sábado, 17 de março de 2012


Cassio  Mércio
Nota:
No momento estou com uma atividade paralela ao blog, que está a impedir atualizações frequentes. 
Voltarei a postar com assiduidade, o mais breve possível.

Obrigado pela atenção. Até breve!!!!! 

quarta-feira, 7 de março de 2012


Corpo de Bin Laden não foi lançado ao mar, diz WikiLeaks.

Osama  Bin  Laden
O corpo do ex-líder da Al Qaeda Osama bin Laden não foi lançado ao mar como disseram as autoridades americanas, mas levado para os Estados Unidos em um avião da CIA (agência de investigação do país), revelou o WikiLeaks ao jornal espanhol "Público".
E-mails da Stratfor Global Intelligence, empresa privada de segurança conhecida como "CIA na sombra", aos quais teve acesso o "Público" e outros jornais do mundo todo, revelam que o sepultamento de Bin Laden em alto-mar nunca aconteceu. Ele foi assassinado por um comando especial de forças americanas em 2011 em Abbottabad, no Paquistão.
Em mensagem classificada como "superconfidencial" pelo "Público", Fred Burton, um dos diretores da empresa com sede no Texas, diz: "fui informado que trouxemos o corpo. Graças a Deus". O e-mail tem o título de "OBL", o que o jornal espanhol interpretou como as iniciais de Osama bin Laden.
Na mensagem seguinte, Burton escreve "(alpha) O corpo esta a caminho de Dover, Delaware, em um avião da CIA", detalhou o "Público", que explicou que "a palavra-chave '(alpha)'" significa que a informação é "limitada a uma reduzida cúpula de máxima responsabilidade na corporação". O jornal assinalou que em Dover há uma base da Força Aérea dos Estados Unidos.
"Depois seguirá até o Instituto de Patologia das Forças Armadas em Bethesda", perto de Washington, acrescenta Burton, ex-agente especial do Serviço Secreto Diplomático do Departamento de Estado dos EUA.
Em outra mensagem no contexto de uma conversa entre analistas da Stratfor, Burton revela que "o corpo segue em direção a Dover e já deveria ter chegado".
Em outra conversa aponta: "se o corpo foi jogado no mar, coisa que duvido, seria um toque muito ao Adolf Eichmann. A Tribo fez o mesmo com as cinzas desse nazista. Nós quereríamos ter a fotografia, o DNA, as impressões digitais, etc... Seu corpo é como a cena de um crime e não concebo que o FBI (polícia federal americana) e o Departamento de Justiça permitissem semelhante coisa".
Conforme o Governo dos Estados Unidos, o corpo de Bin Laden foi levado de Abbottabad ao porta-aviões Carl Vinson, no mar de Arábia, onde seguindo os costumes islâmicos foi lavado e envolvido em um sudário branco, para depois ser colocado em uma bolsa carregada com pesos e jogado ao mar.

sábado, 3 de março de 2012


Professores do Rio Grande do Sul 
rejeitam oferta de reajuste e entram 
em estado de greve

O sindicato dos professores e trabalhadores em educação do Rio Grande do Sul (Cpers/Sindicato) rejeitou a proposta de 76,68% de reajuste até novembro de 2014 feita pelo Governo do estado. Em assembleia geral realizada na sexta-feira (2 de março), em Porto Alegre, em frente ao Palácio Piratini, a categoria decidiu exigir o pagamento integral do piso nacional do magistério ainda em 2012 e aprovou o estado de greve.
Para pressionar o Governo, os professores aprovaram o próprio calendário para o pagamento do piso nacional do magistério, em três parcelas: maio, agosto e novembro. O valor do piso foi fixado em R$ 1.451 no dia 27 de fevereiro pelo Ministério da Educação (MEC), corrigido pela variação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
O Palácio Piratini, no entanto, diverge do MEC e diz que o piso dos professores deve ser corrigido pela variação da inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). De Brasília (DF), o governador Tarso Genro fez duras críticas ao ministro da Educação, Aloizio Mercadante, sobre a determinação de reajuste pelo Fundeb.
“A opinião do Mercadante, do ponto de vista jurídico, é totalmente furada. Não tem respaldo da realidade jurídica do país e nem nas relações federativas. Piso é um valor constante, atualizado pela inflação. Sou favorável ao piso pelo Fundeb, mas quem o instituiu deve repassar recursos para os estados e municípios”, disse Tarso.
Com base no INPC, a proposta do Piratini fixou o piso em R$ 1.260,19 para uma jornada de trabalho de 40 horas semanais. A oferta rejeitada pelo Cpers previa o reajuste de 76,68%, dividido em sete parcelas, até novembro de 2014. Os professores querem a retirada do projeto de 23,5% de aumento que já tramita na Assembleia Legislativa. Na próxima segunda-feira (5 de março), sindicato e Governo devem sentar à mesa para uma nova etapa de negociações.



Exército entregará no final do mês o projeto da ampliação da pista do 
aeroporto gaúcho Salgado Filho


Só no final deste mês o Exército entregará à Infraero o projeto básico para as obras de ampliação da pista do Aeroporto Salgado Filho.
Ela terá 900 metros a mais, avançando sobre as vilas Dique e Nazaré, até completar 3.300 metros.
O dinheiro para o investimento, R$ 150 milhões, está garantindo, mas problemas legais novos surgiram nos últimos dias, todos eles ligados à altura dos prédios em torno.
A Infraero confirmou que está nos seus planos a construção de novo aeroporto na cidade gaúcha de Portão ou Nova Santa Rita. O empreendimento poderá sair no formato de PPP.


Beira-Rio: a solução está mais próxima
Tarso usa You Tube para avisar que Andrade Gutierrez já tem as garantias para tomar R$ 205 milhões no Banrisul


Foi inédito o meio usado na sexta-feira - 2 de março - pelo Governador Tarso Genro para informar que conversou com o executivo da Andrade Gutierrez, Sérgio Andrade. Tarso usou o You Tube.
O Presidente do Conselho de Administração da Andrade Gutierrez, Sérgio Andrade, anunciou ao Governador que o grupo mineiro oferecerá as garantias exigidas pelo Banrisul para obter o empréstimo de R$ 205 milhões para construir a arena do Internacional.
O aviso do Governador foi formal. Ele fez o comunicado no escritório de representação do Rio Grande do Sul em Brasília.
Com a decisão da Andrade Gutierrez, o imbróglio fica resolvido. Andrade Gutierrez e Banrisul voltaram a se reunir para fechar o contrato.



Andrade Gutierrez  afirma ter obtido garantias para retomada das obras do Beira-Rio

A Andrade Gutierrez divulgou na sexta-feira (2 de março) uma nota oficial explicando que encontrou os "mecanismos financeiros" necessários para a liberação do empréstimo junto ao BNDES. O comunicado, no entanto, não cita o Banrisul, que vinha sendo a instituição financeira procurada pela empresa para o repasse da verba.
O banco informa que ainda não recebeu uma posição da construtora. Procurado pela reportagem, o BNDES não quis comentar o assunto. Em entrevista, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, no entanto, afirmou que a construtora deve apresentar as garantias ao Banrisul.
- Ainda não está fechada (a negociação), porque o Banrisul precisa analisar com toda a cautela - avisou.
A Andrade Gutierrez garante a realização da Copa de 2014 no Estádio Beira-Rio e estipula para "breve" a definição da data de assinatura do contrato com o Inter, bem como o cronograma das obras, que estão paralisadas há mais de 250 dias.
Embora reiterando otimismo no acerto, o presidente Giovanni Luigi foi econômico ao analisar a nota da construtora. Ainda está na expectativa pela confirmação oficial do fim do imbróglio.
- A nossa posição é de otimismo, mas precisamos do contrato assinado - afirmou. - Não temos nenhum contato com o Banrisul, a responsabilidade é da Andrade Gutierrez de apresentar as garantias.

Confira abaixo, nota à imprensa da Andrade Gutierrez:
A Construtora Andrade Gutierrez confirma que identificou os mecanismos financeiros adequados para o Plano de Garantias perante o BNDES e os agentes financeiros repassadores dos recursos ProCopa.
Estas garantias formais, necessárias para o projeto de reforma e modernização do Estádio Gigante da Beira-Rio, asseguram a execução das obras em tempo hábil para que o estádio sedie jogos da Copa do Mundo de 2014, entregando à torcida colorada, a todo o povo gaúcho e a todos os brasileiros que se encantam com o futebol um projeto digno de seus anseios e expectativas.
Em breve, será definida e informada a data de assinatura do contrato com o S.C. Internacional, bem como o cronograma de obras.



