Greve da PM
Marco Prisco |
Em assembleia realizada na noite de sábado (11 de fevereiro), os policiais militares da Bahia decidiram encerrar a greve deflagrada no dia 31 de janeiro. Sob repúdio generalizado, o movimento obteve resultados mixurucas.
Os PMs aceitaram o que diziam ser inaceitável: reajuste salarial de 6,5% mais uma promessa de pagamento de gratificação. Os líderes do movimento viram-se compelidos a aceitar as evidências.
Em discursos, reconheceram na assembleia que já não tinham como manter a greve. Afora as reações produzidas pela onda de violência e vandalismo, o grosso dos PMs já havia retornado ao trabalho no interior do Estado.
Suspensa a greve no Rio de Janeiro
O movimento grevista do setor de segurança do Rio de Janeiro trincou. No sábado (11 de fevereiro), os policiais civis decidiram suspender a paralisação. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros divergiram. A despeito da baixa adesão à greve, optaram por permanecer de braços cruzados.
Coube a Francisco Chao, diretor do Sindpol, o sindicato que representa os policiais civis, explicar a decisão. Alegou ter recebido informações sobre supostos ataques que estariam sendo urdidos pela bandidagem.
“Tivemos notícia de que ontem [sexta] pela manhã, três agências bancárias em São Gonçalo foram atacadas a tiros. Hoje [sábado], fui procurado por PMs que me relataram que marginais estariam planejando aproveitar o momento para espalhar violência.”
Segundo Chao, a suspensão não significa, por ora, a interrupção definitiva do movimento: “Não estamos cancelando a greve. Estamos suspendendo para discutir em assembleia na quarta-feira” da semana que vem.
Diferentemente do que ocorreu na Bahia, a adesão à greve foi branda. Também a reação do governador Sérgio Cabral (PMDB) contrastou com a do colega baiano Jaques Wagner (PT). No Rio, o Estado pegou pesado.
Foram presos, por enquanto, 17 policiais militares grevistas. Outros 129 encontram-se sob risco de punição. No Corpo de Bombeiros, um oficial foi exonerado e 162 guarda-vidas arrostaram prisões administrativas por faltar ao trabalho – 123 foram detidos na sexta, outros 39 no sábado.
Afora as punições disciplinares, outros 11 bombeiros tiveram mandados de prisão expedidos pela Justiça. Oito já foram recolhidos ao presídio de Bangu 1, onde já estava hospedado, desde a noite de quarta, o cabo Benevenuto Daciolo – aquele que foi pilhado em grampo telefônico tramando a propagação da greve da Bahia para o Rio e outros Estados.
“A greve não teve êxito”, declarou Sérgio Cabral. De fato, observa-se nas ruas do Rio uma atmosfera de normalidade que dispensou, por enquanto, a entrada em cena do Exército –14 mil soldados mantêm-se em estado de prontidão – e da Força Nacional de Segurança.
Ministério da Defesa
Em Brasília, o ministro Celso Amorim (Defesa), de volta de uma viagem ao exterior, reuniu-se com o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri. Fizeram um balanço da situação das PMs de todo Brasil.
Ao final do encontro, o general declarou: “Onde for necessário, a Força Especial estará presente para agir rapidamente.” Embora a preocupação persista, Enzo Peri disse descrer da hipótese de proliferação de greves noutros Estados.
“A situação parece sob controle. Mas, evidentemente temos efetivos importantes à disposição. Vamos continuar atentos e estamos confiantes.” Amorim afirmou que o problema da segurança pública é de responsabilidade dos estados. O Ministério da Defesa comparece à encrenca como polo auxiliar. “Mas é claro que é um auxiliar importante”, ele enfatizou.
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