palestino, como França, Suécia, Itália e Espanha. O Brasil foi um dos que votou a favor – 45 nações se abstiveram.
Embora simbólica, a medida dá força às aspirações da Autoridade Palestina em conseguir um Estado próprio. O presidente Mahmoud Abbas visitará o local no final do mês.
— É simbólico, mas um passo além para que se solidifiquem os pilares do Estado Palestino na arena internacional — comemorou o embaixador palestino na ONU, Riad Mansour. — As coisas vão mal, o processo político está morto, Gaza está sendo sufocada. A iniciativa nos dá esperança.
A resolução permite que as bandeiras de países observadores não membros da ONU sejam erguidas ao lado dos membros. “Trata-se de um passo para o reconhecimento da Palestina como um membro pleno das Nações Unidas”, afirmou, Pouco antes da votação, o primeiro-ministro palestino, Rami Hamdallah. Diplomatas disseram que o plano é hastear a bandeira no dia 30, quando o presidente palestino, Mahmoud Abbas, fará seu discurso anual na Assembleia-Geral.

Bandeiras palestinas são vistas no Vaticano durante a canonização 
de freiras palestinas

O único outro Estado observador não membro da ONU é o Vaticano, que reagiu friamente quando os palestinos circularam o rascunho da resolução entre os embaixadores da organização, no mês passado. O Vaticano chegou a copatrocinar a resolução, mas pediu para ter o nome retirado do texto.
Na quarta-feira (09.set.2015), o representante da Santa Sé na ONU, o arcebispo filipino Bernardito Auza, afirmou que não havia planos do Vaticano para isso. De qualquer maneira, explicou Auza, ele acataria qualquer decisão tomada em Nova York. O papa Francisco, que fará uma viagem oficial aos EUA no fim do mês, deve realizar um discurso na ONU no dia 25.

Ofensiva diplomática
A resolução sobre a bandeira é a mais recente investida diplomática de Abbas para o reconhecimento da Palestina como um Estado-membro pleno da ONU. Em 2012, a maioria dos países da Assembleia-Geral aprovou o pedido apresentado por ele de reconhecimento da Palestina como Estado observador não membro, o mesmo do Vaticano.
A vitória palestina foi obtida após uma tentativa frustrada — abortada pelos EUA no Conselho de Segurança — de conseguir o status de membro pleno na organização. A recente demanda palestina foi defendida por vários países da Ásia, África, América Latina e alguns europeus — vários desses países já reconhecem o Estado Palestino com suas fronteiras pré-1967.

Oposição
O Departamento de Estado americano chamou a medida de “contraproducente”, dizendo que ela não ajuda nos esforços de reconciliação entre as partes.
Antes da votação, a embaixadora dos EUA na ONU, Samantha Power, que se opôs veementemente à medida, afirmou que se tratava de uma iniciativa “não construtiva” para as negociações de paz entre palestinos e israelenses — o mesmo discurso adotado pela Casa Branca há anos. Além de americanos e israelenses, Canadá, Ilhas Marshal, Micronésia, Palau e Tuvalu votaram contra.

Manifestantes pró-Palestina protestam perto da residência do premier britânico, David Cameron, 
que se reuniu com seu par israelense, Benjamin Netanyahu.

Israel pretende pedir que o secretário-geral, Ban Ki-moon, vete a resolução.
— Esta é uma tentativa flagrante de sequestrar a ONU — acusou o representante israelense, Ron Prosor, que já havia criticado os palestinos por “tentarem pontuar inutilmente na organização.
O embaixador israelense na ONU, Ron Prosor, perto do fim de seu mandato no cargo, afirmou que as vidas de palestinos e israelenses “continuarão as mesmas” após essa decisão. “Não se enganem: o objetivo dessa resolução é apenas conseguir um golpe de relações públicas”, afirmou, dizendo que Abbas reunirá líderes e imprensa para acompanhar o içamento da bandeira palestina.



Deterioração do cenário econômico — S&P é a primeira agência a retirar selo de bom pagador do país




quinta-feira, 10 de setembro de 2015


Um hominídeo muito louco
Nova espécie do gênero humano é descoberta na África do Sul, dizem pesquisadores