Andrade Gutierrez tem relação estreita com o governo federal
Empresa responsável pela obra do Beira-Rio foi a construtora a receber o terceiro maior montante de recursos públicos no ano passado

Responsável por erguer grandes empreendimentos de infraestrutura no país, a Andrade Gutierrez foi a construtora a receber o terceiro maior montante de recursos públicos no ano passado.
Pela execução de obras rodoviárias e ferroviárias do governo federal, a empreiteira engordou o faturamento em R$ 393 milhões.
Em 2011, a construtora recebeu valores referentes à execução de obras como a Ferrovia Norte-Sul, no Nordeste brasileiro, assim como a expansão e melhoria da linha do Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb), no Estado. Conforme o Portal Transparência, que reúne informações de despesas e receitas da União, somente para o transporte ferroviário da Capital o governo federal pagou R$ 5,8 milhões à construtora.
Os gastos da União destinados à Andrade Gutierrez não são de agora, vem aumentando a cada ano. Em 2010, mais de R$ 530 milhões saíram dos cofres da União para obras executadas pela construtora.
— Antigamente as empreiteiras que trabalhavam para o setor público tinham problemas com pagamento. Mas, nos últimos anos, o governo vem honrando os compromissos, o que torna o negócio interessante para as empresas — avalia Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora.
Em 2010, a Andrade Gutierrez fechou com faturamento de R$ 18,186 bilhões e um lucro líquido de R$ 775 milhões. A unidade de Engenharia e Construção da empresa celebrou o melhor resultado em 21 anos, com R$ 6,390 bilhões de receita bruta operacional.
O desempenho foi resultado de contratações grandiosas, como construção de refinarias para a Petrobras, a Ferrovia Norte-Sul, o Brasil Terminais Portuários, a Usina Nuclear Angra 3 e a Hidrelétrica Santo Antônio. Em 2010, a Andrade Gutierrez conquistou a liderança do consórcio construtor da Hidrelétrica de Belo Monte, que será a terceira maior do mundo.
O grupo, nascido em Minas Gerais há 62 anos, atua também nos setores de concessões, telecomunicações, energia e saúde. Nesse período, a carteira soma mais de 650 projetos e operações comerciais em 38 países.


Vazamento em tanque de nafta é investigado no Pólo Petroquímico de Triunfo no Rio Grande do Sul.
Saúde de cem trabalhadores é monitorada.


Pelo menos 100 trabalhadores da Unidade de Petroquímicos Básicos do Polo Petroquímico de Triunfo estãos sendo monitorados em função de possível intoxicação decorrente do vazamento de um dos reservatórios de nafta. Técnicos da Fepam foram chamados e investigam o caso. Vapores de nafta são inflamáveis, explosivos e provocam graves problemas de saúde.  O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas de Triunfo denunciou que o vazamento de quarta-feira(29) decorreu de negligência da empresa.

Nota da Braskem, controladora do Polo, explicando o que ocorreu:
Comunicado Braskem

 A Braskem decidiu suspender os trabalhos da área administrativa e de prestadores de serviço de suas plantas do Polo Petroquímico de Triunfo nesta sexta-feira ( 2 de março de 2012) após constatar ainda a presença de  odor no local. A empresa  segue realizando o monitoramento do ar em todas as áreas com nenhuma alteração nos resultados.
As atividades normais serão retomadas na segunda-feira (5 de março de 2012), quando a empresa já terá concluído o deslocamento da nafta armazenada em um tanque que teve o teto flutuante inclinado em decorrência das fortes chuvas do dia 22 de fevereiro. A operação envolve o deslocamento de 14 mil toneladas de nafta para outro tanque e deverá ser concluída no sábado (3 de março de 2012). As atividades operacionais das unidades seguem ocorrendo normalmente.
Ontem [1º de março de 2012], os colaboradores do turno administrativo foram liberados como forma preventiva após o mau tempo diminuir o efeito de contenção da espuma mantida como cobertura sobre o teto flutuante do tanque. O incidente liberou odor na área gerando desconforto, com imediato isolamento do local.
No dia 29 de fevereiro, chuvas e ventos fortes atingiram Triunfo, provocando o deslocamento da espuma especial que isolava parte da cobertura do tanque de armazenagem de nafta, matéria-prima líquida utilizada pela indústria petroquímica.


Morosidade livra ex-deputado de punição judicial

Edmar  Moreira
O ex-deputado Edmar Moreira, que ficou nacionalmente conhecido por possuir um castelo de R$ 25 milhões registrado em nome dos filhos, acaba de escapar de uma condenação no STF. Livrou-se das garras da lei não por ser inocente, mas porque a morosidade e as artimanhas da Jusitça o favoreceram.
Foi a julgamento um processo no qual Edmar era acusado de apropriar-se de contribuições previdenciárias dos funcionários de uma de suas firmas. Chama-se F. Moreira Empresa de Segurança e Vigilância Ltda.. O crime foi cometido entre 1997 e 1998.
Em valores da época, a empresa do ex-deputado descontou dos trabalhadores R$ 384 mil em contribuições previdenciárias. Em vez de repassar as verbas à Previdência Social, apropriou-se delas.
Descoberta a esperteza e concluída a investigação, o Ministério Público Federal protocolou denúncia contra Edmar Moreira em 26 de outubro de 2006. Deu-se na 4ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
Nessa época, o acusado exercia o mandato de deputado federal. Algo que o credenciava a usufruir do famigerado privilégio de foro. Só o STF poderia julgá-lo. O processo subiu para Brasília.
Em 25 de julho de 2007, os autos aportaram na mesa do ministro Eros Grau, do Supremo. Em despacho inaugural, ele determinou à Procuradoria Geral da República que ratificasse os termos da denúncia feita em São Paulo.
Em 10 de fevereiro de 2009, Eros Grau, hoje um ministro aposentado, declarou-se suspeito para atuar como relator do inquérito contra Edmar Moreira. Curioso, muito curioso, curiosíssimo. O ministro demorou quase dois anos para descobrir-se inapto.
Redistribuído, o processo foi à mesa do ministro Ayres Brito em 23 de março de 2009. Como que decidido a recuperar o tempo perdido, o novo relator pisou no acelerador. Três dias depois, requereu à presidência do STF que agendasse uma data para o julgamento do caso no plenário do tribunal.
Na outra ponta, a defesa de Edmar Moreira pôs-se a puxar o freio de mão. Pediu o adiamento. Ayres Brito concedeu a protelação de uma sessão. Os advogados requeram mais tempo, sob a alegação de que havia dois habeas corpus pendentes de deliberação.
Acelera daqui, desacelera dali a denúncia conta Edmar Moreira foi finalmente convertida em ação penal no dia 7 de maio de 2009. Abriu-se, então, a fase em que a Procuradoria é convidada a reforçar a denúncia e o acusado é intimado a exercer o sacrossanto direito ao contraditório.
Numa de suas petições, a defesa de Edmar Moreira requereu não a declaração de inocência do cliente, mas a extinção do processo. Por quê? O acusado fez aniversário de 70 anos em setembro de 2009. E daí? Pela lei, quando o réu é septuagenário, o prazo de prescrição dos crimes é cortado pela metade.
Pois bem. Nesta quinta-feira (1o), Ayres Britto expôs no plenario do Supremo o seu veredicto: ainda que Edmar Moreira fosse condenado à pena máxima prevista para o crime de apropriação indébita –cinco anos de cadeia— o crime já prescreveu.
Submetido à deliberação dos colegas, o voto de Ayres Britto foi acompanhado pela unanimidade dos inistros presentes à sessão. O processo foi ao arquivo. E Edmar Moreira, agora sem mandato, tornou-se também um culpado sem pena.
Presidente do STF, o ministro Cezar Peluso determinou a devolução dos autos à primeira instância da Justiça Federal de São Paulo. Para quê? Além de Edmar Moreira, foi denunciada a mulher dele, Júlia Fernandes Moreira. Entendeu-se que não cabe ao Supremo julgá-la. Boia na atmosfera uma incômoda indagação: quanto anos de idade terá a senhora Moreira?


Dilma viaja à Alemanha

Dilma  Rousseff

A presidente Dilma Rousseff  viaja para Hannover, na Alemanha, a fim de participar da Cebit. Trata-se da maior feira de tecnologia do mundo. A presidenta vai aproveitar para se encontrar com a chanceler alemã, Angela Merkel, para discutir a crise financeira internacional. Dilma vai tratar ainda da reforma do FMI (Fundo Monetário Internacional) e da  Rio+20, conferência da ONU para o meio-ambiente que será realizada em junho no Brasil.


PS:  O governador gaúcho Tarso Genro acompanhará Dilma Rousseff até a Feira de Hannover, Alemanha, onde ficará até o dia 8.


Fifa: 'Brasil está mais preocupado em ganhar o mundial do que organizá-lo'

Jérôme  Valcke

O secretário geral da Fifa, Jérôme Valcke, ironizou os atrasos nas obras de infra-estrutura no Brasil para a Copa do Mundo. "Acho que a prioridade do Brasil é ganhar o Mundial. Não creio que seja organizar o Mundial", ironizou Valcke. O dirigente questionou porque não há mais apoio e entusiasmo por parte das autoridades brasileiras para finalizar os estádios e trabalhar a estrutura relacionada a hotéis e transporte público


Generais que protestaram contra Dilma querem ser punidos em 31 de março

Agrava-se a crise do governo Dilma com os militares da reserva, desencadeada por um manifesto público criticando a presidenta por não questionar declarações de duas ministras contrariando a Lei da Anistia. Os 13 generais da reserva que reiteraram com outros oficiais o teor do manifesto, considerado uma “afronta” por Dilma – ela determinou a punição deles – decidiram se apresentar a suas respectivas Forças para receberem o diploma da punição. Escolheram o dia 31 de março, um sábado, quando se comemora a Revolução de 1964. O Supremo e o Código Penal Militar permitem a livre manifestação ideológica e política de militares da reserva. A decisão foi confirmada pelo general-de-brigada aposentado Iberê Mariano da Silva e engenheiro militar pós-graduado pela Ecole Nationale Supérieure de L’Aéronautique.


