sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Argentina implora por ‘morte digna’ da filha de dois anos
Mãe de Camila quer autorização para desligar aparelhos que mantém bebê viva

Uma professora argentina vive um drama. Ela quer que deputados do país aprovem projeto de lei que permita “a morte digna” da filha de dois anos de idade. Segundo Selva Herbón, a filha Camila está em estado vegetativo desde que nasceu.
Durante o parto, ela ficou um tempo sem receber oxigênio e isso pode ter provocado danos cerebrais ao bebê.
Camila nasceu em abril de 2009 em uma clínica da periferia de Buenos Aires. Como ela nasceu em estado vegetativo, os médicos tentaram reanimá-la "durante 20 minutos e ela foi conectada a um respirador artificial. Teve uma encefalopatia crônica não evolutiva por causa de falta de oxigênio no momento do parto", afirmou Selva Herbón.
"Não lhe permitem uma morte digna", ressaltou Herbon, que afirmou que não dispõe de recursos para iniciar um requerimento judicial para que autorizem os médicos a praticar a eutanásia no caso de Camila.
Em carta a políticos, Herbón afirma que a situação da criança é “irrecuperável e irreversível” e que existe um “vazio legal” na legislação da Argentina que impede a retirada dos aparelhos que a mantém viva. A mãe também diz que quatro especialistas consultados por ela dão parecer favorável a “retirar o suporte vital” de Camila.
Em entrevista, Selva contou que o marido e a outra filha, de 8 anos, não visitam mais a menina porque não suportam vê-la crescendo sem sentir nada. “Na minha concepção de mãe, ela não tem vida digna. Camila não vê, não escuta, não chora, não sorri. Eu e meu marido não queremos que ela tenha uma vida mantida de modo artificial”, disse. “Outros pais podem preferir ter um filho nestas condições para poder acariciá-lo todos os dias, mas não é o que entendo como vida para minha filha”, acrescentou.
O apelo da professora foi destaque nos principais jornais da Argentina e gerou manifestações de especialistas pró e contra o pedido da mãe. E reabriu o debate sobre a falta de uma lei que regule a eutanásia na Argentina.
"Vou todos os sábados levar fraldas e roupa para ela", disse a mãe, que conversou com os dois legisladores que apresentaram projetos de lei para a regularização da eutanásia no país.
O senador Samuel Cabanchik, autor de um desses projetos, disse que pediu a seus colegas que avancem no debate dessa iniciativa, destinada a garantir o direito das pessoas a uma "morte digna" quando todos os recursos médicos para sua recuperação estiverem acabado.

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