Uma antiga espécie do gênero humano desconhecida até agora foi descoberta em uma caverna da África do Sul, onde foram exumados os ossos de 15 hominídeos, anunciou uma equipe internacional de cientistas.
Os fósseis foram encontrados em uma caverna profunda de difícil acesso, perto de Johannesburgo, na área arqueológica conhecida como "Berço da Humanidade", que é considerada patrimônio mundial pela Unesco.
"Estou feliz de apresentar uma nova espécie do ancestral humano", declarou Lee Berger, pesquisador da Universidade Witwatersrand de Johannesburgo, durante uma entrevista coletiva em Moropeng, onde fica o "Berço da Humanidade".
Em 2013 e 2014, os cientistas encontraram mais de 1.550 ossos que pertenceram a, pelo menos, 15 indivíduos, incluindo bebês, adultos jovens e pessoas mais velhas. Todos apresentavam uma morfologia homogênea e pertenciam a uma "nova espécie do gênero humano que era desconhecida até então".
A nova espécie foi batizada de 'Homo Naledi' e classificada dentro do gênero Homo, ao qual pertence o homem moderno.
O Museu de História Natural de Londres classificou a descoberta de "extraordinária".
"Alguns aspectos do Homo Naledi, como suas mãos, seus punhos e seus pés, estão muito próximos aos do homem moderno. Ao mesmo tempo, seu pequeno cérebro e a forma da parte superior de seu corpo são mais próximos aos de um grupo pré-humano chamado australopithecus", explicou o professor Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, autor de um artigo sobre o tema publicado na revista científica eLife.
A descoberta pode permitir uma compreensão melhor sobre a transição, há dois milhões de anos, entre o australopithecus primitivo e o primata do gênero homo, nossa ancestral direto.

Simulação do rosto do "Homo Naledi" — reconstrução mostra 
como seria o rosto do hominídeo com base na análise 
dos ossos de 15 hominídeos.

CÉREBRO PEQUENO E CORPO “DE GENTE”— As principais descobertas sobre evolução humana e os estudos publicados sobre o 'Homo Naledi', que talvez seja uma nova espécie do gênero biológico ao qual todos nós pertencemos, o Homo, bateram vários recordes de esquisitice.
Embora tenha sido classificado como membro do gênero Homo por Lee Berger e seus colegas da Universidade do Witwatersrand, na África do Sul, o novo hominídeo tinha um cérebro equivalente ao de um gorila dos dias de hoje. Ao mesmo tempo, suas mãos, pernas e pés parecem as dos neandertais e humanos modernos — se não fosse pelos dedos curvados, em geral vistos como adaptação para agarrar galhos de árvores, como ocorre com os chimpanzés.
Em resumo, a anatomia do bicho parece um mosaico, ou seja, mistura características ditas “primitivas” com outras “modernas”. Essa situação não é incomum na linhagem do homem, e parece mesmo que o cérebro foi mesmo um dos últimos órgãos a ganhar uma versão 2.0, mas a combinação exata de características do bicho sul-africano tem cara de ser inédita — daí a decisão de lhe dar um novo nome de espécie.

Crânio de um hominídeo

Mandíbula de um hominídeo

Esqueleto da mão de um hominídeo

MAS É HOMO — Essa é uma das tretas mais cabulosas da pesquisa sobre evolução humana nos últimos tempos.
Há pesquisadores influentes defendendo que o gênero Homo virou um saco de gatos, abrigando diversas espécies que, no fundo, têm pouca coisa em comum entre si e com os humanos modernos, que demos nosso nome ao grupo.
Vários desses bichos seriam primitivos demais para merecer a designação. Deveriam ser rebatizados, portanto, e talvez incluídos no grupo dos australopitecos, homens-macacos que foram comuns na África até uns 2 milhões de anos atrás. Aliás, falando em idade …

Fósseis que possibilitaram a descoberta do "Homo Naledi" em uma caverna na África do Sul.






QUE IDADE TEM ESSE SUJEITO — A resposta honesta no momento é “vai saber”, infelizmente. Berger e companhia não conseguiram datar os fósseis, embora eles representem mais de 15 indivíduos.
A datação está longe de ser só perfumaria aqui. Uma idade igual ou superior a 2 milhões de anos, digamos, daria mais peso à ideia de que a criatura pode ser um ancestral dos demais membros do gênero humano.
Por outro lado, nada impede que seja uma criatura bem mais recente, com algumas centenas de milhares de anos de idade, digamos. Nesse caso, estaríamos falando de um experimento evolutivo paralelo — fascinante, sem dúvida, mas com menos impacto direto na compreensão das origens da nossa espécie.

QUE REVISTA É ESSA — A última perplexidade talvez seja tão relevante quanto as anteriores. A descoberta de uma nova espécie de hominídeo normalmente é uma notícia espetaculosa — com razão, porque os bichos são mais raros do que cabeça de bacalhau no registro fóssil. É quase certo que achar uma dessas criaturas catapulte os autores da pesquisa para as páginas das revistas científicas mais famosas e prestigiosas do mundo, a “Nature” e a “Science”. Só que Berger e companhia publicaram seu trabalho na relativamente obscura “eLife”, revista científica online de acesso livre.
Não surpreenderia se o artigo original tivesse sido rejeitado por essas grandes revistas primeiro — não por picaretagem, mas simplesmente pelas grandes lacunas a respeito da identidade do nosso amigo 'Homo Naledi'.

COMPLEXIDADE — O resumo da ópera é que ainda vamos precisar de um bocado de tempo para digerir o que exatamente a descoberta significa para a história do gênero humano. De qualquer maneira, ela reforça os indícios de que nunca houve uma progressão evolutiva linear rumo a nós, Homo Sapiens, mas sim uma luxuriante proliferação de galhos da árvore genealógica do homem que conviveram, competiram e, muitas vezes, sumiram.