Presidente será chamada a depor na Comissão da Verdade? - pergunta general.
General duvida que Dilma tenha sido torturada na ditadura. E lança suspeita sobre participação da presidente em atentado.

Luiz  Eduardo  Rocha  Paiva
general
O general Luiz Eduardo Rocha Paiva acha que a Comissão da Verdade, para não ser “parcial e maniqueísta”, tem que convocar também os que participaram de ações armadas, direta ou indiretamente. Não hesita em perguntar até se a presidente Dilma Rousseff não tem que depor:
  • - Ela era da VAR-Palmares, que lançou o carro-bomba que matou o soldado Mario Kozel Filho. A comissão não vai chamá-la, por quê?
Rocha Paiva se refere ao atentado ocorrido em 26 de junho de 1968 no Quartel-General do II Exército, em São Paulo. Até 2007 Rocha Paiva ocupava posição de destaque no Exército. Foi comandante da Escola de Comando do Estado-Maior do Exército e secretário-geral do Exército.


Abaixo, trechos da entrevista do general Luiz Eduardo Rocha Paiva a jornalista Miriam Leitão, do jornal O Globo:

Por que o senhor é contra a Comissão da Verdade?
ROCHA PAIVA:
Eu sou contra a Comissão da Verdade, agora não adianta ser contra. Ela vai existir. Era contra no momento em que ela pretende apurar a memória histórica do país. Isso é trabalho para pesquisadores e para historiadores e não para uma comissão, que eu vejo como uma comissão chapa branca. Ela busca a reconciliação nacional depois de 30 anos, e não há mais cisão nenhuma, que tenha ficado do regime militar, inclusive porque as Forças Armadas são instituições da mais alta credibilidade no país. Então, não vejo a necessidade. Acho que se há alguma coisa a investigar é só usar a Policia Federal e, com vontade política, a presidente tem autoridade pra ir até onde ela quiser, respeitada a Lei de Anistia. Eu fiz uma análise da lei da Comissão Nacional da Verdade. E eu vejo que essa lei não é imparcial. Esse facciosismo e o provável maniqueísmo do seu relatório a gente pode ver a partir dos objetivos.

Por que o senhor acha que é parcial?
ROCHA PAIVA:
O objetivo é promover o esclarecimento de torturas, mortes, desaparecimentos forçados e ocultação de cadáveres. Por que não promover também o esclarecimento de atentados terroristas e sequestros de pessoas e aviões e de execução e justiçamento até de companheiros da luta armada que tentavam desertar? Ora, a pessoa pode alegar, na comissão, que isso não é objeto da lei, mas tinha que ser objeto da lei. O outro objetivo da lei é tornar públicos os locais e instituições e instâncias onde ocorreram violações de direitos humanos. Ora, por que não também tornar públicos os locais de cativeiros de sequestrados, os locais de atentados terroristas e as áreas de homizio da luta armada, dos grupos armados dos partidos ilegais que conspiravam não para trazer liberdade para o país e democracia, mas para implantar aqui uma ditadura totalitária comunista?

O argumento de quem defende a lei é de que quem esteve contra o regime foi punido. Foi preso, foi torturado, foi exilado. E o Estado exercia o poder. E exerceu o poder contra o cidadão de forma autoritária, de forma abusiva. O que o senhor acha desse argumento?
ROCHA PAIVA:
Eu acho que ele não cola. Pelo seguinte: nem todos os assassinos, terroristas, nem todos os sequestradores são conhecidos. Alguns que executaram a ação, sim, são conhecidos. Outros que planejaram ou estiveram no apoio logístico e no financiamento, esses não são conhecidos. Então, eles deveriam ser conhecidos também.

Por que os militares quando tinham todo o poder não fizeram essa apuração?
ROCHA PAIVA:
Às vezes, não havia condições de fazer. Não houve possibilidade de fazer. porque se estava combatendo grupos armados que estavam executando operações. Veja bem uma coisa: a lei estabelece que as atividades da comissão não terão caráter persecutório e jurisdicional. No entanto, o ministro Ayres de Britto, do STF reconheceu, em parecer, à revelia da Lei da Anistia, o direito daqueles que se sentiram vítimas do regime militar moverem ações civis indenizatórias contra ex-agentes do Estado. Ora, se houve anistia, quem tem que indenizar, como já está fazendo, é o Estado. No momento que o ministro Ayres Britto abre esse precedente, quem for ouvido na comissão da Verdade poderá estar produzindo provas contra si próprio. Agora, ele abriu um precedente também e aí é que eu digo que a Comissão da Verdade, embora não esteja disposta a investigar os crimes da luta armada, se uma pessoa foi vítima de uma ação da luta armada, e ficou com sequelas, ela também tem o direito, até baseada no parecer do ministro Ayres de Britto, de mover ações civis indenizatórias contra esses guerrilheiros, terroristas, que numa ação armada deixaram uma vítima ou sequela em alguém. Eles terão direito, se não for investigado o que foi feito pela luta armada, essas pessoas não saberão quem são os responsáveis por suas sequelas. E a Justiça é igual para todos.

O senhor não acha que é preciso saber o que aconteceu com as 183 pessoas que desapareceram, entre eles pessoas que não tinham nenhum envolvimento com um órgão clandestino. Isso sem levar em conta que o que era legal e o que era ilegal era estabelecido por um governo que não foi eleito, era uma ditadura. Portanto a ilegalidade de alguns partidos é questionável. O ex-deputado Rubens Paiva sumiu dentro de uma guarnição do Exército. Ele foi preso, levado para o Terceiro Comar, e depois, de lá, para um quartel da Policia do Exército, onde foi visto pela última vez. A família há 41 anos busca informação e não tem. O Exército não tem a obrigação de dar informação?
ROCHA PAIVA:
Como já falei, a presidente da República, comandante suprema das Forças Armadas, tem autoridade para abrir uma investigação. Ressalvada a Lei da Anistia, ela tem autoridade para abrir uma investigação. Por que ela não faz? Não sei. Não precisa uma comissão da verdade, que só vai investigar um lado, para isso. Veja bem: é emblemático o caso Rubens Paiva. Por que? O homem foi deputado, das classes favorecidas e todos se preocupam com ele e com Stuart Angel, também. Agora, por que os crimes do PC do B no Araguaia, crime como por exemplo o da perseguição e morte de mateiros, que eram guias das forças legais. Teve um que foi torturado e assassinado na frente da mãe e do pai. Eles cortaram a orelha do rapaz na frente da mãe. O menino urrava de dor, a mãe desmaiou.

Os guerrilheiros do Araguaia foram quase todos mortos, exceto um ou outro.
ROCHA PAIVA:
Nem todos. E quem os comandava, que estava em São Paulo a dois mil quilômetros de distância, no bem-bom? Não vamos saber quem foram? Quem deu a ordem pra matar esse rapaz? Por que isso não é emblemático? Porque ele era um zé-ninguém. Por que também não se apura quem deu ordem no PC do B para que as mulheres da guerrilha que engravidassem tivessem que abortar na região. Eles deram essa ordem.

O senhor sabe de torturas dentro do Exército? Chegou a ver?
ROCHA PAIVA:
Não...eu não vi tortura dentro do Exército.

O senhor nunca soube de tortura dentro do Exército?
ROCHA PAIVA: Ah, para saber basta a senhora ir às livrarias, comprar uns livros, a senhora vai ver um rol  de casos de tortura.

O senhor não acha que isso é um desvio?
ROCHA PAIVA:
Isso é um desvio, ninguém está dizendo que não é um desvio. Agora, não foi anistiado? Não é desvio também aqueles grupos armados revolucionários da esquerda, que seguiam linha maoísta, linha soviética, linha cubana, que queriam implantar aqui uma ditadura nos moldes das soviética, chinesa e cubana, que são as responsáveis pelos maiores crimes contra a Humanidade no século passado? Então, esses grupos que queriam se tornar Estado, usavam de atentados terroristas e tortura, com que moral esse grupo condena as violações no outro grupo?

O senhor acha então que está justificada a tortura dentro da instalação militar...
ROCHA PAIVA:
Não. Eu não estou dizendo que está justificado. Estou mostrando o seguinte: que existiu uma luta, que foram cometidos desvios pelos dois lados, só que houve uma anistia.

Um lado foi punido. A presidente Dilma Rousseff ficou presa três anos e foi submetida a tortura.
ROCHA PAIVA:
Sim, ela diz que foi submetida a torturas. A senhora tem certeza?

Ah, eu acredito nela...
ROCHA PAIVA:
ah, e eu não sei. A senhora quer ver uma coisa? Veja bem.: quero um exemplo histórico de uma guerrilha revolucionária marxista, leninista, maoísta que não tenha usado violência, atentados terroristas e violado direitos humanos. Eu quero que me mostre um caso histórico de uma reação a essa esquerda revolucionária que tenha tido um desfecho tão pouco traumático como no Brasil. Porque na realidade, no Brasil, o governo e a oposição legal queriam a redemocratização do país. Então, no governo e na Arena era a redemocratização gradual e segura.

Demorou 25 anos...
ROCHA PAIVA:
Exato. Dez anos de atraso. Dez anos de atraso, por causa da luta armada.

O senhor acha que a sua opinião é compartilhada pelos que estão na ativa?
ROCHA PAIVA:
A opinião? Qual opinião? Eu não estou justificando a tortura. Tortura é crime como o terrorismo é crime. Sou contra endeusar terrorista, sequestrador porque estavam combatendo pela liberdade, porque não estavam. E satanizar o torturador. O torturador é um criminoso que vê a pessoa a quem ele está fazendo mal e ele causa mal a essa pessoa que é inimiga dele, em seus ideais. O terrorista bota bomba no cinema, no saguão do aeroporto e mata mulheres, crianças e até mulheres grávidas.

Como a bomba do Riocentro que foi levada pelo Exército?
ROCHA PAIVA:
A bomba do Riocentro, o caso foi reaberto em 1999 em pleno regime democrático de direito. Foram apontados cinco responsáveis. O Juiz mandou arquivar por falta de provas.

Explodiu no colo do sargento, general
ROCHA PAIVA:
Quem é que pode dizer o que aconteceu?

Todos os indícios. O senhor acha então que o Capitão Wilson, o sargento não estavam levando a bomba?
ROCHA PAIVA:
O processo foi arquivado por falta de provas. A senhora acha que foram eles?

Sim, claro!
ROCHA PAIVA
: Eu não tenho provas.

O senhor acha que essa sua opinião, essas suas opiniões, por exemplo contra a comissão da Verdade, são compartilhadas por pessoas que estão na ativa?
ROCHA PAIVA:
Olha, eu não tenho dúvida de que é geral. Agora, a gente tem que ver o seguinte: o que um militar na ativa pode falar? Ele não pode falar contra o governo. Agora, digo para a senhora o seguinte: chefes militares cultuam hierarquia, disciplina e também justiça. Ante a iminência de uma injustiça que vai ser perpetrada contra seus subordinados, ele tem obrigação moral e funcional de - com franqueza, disciplina, sem alarde e dentro da lei - levar a sua posição a seus comandantes superiores. Se eles não fizerem isso, eles não são dignos de serem chefes. E o que está na iminência de acontecer? Com a comissão da Verdade, aqueles agentes do Estado, tenham ou não torturado - porque o que a Comissão da Verdade quer é expor a cara de todo mundo que tenha participado dos órgãos de inteligência, de informação; eles querem expor todo mundo - então, tenham ou não torturado. vai ser execrado. Eles têm obrigação moral de...esse pessoal entrou ali, muita gente combateu por ideal e se sacrificou. Se alguns cometeram deslizes, foram anistiados, assim como foram anistiados os terroristas, sequestradores e assassinos.

O que o senhor acha que os comandantes militares têm que fazer a respeito?
ROCHA PAIVA:
Eles não têm que sair pra imprensa pra falar nada. O que acho que eles estão fazendo - eu não posso dizer, estou dizendo pela formação que eu tive - eles estão levando essa preocupação à presidente da República. Porque eu acho que o homem livre é escravo da sua consciência e a consciência é juíza perene de sua vida. Ele não é escravo de cargos e posições. Ele arrisca cargos e posições por aquilo que ele acredita que é seu ideal. Dentro da lei.

Dentro de uma instituição tão respeitável quanto o Exército Brasileiro houve tortura. Há várias provas. E o senhor mesmo disse que é desvio. Se é desvio, o Exército não deveria ser o primeiro a querer que fossem punidos para que tudo aquilo ficasse em pratos limpos?
ROCHA PAIVA:
Olha, o que passou e foi anistiado não pode ser retocado. Veja bem: anistia não é um instrumento jurídico. É um instrumento político. No Brasil, a sociedade apoiou ogoverno no combate à luta armada. Anistia não foi para reconciliar a nação. A nação estava do lado do governo senão nós teríamos hoje talvez umas Farc aqui, ou um Sendero Luminoso. Para que veio a anistia? Veio para neutralizar radicas à esquerda e à direita, que poderiam prejudicar a redemocratização.

General, anistia estabelece que não pode haver punição. Mas ela não impede que se busque a informação. E não é isso que a Comissão da Verdade está fazendo?
ROCHA PAIVA:
Nunca no Brasil, na História do Brasil, se precisou de Comissão da Verdade para saber o que aconteceu na ditadura Vargas. Historiadores fazem isso. Se quiser investigar crimes que tenham ocorrido, independente de anistia, faz-se uma investigação policial. A presidente chama a Policia Federal, o Ministério Público, quem quer que seja, e manda investigar.

Toda a vez que se pede aos comandantes militares documentos, eles dizem que os documentos foram destruídos. E aí será que não tem documentos?
ROCHA PAIVA:
Agora, vamos ver o seguinte: existem normas de controle de documentos. sigilosos. Então, você pega e tem um inquérito. Os presos ficavam em organizações de Doi-Codi. Não eram tanto dentro de quarteis. Alguns ficavam dentro de quarteis. Eu mesmo quando cheguei a aspirante tinha preso no quartel que eu cheguei. Era preso normal. Levava a vida dele normal.

Levavam a vida normal não, estavam presos.
ROCHA PAIVA:
Sim, vida de preso normal....

A Comissão quer buscar informação. Não é importante buscar a informação?
ROCHA PAIVA:
Ah, sim. A senhora falou dos documentos. O que acontece? Faz-se um inquérito no quartel. Terminado aquele inquérito, ele vai para o STM. Chegando no STM, aquele inquérito está lá arquivado. No quartel, fica uma cópia. Essa cópia, a partir de determinado momento, é destruída. E esses inquéritos foram feios até 1979. Nenhum documento confidencial passa de ...naquele tempo eram dez anos.

Então, como saber o que aconteceu com Rubens Paiva, por exemplo?

ROCHA PAIVA:
Se foi feito algum documento...

Ele morreu dentro de um estabelecimento militar. Ninguém tem registro?
ROCHA PAIVA:
A senhora está dizendo, que ele morreu dentro de um estabelecimento militar. Eu não sei. A senhora tem certeza?

Ele foi visto lá pela última vez.
ROCHA PAIVA:
Foi visto. Não estou dizendo que é o caso dele, mas tem gente que hoje em dia é considerado desaparecido, porque estava na luta armada, queria sair da luta armada, estava preso, recebeu documentação e mudou de vida. Então, alguns desaparecidos não querem nem aparecer. Um apareceu, que estava lá na Noruega, quando soube que ia receber dinheiro. Era um desaparecido que apareceu. Dona Miriam, veja bem...

No caso do Rubens Paiva, foi aberto um IPM para tentar descobrir que foi que aconteceu. Foi em 1986, mas ele foi arquivado sem que houvesse uma investigação séria. Portanto, o caminho de se fazer apenas a investigação às vezes não dá certo. Não é melhor criar uma comissão, como outros países fizeram?
ROCHA PAIVA:
Os outros países fizeram comissões da verdade dentro de outros quadros. Veja bem: a comissão da verdade emblemática é a da África do Sul, certo? Ela é feita antes de conceder a anistia. E pra receber a anistia, tinha que passar na comissão. E eram anistiados os dois lados., que confessassem seus crimes e relacionassem seus crimes a motivações políticas. Os dois lados foram anistiados. O Pacto de Moncloa, na Espanha, também anistiou os dois lados. Eu não vejo necessidade, depois de 30 anos, é só investigação policial. Porque chamar lá alguém pra ser ouvido: Ainda mais, veja bem: se eu sou um ex-agente do Estado e sou chamado na comissão da verdade, sabendo que alguém pode mover uma ação civil indenizatória contra a minha pessoa, estando eu anistiado, eu vou chegar lá e vou dizer que não sei de nada. Eu vou falar por quê? Qual a motivação que eu tenho? Se eu abrir a minha boca, vou ser penalizado. Depois de 30 anos? Então isso não tem explicação...

O senhor acha justo que os torturadores não sejam conhecidos, não sejam punidos, sequer se informe sobre os crimes que eles praticaram ou que tenham que dar explicação sobre pessoas que desapareceram quando estavam sob a custódia do Estado?
ROCHA PAIVA:
Faça-se uma investigação, e não comissão da verdade. Eu não vejo porque eles têm que aparecer agora, porque eles estão anistiados. Por que não tem que aparecer também quem sequestrou, quem planejou? Se uma autoridade, hoje, tiver participado; até a presidente Dilma,tiver participado, seja diretamente ou indiretamente, que aí é co-responsável, de um crime que tenha deixado sequelas com vítimas, vai haver a comissão da verdade? A presidente vai aparecer? É isso que a senhora quer depois de 30 anos?

O senhor não acha que o país tem que olhar para esse passado?
ROCHA PAIVA:
Então vamos olhar para os dois lados do passado. Se a presidente, se o senhor Franklin Martins e gente que a gente não sabe que participou do planejamento. Da execução, a gente já sabe, mas do planejamento e do apoio não. Quem é que participou dos comitês dos julgamentos que resultaram no justiçamento, assassinato dos próprios companheiros, quem participou? Por que eu não posso saber? Eu só vou ter que saber quem for agente do Estado? Eu não acho isso justo...

General, os senhores tiveram 25 anos de poder. Eles eram seus inimigos. Se vocês não têm a informação, é porque a informação não existe. Ou vocês não foram capazes de apurar.
ROCHA PAIVA: A informação pode ser, a senhora não quer que apure? Então, eu quero que apure o outro lado também. A senhora está sendo maniqueísta, a senhora está sendo facciosa já que vai haver a comissão da verdade, veja bem - eu sou contra a existência - mas agora que vai haver que investigue os dois lados. Quem eram os terroristas mataram no Araguaia?

E quem matou as pessoas, os guerrilheiros que estavam no Araguaia?
ROCHA PAIVA:
Vamos botar na comissão da verdade todos. Os dois lados. A senhora está insistindo que se faça um lado. Estou dizendo: vamos os dois. A senhora está sendo facciosa, eu não. Eu estou dizendo que eu quero os dois lados. A senhora está dizendo que é um só.

Os militares assumiram o poder e usaram o Estado contra as pessoas. Ninguém jamais foi preso, ninguém jamais foi condenado, o Exército nunca reconheceu quem torturou. O senhor não acha que quando se faz isso não pode ficar claro o conluio do Exército com torturadores?
ROCHA PAIVA: Quem é que vai afirmar quem torturou? Outra coisa: a senhora falou que o Exército atuava contra as pessoas. Não. O Estado, e não era só o Exército, o Estado, seus órgãos policiais atuaram, não foi contra pessoas, tanto que a população apoiou quem? O governo. A população não apoiou a luta armada. Eles viviam homiziados, escondidos, porque, se aparecessem na rua, às vezes, eram denunciados. Tinham que estar todos camuflados, escondidos. Por que? Porque a população apoiou, apoiou fortemente o Estado contra a luta armada. A senhora fala em ditadura, tortura, me diga uma democracia, um organismo internacional que tenha reconhecido qualquer grupo da luta armada como estando defendendo a liberdade, ou representando parte do povo brasileiro. Não tem. Eu fui observador militar da ONU em El Salvador e a FMLN foi reconhecida; os representantes dos vietcongs, nas conversações em Paris, existiam. E era uma luta armada. Agora, no Brasil, não houve nenhum grupo. A senhora fala em ditadura, eu falo em regime autoritário. Regime autoritário, Hannah Arendt diferenciou bem de regime totalitário. Regime autoritário limita a liberdade individual, limita a liberdade de expressão, limita a liberdade política. Mas no Brasil nós tínhamos Grupo Opinião de Teatro, tínhamos peças teatrais que condenavam a ditadura, tínhamos músicas de protesto, tínhamos festivais da canção, tínhamos o Pasquim, tinhamos o Febeapá.

No Pasquim todo mundo foi preso!
ROCHA PAIVA: É o que digo, limitada a liberdade. Não deixaram de existir. O Pasquim deixou de existir depois do regime militar. Então, eles existiam. As livrarias vendiam livros de Marx, Engels, Lênin, Trotsky. Que ditadura totalitária é essa? Existia uma oposição que disputava eleição, ganhava e perdia eleição, que tinha espaço nos jornais. Eu via Ulysses Guimarães sempre falando e criticando. Que ditadura totalitária é essa?

Então, o senhor concorda com os 25 anos de regime militar...
ROCHA PAIVA: Eu concordo com os 25 anos, sem dúvida! Podia ser talvez menos um pouco.

O senhor começou a sua carreira exatamente no ano em que aumentou a repressão.
ROCHA PAIVA: Aumentou a luta armada! Aumentou a luta armada. A repressão é consequência da luta armada.

Com o AI-5, o regime se aprofundou e aumentou, portanto, os casos de desaparecidos e os casos de mortos, o caso Rubens Paiva, por exemplo, acontece em 71. O senhor fez a carreira nessa época, nunca ouviu sequer falar que havia tortura dentro dos...
ROCHA PAIVA: Miriam, sempre se falou. Agora, me diz uma coisa: quando é que não houve tortura no Brasil? Houve tortura em Getúlio? Houve. Houve tortura no tempo da democracia? Houve. Houve tortura no regime militar? Houve. Está havendo tortura agora? Está. O Brasil é condenado na ONU, ou é acusado na ONU, por violação de direitos humanos por agentes do Estado, do Estado democrático de direito. A senhora quer fazer um cálculo comigo? A senhora pega o livro "Brasil, nunca mais". Arquidiocese de São Paulo. Insuspeita. Arquidiocese de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns. Fizeram pesquisas nos arquivos do STM. Levantaram, antes de 1995, portanto antes da lei de indenização Bolsa-ditadura. Levantaram 1.918 torturados. Se a senhora dividir isso por dez anos, e eu só estou considerando o tempo da luta armada, porque se for 20 anos é muito menos. Dez anos de luta armada, doze meses no ano e trinta dias, a senhora vai ter menos de um torturado por dia. Aí, a senhora vai para depois de 1995, o livro do Chievenatto, em 2004, aí já tinha saído a Bolsa-ditadura. Portanto, todo mundo que entrou em Doi-Codi, tá certo?, Até pra prestar um depoimento, por ser testemunha está dizendo que foi torturado. Aí esse número de 1918, depois que sai o Bolsa-ditadura, sobe pra 20 mil torturados. Se a senhora fizer essa mesma conta que eu fiz, a senhora vai chegar a seis torturados por dia. Então uma média de meio torturado por dia, se é que se pode se dizer assim, e seis. A senhora vai ter em torno de quatro torturados por dia por conta da luta armada. Miriam, se nós formos, agora, em qualquer presídio nesse Brasil inteiro, vamos encontrar muito mais gente sendo torturada agora. Por que ninguém se sensibiliza com isso? Sabe por quê? Por que quem está sendo preso agora, está sendo torturado não defende ideia marxista-leninista, não é da classe média, não é filho de deputado, não é artista. A esquerda radical, revanchista, hipócrita e incoerente se solidariza com esse pessoal do outro tempo. E olham que eram quatro por dia, no máximo, tá certo? Eu não estou tirando a hediondez do crime! Eu estou mostrando que isso está acontecendo agora, e ninguém se incomoda. Esses que estão sendo agora torturados, não vão ser indenizados, como foram aqueles que foram presos no tempo do regime militar. Então, isso é injustiça.

O senhor não acha que é mais inteligente da parte das Forças Armadas admitirem que houve o erro? Até para preservar o nome da instituição, dizer que a instituição, como um todo não concordava com os desvios que aconteceram no Doi-Codi, na Polícia do Exército, em todos esses aparelhos de tortura instalados dentro das organizações ?
ROCHA PAIVA: Eu não vejo por que pedir perdão, se não houve nenhuma cisão social remanescente do regime militar. Quando saiu o regime militar, que começaram a fazer pesquisas, as Forças Armadas já estavam no topo das instituições de maior credibilidade do país, acima até da imprensa. Então, por que essa instituição precisa pedir perdão?

Porque é crime general, porque é crime.
ROCHA PAIVA: Não, não. Foi anistiado, foi anistiado, eu insisto nisso. Foi anistiado, então parou aí. Vamos investigar o que aconteceu? Vamos. Mas está anistiado. Não tem que pedir perdão coisa nenhuma. É interessante a hipocrisia da nossa sociedade. Bate palma e aplaude o "Tropa de Elite". Eu acho hipócrita. Eu faço a pergunta assim, de chofre: se um filho seu ou um neto seu for sequestrado, e a policia botar a mão no sequestrador que sabe onde está o esconderijo dele e aí? ... A senhora demorou a responder.

Estou esperando até onde o senhor vai ...
ROCHA PAIVA: A senhora demorou a responder. Então o que eu digo é hipocrisia.

Não estou aqui para responder. Estou para fazer perguntas. Eu pergunto, o senhor responde.
ROCHA PAIVA:
Não é um programa de debate?

Não. Eu não estou debatendo com o senhor. Estou apresentando questões que são colocadas por pessoas que discordam do senhor...
ROCHA PAIVA:
Eu estou respondendo. Eu estou, num programa de entrevistas, fazendo uma pergunta. Não pode? Não pode?

Estou querendo saber sobre o Exército. Se não é melhor ele admitir que houve desvio, houve tortura. E, portanto, ele não torturará mais...
ROCHA PAIVA:
Ô, Miriam...Vai na livraria, você, lógico que já leu...Dezenas de livros que contam sobre tortura. Precisa admitir? Precisa admitir? Tá lá escrito. Quem quiser, que acredite. Quem não quiser, não acredite. Certo? Então. Tá escrito. Não precisa admitir. A sociedade cobraria das Forças Armadas, se ela não tivesse colocada as Forças Armadas no topo das instituições de credibilidade. Então, se houve violações naquele momento, a sociedade já perdoou. Se não ela não estaria lá no topo das instituições de credibilidade, acima até da imprensa...

Eu acho que agora é um outro Exército...
ROCHA PAIVA: Não. É o mesmo.

É o mesmo Exército que torturou?
ROCHA PAIVA: A senhora que está falando em tortura. Eu estou dizendo o seguinte: Quem evoluiu, foi o país. E o Exército evoluiu junto do país. Todos os presidentes militares falavam de redemocratização e admitiram que era um Estado de exceção. Eu listo para a senhora 16 crises político-militares envolvendo militar, partido político, o Exército dividido. De 22 a 64, existem 16 crises militares. Aí vem 1964, revolução de 31 de março. Luta armada. Dez anos depois, redemocratização e abertura. Me diga uma crise político-militar que teve no país depois disso. Por que? Porque a Revolução se encarregou de separar o militar da política, por isso automaticamente reforçou as instituições do país, os poderes nacionais e nunca mais houve uma crise político-militar no país. Então, um dos grandes feitos do regime militar foi afastar as Forças Armadas da política e isso é uma das causas da nossa democracia estar estável hoje.

Eu queria que o senhor fizesse uma reflexão sobre o fato de que, nos outros países, houve punição, prisão de torturador e até responsabilidade de comandantes, como, por exemplo, o general Videla, que foi presidente da Argentina, ou Pinochet, que foi presidente do Chile. Eu queria que o senhor falasse sobre isso. Por que eles usaram esse caminho e nós, não?
ROCHA PAIVA: Primeiramente, nos três países, tanto Argentina, Uruguai e Chile, eles cometeram uma falha. A anistia lá não foi ampla, geral e irrestrita. A anistia lá foi para os agentes do Estado. Então, com isso, a anistia se esvaziou. Só que no Uruguai fizeram um referendo e o povo uruguaio foi a favor da manutenção da anistia. Na Argentina e no Chile, a luta armada foi muito mais violenta que no país, do que no Brasil. Então, são condições diferentes, são países diferentes. São países com a veia espanhola muito radical e muito açodada e são condições diferentes do país. Cada país escolhe o seu caminho.

O que o senhor acha da Operação Condor que unia os países do Cone Sul, inclusive o Brasil, em troca de prisioneiros, em troca de informação, em troca de técnicas de tortura? E também o que acha da operação Oban, que uniu líderes empresariais com as Forças Armadas?
ROCHA PAIVA: A senhora está falando em convênio de países para enfrentar problemas comuns? Tinha um convênio entre os países da cortina de ferro para enfrentar problemas comuns. Os Estados Unidos têm a Otan. Hoje, os Estados Unidos têm convênios com vários países para a questão do terrorismo. Os grupos de esquerda armados, revolucionários, tinham ligações internacionais também; então, é mais que natural, essas ligações internacionais para troca de informações, certo? Para trocar informações operacionais e também da parte doutrinária.

O senhor acha que a Operação Condor foi apenas um acordo entre os países? O senhor acha normal?
ROCHA PAIVA: Ah, sim, isso existe hoje, isso existe hoje. Nós temos reuniões bilaterais de inteligência, de doutrina. E não é só reunião bilateral no campo militar, não. Tem relação bilateral no campo da indústria, do comércio, certo? Isso é normal entre os países. E eles enfrentaram problemas comuns. Os grupos armados de esquerda no Brasil, eles também tinham ligações internacionais, só que isso aí ninguém fala.

E a Oban?
ROCHA PAIVA: A Oban eu não tenho conhecimento. Eu sei que...Eu não sei nem em que ano começou. Sinceramente,se eu soubesse eu diria.

O Vladimir Herzog era diretor de uma emissora, não era guerrilheiro. Ele foi se apresentar para depor e morreu.
ROCHA PAIVA: E quem disse que ele foi morto pelos agentes do Estado? Isso há controvérsias. Há uma controvérsia quando a isso aí. Quem disse que ele foi morto pelos agentes do Estado? Ninguém pode afirmar.

ROCHA PAIVA: Se não foram os militares que mataram Vladimir Herzog, por que os militares que estavam lá naquele momento não aparecem na comissão da Verdade?

ROCHA PAIVA: Existe um inquérito e está escrito no inquérito. Chame os oficiais que estão ali. Se é que tinha algum oficial, se não era gente da Policia Federal, da Policia Militar ou da Policia Civil. Chame a pessoa e consulte. Agora, chame também quem pode ter mandado matar ou quem pode ter dado a ordem para assassinar o capitão Chandler, assassinado na frente do seu filho. Chegaram na cabeça dele e deram mais de vinte tiros na cabeça dele. Isso na frente do filho dele. Quem fez, a gente sabe. Mas quem planejou e apoiou. A gente não sabe, precisa saber. Foi a ALN. Quem era da ALN? O nosso senador Aloysio. O senador que foi relator da Comissão da Verdade, do projeto de lei. Aloysio Nunes Ferreira. Ele era da ALN. Será que ele não tem alguma coisa? Vamos chamar o senador na Comissão da Verdade? Sim. Por que não? Vamos chamar a presidente Dilma? Ela era da VAR-Palmares. E a VAR-Palmares foi a que lançou o carro-bomba que matou o soldado Mario Kozel Filho. Ela era da parte de apoio. Será que ela participou do apoio a essa operação? A comissão da Verdade não vai chamá-la, por quê? Entende? Minha posição é essa.

sexta-feira, 2 de março de 2012


Militares reagem e aumenta adesão a manifesto contra o governo

Com anúncio de punição aos militares que assinaram o manifesto "Alerta à Nação - eles que venham, aqui não passarão", texto que critica a interferência do governo Dilma, publicado no site do Clube Militar, aumentou a adesão de militares ao movimento e civis também passaram a assinar o texto. Com a atualização feita na manhã desta sexta-feira - 2 de março, no site " A verdade sufocada", o número de assinantes passou para 299 militares e 48 de civis. Na terça-feira - 28 de fevereiro, eram cem militares. A reação começou com a decisão do governo em punir por indisciplina os militares que assinam o manifesto. No texto, os militares da reserva criticaram a interferência do governo no site do Clube Militar e o veto a um texto ali publicado que critica a presidente Dilma Rousseff e duas ministras. Nesse "Alerta à Nação", os oficiais afirmam não reconhecer "qualquer tipo de autoridade ou legitimidade” de Celso Amorim para determinar a retirada do texto. "Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do Manifesto publicado no site do Clube Militar, a partir do dia 16 de fevereiro, e dele retirado, segundo o publicado em jornais de circulação nacional, por ordem do Ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade para fazê-lo", diz o documento. Como no manifesto vetado no site do Clube Militar, o documento divulgado terça-feira - 28 de fevereiro - também critica a criação da Comissão da Verdade. "A aprovação da Comissão da Verdade foi um ato inconsequente, de revanchismo explícito e de afronta à Lei da Anistia com o beneplácito, inaceitável, do atual governo". O texto publicado no site do Clube Militar atribuía a Maria do Rosário e a Eleonora Menicucci declarações que estariam a serviço do que classificaram de "minoria sectária", disposta a reabrir feridas do passado. O primeiro manifesto polêmico foi assinado pelos presidentes do Clube Militar, Renato Cesar Tibau Costa; do Clube Naval, Ricardo Cabral; e do Clube da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista, todos já na reserva. No texto, dizem que Maria do Rosário vem apregoando a possibilidade de apresentação de ações judiciais para criminalizar agentes da repressão, enquanto Menicucci teria usado a cerimônia de posse — em 10 de fevereiro — para tecer "críticas exacerbadas aos governos militares", sendo aplaudida por todos, até pela presidente. O texto diz ainda que o Clube Militar não se intimida e continuará atento e vigilante e diz que as Forças Armadas são a instituição com maior credibilidade na opinião pública.


PS:  A Lei 7.524, de 17 de julho de 1986, assinada pelo ex-presidente e atual presidente do Senado, José Sarney, diz que os militares da reserva podem se manifestar politicamente e não estão sujeitos a reprimendas. No artigo primeiro da lei está escrito que "respeitados os limites estabelecidos na lei civil, é facultado ao militar inativo, independentemente das disposições constantes dos Regulamentos Disciplinares das Forças Armadas, opinar livremente sobre assunto político, e externar pensamento e conceito ideológico, filosófico ou relativo à matéria pertinente ao interesse público".


Vazamento no Polo Petroquímico de Triunfo no Rio Grande do Sul.
Funcionários do Polo Petroquímico tiveram que deixar o local.
Cobertura de tanque de nafta rompeu-se novamente devido à chuva.
Sindicato pede medidas de proteção e suspensão total das atividades.


Cerca de 4 mil funcionários da Braskem e de outras empresas do Polo Petroquímico de Triunfo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, foram dispensados na quinta-feira (1º de março) por medida de segurança. A decisão foi tomada após o rompimento da cobertura de um tanque de nafta, produto derivado do petróleo e a matéria-prima básica da indústria petroquímica.
A cobertura de espuma especial que cobria o tanque danificado pelas fortes chuvas do dia 22 de fevereiro foi deslocada pelo temporal que atingiu a região na quarta-feira (29 de fevereiro). O incidente liberou forte cheiro na área, que foi imediatamente isolada. Os cerca de 100 trabalhadores que estavam no local na noite de quarta-feira foram dispensados e realizaram exames preventivos, diz a empresa.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas (Sindipolo), existe grande possibilidade de contaminação e intoxicação no local. Não houve vazamento de líquido, mas, quando exposto à temperatura ambiente, o produto está sujeito à evaporação. A nafta é altamente inflamável e pode causar câncer, segundo o sindicato. “A chuva prejudica ainda mais a situação. Se ocorrer uma descarga elétrica, por exemplo, esse gás exalado pode provocar uma explosão”, afirmou o vice-presidente do Sindipolo, Gerson Cardoso.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Braskem informou que as atividades do turno administrativo foram suspensas na quinta-feira (1º de março) da Unidade de Petroquímicos Básicos e das Unidades de Polímeros, inclusive dos terceiros, por conta da previsão de chuva e mau tempo. A empresa afirma que está trabalhando na reposição da espuma que servia de cobertura ao tanque de nafta e monitorando a situação.
O taque será reparado após o deslocamento de 14 mil toneladas de nafta para outro tanque, operação que deve ser concluída em três dias. Os funcionários da área administrativa devem retornar ao trabalho nesta sexta-feira (2 de março), de acordo com a nota da empresa. Enquanto isso, as atividades operacionais estão ocorrendo normalmente.
O Sindipolo, no entanto, quer a suspensão dos trabalhos até que o que tanque seja completamente reparado. “Estamos pressionando a empresa para que não ocorra expediente. Não há nenhuma condição. A previsão da empresa é resolver a situação até sábado, mas se voltarmos ao trabalho estaremos expostos novamente”, argumenta Cardoso.
Mesmo descartando contaminação dos funcionários, a Braskem diz que fará exame de urina em todos os trabalhadores. A empresa afirma ainda que avisou a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) sobre o incidente e que o órgão está acompanhando a situação.



Proposta da Andrade Gutierrez rejeitada pelo Banrisul tinha o IPE como investidor
Construtora investiria só R$ 16,4 milhões em recursos próprios e restante viria do IPE, do Previmpa e do próprio Banrisul.

A pedido da Andrade Gutierrez, o Banrisul chegou a estudar a inclusão, entre os investidores da construtora para o Beira-Rio, do IPE e do Departamento Municipal de Previdência dos Servidores Públicos de Porto Alegre (Previmpa). O acerto só não saiu porque a Andrade Gutierrez também pediu que as instituições fornecessem garantias para o empréstimo — modelo que foi proposto com pequenas alterações e, novamente, rejeitado pelo Banrisul.
Mantida até agora em sigilo, a arquitetura financeira mostra um negócio composto, na maior parte, por recursos públicos.
Nas propostas apresentadas desde dezembro ao banco, a Andrade Gutierrez investiria só R$ 16,4 milhões em recursos próprios — R$ 65,9 milhões viriam do IPE, do Previmpa e do próprio Banrisul. Mas o que entravou o negócio foi que, além da participação como investidores, a AG pediu aos entes públicos garantias para o empréstimo de R$ 205 milhões junto ao banco estadual.
Governo do Estado e prefeitura asseguram que nenhuma das propostas da construtora foi aceita. Porém, a revelação de que o IPE e o Banrisul estavam na negociação para ingressar no consórcio criou crise no governo estadual. Enquanto concedia entrevista sobre o assunto, o chefe de gabinete da presidência do IPE, Cássius Rosa, foi chamado ao Palácio Piratini e proibido de falar com a imprensa.
O chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, foi designado para ser o único interlocutor sobre o assunto. Esclareceu que, por conta de sua natureza jurídica, os fundos de pensão não podem ser avalistas do negócio.
— Quando o banco avisou a Andrade Gutierrez disso, a empresa disse que só garantiria a parte dela no empréstimo, mostrando ao Banrisul que era um negócio arriscado — afirma Pestana.
Nas garantias prometidas pela Andrade Gutierrez ao Banrisul, estão R$ 24 milhões vindos de instituições gaúchas e receitas esperadas com a exploração de áreas do estádio — o que é rejeitado repetidamente pelo banco.



Código e STF não punem militares da reserva

Militares da reserva que se manifestaram contra Dilma não podem ser punidos, segundo um subprocurador-geral do Ministério Público Militar. Ele não viu crime previsto no Código Penal Militar. Podem apenas sofrer sanções disciplinares, de acordo com o regimento de cada Força. Segundo a súmula 56 do Supremo Tribunal Federal em vigor, “militar reformado não está sujeito a pena disciplinar”.
Dirigentes de clubes militares estão sendo pressionados a renunciar, após o vexame de obedecerem a “ordem” de retirar criticas a Dilma.
Dilma cometeu um erro primário, tentando sufocar a insatisfação de militares da reserva. Se os tivesse ignorado, mal se falaria no assunto.


PS:  Pesquisa nacional de avaliação do desempenho de Dilma, ainda não divulgada: 62% de “ótimo” e “bom”. Mais que o ex-presidente Lula em qualquer tempo.
Militares admitem a Comissão da Verdade, desde que investigue os dois lados, como a autoria de alegados 129 assassinatos do lado deles.



Situação




Dilma visita Lula às escondidas. Ninguém entendeu o segredo que cercou a viagem para São Paulo.

Lula  e  Dilma
No início da tarde de quinta-feira - 1º de março, horário de expediente, a presidente Dilma Rousseff deixou a capital federal para visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma foi à casa de Lula em São Bernardo do Campo, São Paulo.
A viagem não estava prevista nem foi avisada pelo Planalto. Na assessoria de imprensa da Presidência, ninguém sabia (ou não queria) dizer onde Dilma estava. A viagem só foi confirmada oficialmente às 16h50, bem depois de Dilma deixar Brasília. Ainda assim, o motivo da visita não foi informado.
O último compromisso previsto na agenda oficial foi às 12h30, com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Antes, Dilma participou da assinatura de um acordo para evitar greves em obras da construção civil.

Bandeira
A Presidência descumpriu a regra do hasteamento da bandeira prevista no Decreto 7.419, de 31 de dezembro de 2010. O texto diz que a bandeira será hasteada na sede do governo e no local em que o presidente residir, quando ele estiver no Distrito Federal.
Às 17 horas, a bandeira continuava a balançar em frente ao Palácio do Planalto, apesar da viagem de Dilma.


Justiça do Rio de Janeiro condena Waldomiro Diniz por corrupção
Waldomiro  Diniz
Ex-assessor do ex-ministro Zé Dirceu foi condenado a 12 anos de cadeia.
Este delinquente político que ocupou salas do Palácio do Planalto, nomeado pelo governo do PT como um dos principais assessores do então ministro José Dirceu, foi o protagonista do primeiro escândalo pré-mensalão do governo Lula.
A juíza Maria Tereza Donatti, da 29ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, condenou o ex-presidente da Loterj, Waldomiro Diniz (no governo da petista Benedita da Silva), a 15 anos de reclusão por corrupção passiva e ativa e crime contra a lei de licitações, além de multa R$ 170 mil. Waldomiro Diniz foi flagrado em 2004 pedindo propina ao empresário de jogo e contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o [bicheiro] Carlinhos Cachoeira, que também foi preso esta semana.
"Ficou suficientemente comprovado que a negociata entre os réus Waldomiro e Carlos Ramos visava interesses pessoais e também de políticos que seriam beneficiados com as tais 'doações', muito embora a renda da Loterj devesse ser 'destinada aos projetos de interesse social relacionados à segurança pública, à educação, ao desporto, à moradia e à seguridade social'", escreveu a juíza, na sentença.
A divulgação das imagens dos dois agora condenados, em video por rede nacional de televisão, na época, enfraqueceu a posição do então ministro da Casa Civil José Dirceu no governo.
Waldomiro Diniz era homem de confiança do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.
Pivô do primeiro escândalo de corrupção do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-suchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República e ex-presidente da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj), Waldomiro Diniz, foi demitido em 2004, depois que foi divulgado um vídeo em que Waldomiro Diniz pedia a Carlinhos Cachoeira propina e dinheiro para campanhas do PT e do PSB. Em troca, o então presidente da Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro) prometia ajudar Carlinhos Cachoeira em uma licitação multibilionária na Caixa Econômica Federal.
As imagens foram gravadas em 2002 e divulgadas em 2004. O então presidente da Loterj, Waldomiro Diniz, pedia dinheiro a Cachoeira para a campanha eleitoral de 2002 - do PT e do PSB.
Foi o início do escândalo do Mensalão do PT, que veio na esteira.



Governo aumenta IOF para estancar valorização do real

As medidas do governo para frear a valorização do real, ao que parece, não pararam em intervenções do Banco Central no mercado de leilões. O governo elevou o IOF de 6% para empréstimos externos até três anos. A mudança vale a partir de hoje. A medida pode estar relacionada ao anúncio do Banco Central Europeu de que irá emprestar 529 bilhões de euros a instituições financeiras. A expectativa de o Brasil receber parte do dinheiro forçou uma rodada dupla de intervenções do BC brasileiro no mercado de câmbio local.




Apenas 6,2% dos municípios do Brasil têm bons serviços de saúde

De todos os 5.563 municípios brasileiros, apenas 347 oferecem um bom atendimento na área da saúde, segundo índice criado pelo Ministério da Saúde. Eles representam apenas 6,2% do total e atendem a 3,6 milhões de brasileiros. A maioria está em Estados das regiões Sul (200 municípios) e Sudeste (145). As regiões Norte e Nordeste possuem apenas uma cidade, cada, nas condições consideradas ideais pelo Ministério. Resultado não alcançado por nenhum município da região Centro-Oeste. Todas as notas do País podem ser conferidas no site do ministério.


Computador com códigos de controle da estação espacial é furtado

Um inspetor-geral da Nasa (Agência Espacial Americana) contou que um laptop furtado em 2011 tinha comandos e códigos de controle da ISS (Estação Espacial Internacional) não criptografados. O sistema criptográfico é usado para impedir a leitura das informações pertinentes. Durante um depoimento ao subcomitê de Ciência, Espaço e Tecnologia, Paul Martin disse que o laptop foi levado em março do ano passado. Este computador, em especial, era um dos 48 que a Nasa perdeu entre abril de 2009 e abril de 2011. Ele continha identificações e números do Social Security (equivalente ao CPF brasileiro) de funcionários, mas também dados de dois programas espaciais. Somente 1% dos dados de todos os equipamentos móveis usados pela Nasa estavam criptografados em fevereiro de 2012.



Novo remédio diminui danos cerebrais provocados pelo AVC

Pesquisadores criaram um novo tratamento contra as sequelas do AVC (acidente vascular cerebral) com chances de ser eficiente em humanos. Quase não há alternativas para enfrentar o problema hoje. Em experimento com cinomolgos (macacos asiáticos que têm o sistema nervoso muito parecido com o de humanos), os cientistas tiveram sucesso em reduzir os danos cerebrais e outras sequelas após os derrames. Os pesquisadores conseguiram inibir parcialmente a morte de neurônios que normalmente acontece depois de um problema desse tipo. Para isso, eles injetaram nos bichos, algum tempo depois da isquemia, um inibidor da proteína PSD-95, que está ligada à morte de neurônios depois de um AVC. O efeito da droga foi medido com ressonância magnética. Um dia após o AVC, os macacos que receberam esse inibidor até uma hora depois do derrame tiveram perda de tecido cerebral 55% menor do que os que receberam placebo. Ao se levar em conta os 30 dias subsequentes, a perda foi 70% menor. O estudo, publicado na última edição da "Nature", também mostrou que os animais tiveram melhora nas funções cerebrais. Os bichos tratados com a droga se saíram bem em testes de comportamento e de desenvolvimento feitos pelos pesquisadores. O AVC isquêmico é causado pela obstrução das artérias cerebrais. Ele pode lesionar áreas do cérebro e causar sequelas nos movimentos e em funções como a fala. A alternativa disponível hoje é o tPA (ativador do plasminogênio tecidual), que atua desbloqueando os vasos sanguíneos. A droga, porém, só faz efeito se for ministrada até 90 minutos após a isquemia, o que limita bastante seu uso, uma vez que boa parte dos pacientes não consegue recebê-la a tempo.


Vaticano reúne médicos para debater problemas de fertilidade

Um grupo internacional com sete especialistas em fertilidade foi ao Vaticano na semana passada para debater causas de infertilidade e seus tratamentos em uma reunião da Pontifícia Academia Pro Vita. O médico brasileiro Maurício Abrão, coordenador do centro de reprodução do Hospital Sírio-Libanês e especialista em endometriose, foi um dos participantes do encontro, em Roma. Ele falou à platéia formada pelo clero e por convidados, sobre causas anatômicas da infertilidade, como alterações uterinas, miomas e malformações. "Consequências de infecções são uma causa importante de infertilidade no Brasil", afirma Abrão. A discussão também envolveu as questões éticas do tratamento da infertilidade do ponto de vista da religião católica. Terapias como fertilização in vitro não são bem vistas pelo Vaticano. O ciclo de debates deu origem a artigos científicos realizados pelos 21 especialistas escolhidos pelo Vaticano, divididos em grupos de três, por tema. O intuito do encontro, segundo a Igreja, é investigar o problema crescente da infertilidade feminina e masculina e divulgar tratamentos que possam ajudar os casais. Abrão afirma que devem ser realizados novos encontros da Pontifícia Academia Pro Vita com novos temas, como células-tronco.

quinta-feira, 1 de março de 2012


Polêmica com Chevron vira arma contra José Serra

Patrícia  Pradal
Candidato a prefeito de São Paulo, o tucano José Serra pode enfrentar a polêmica sobre um telegrama, revelado pelo site Wikileaks, que relata conversa dele com Patrícia Pradal, diretora da petroleira americana Chevron, aquela do vazamento de óleo na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. A Chevron foi multada pela Agência Nacional do Petróleo e virou alvo de ação civil pública e inquérito da Polícia Federal pelo acidente no Rio.
  • Em telegrama do consulado dos EUA no Rio, Patrícia Pradal relata a promessa de Serra de mudar o marco de exploração do pré-sal.
As petroleiras americanas temem que a Petrobras se torne operadora exclusiva dos campos gigantes na camada do pré-sal.
O deputado Protógenes Queiroz (PCdoB) vai convocar Patrícia Pradal à Comissão de Segurança Pública. É uma arma poderosa contra Serra.
Para Protógenes, a relação entre Patrícia e Serra “causa estranheza”. “Mesmo fora da estrutura, Serra mantém muitos poderes políticos”.


UTI neonatal é fechada por falta de médicos

UTI  Neonatal

Por determinação da Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal do Hospital de Caridade de Canguçu, no sul do Estado, inaugurada há três meses para ampliar o atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS), teve as portas fechadas. A causa seria o baixo número de profissionais: o local funcionava com quatro médicos, enquanto que a exigência do Estado é de, no mínimo, nove médicos. O último paciente foi transferido no sábado(25). Desde o final de semana a Central Reguladora do Estado não encaminha bebês para o hospital, que, segundo o diretor da instituição, Fernando Gomes, passa por um processo de esterilização. A UTI neonatal dispunha de 10 leitos e nos três meses de funcionamento havia prestado atendimento a 45 bebês. De acordo com Fernando Gomes, a UTI foi inaugurada com apenas dois médicos e chegou a um efetivo de seis profissionais. A dificuldade na recomposição da equipe se deu, segundo ele, em função do período de férias.O local só voltará a funcionar depois que a direção do hospital comprovar a contratação da equipe médica e garantir o cumprimento da contratualização ao governo do Estado. O diretor do Hospital de Caridade de Canguçu não deu prazo para concluir as adequações. A UTI neonatal do Hospital de Caridade de Canguçu ganhou destaque com o drama da funcionária pública de Santa Vitória do Palmar Elisiane San Martin, 34 anos, que precisou esperar por dois dias e fazer uma viagem de mais de 500 quilômetros para dar à luz aos filhos gêmeos, em outubro do ano passado. Com o caso, a deficiência de leitos no Estado veio à tona e despertou para um entrave burocrático de quase nove meses. A UTI neonatal de Canguçu tinha a disponibilidade de 10 leitos e estava pronta para atendimento desde fevereiro de 2011, mas não funcionava porque aguardava a liberação do governo e o credenciamento para o atendimento via SUS.


Réu, ex-deputado assume cargo de delegado usando tornozeleira em Alagoas.

Francisco  Tenório
Quatorze dias após deixar a prisão beneficiado por um habeas corpus e usando uma tornozeleira eletrônica por ordem da Justiça, o ex-deputado Francisco Tenório (PMN-AL) assumiu o posto de delegado-adjunto da delegacia de acidentes de trânsito de Maceió. O ex-deputado é delegado de carreira da Polícia Civil alagoana, mas estava afastado do cargo. Ele é réu em dois processos nos quais é acusado de homicídio. Até início de fevereiro de 2011, Tenório estava licenciado da Polícia Civil para exercer mandato eletivo como deputado federal. Um dia após deixar o cargo de deputado, o delegado foi preso preventivamente pela acusação de participar da morte do ex-policial militar conhecido como Cabo Gonçalves, em 1996, o que ele nega. Tenório não conseguiu se reeleger na eleição de 2010, ficando na suplência de sua coligação. No dia 16 de fevereiro, o ex-deputado foi solto, beneficiado por um habeas corpus dado pelo Tribunal de Justiça de Alagoas. A 17ª Vara Criminal de Maceió, onde tramita outro processo em que Tenório é acusado de homicídio, determinou o uso da tornozeleira. Com o dispositivo, o delegado não pode deixar Maceió sem autorização da Justiça nem circular pelas ruas depois das 20 horas. Foi publicada no "Diário Oficial" de Alagoas a portaria designando-o para a função de delegado-adjunto.