The Flintstones celebram 50 anos
Foram apenas 166 episódios em pouco mais de seis anos, mas a verdade é que os pré-históricos The Flintstones, que hoje, quinta-feira, comemoram 50 anos, marcaram sucessivas gerações de telespectadores espalhados um pouco por todo o mundo.
Oficialmente, tudo começou a 30 de Setembro de 1960, quando, pela primeira vez, o canal ABC mostrou um homem forte e encorpado, vestido com uma pele de animal laranja e negra, sentado num dinossauro que movimentava pedras com a cabeça. De repente, um pássaro de aspecto rude emite um som semelhante a uma sirene e ato contínuo, o homem solta um sonoro "yabadabadoo!", escorrega pelo rabo do animal diretamente para o interior de uma viatura construída com troncos e pedras, que aciona com o movimento dos seus próprios pés! Chegado a casa, recebe a companhia da mulher, filha e animais domésticos (dinossauro e tigre dentes-de-sabre) e dos vizinhos, dirigindo-se todos para um cinema ao ar livre.
Esta é uma descrição do genérico de The Flintstones, que viria a ser a primeira série de animação a ocupar o horário nobre da televisão norte-americana e durante muitos anos, a de mais longa exibição. Igualmente a primeira série animada a mostrar casais na cama, satirizava de forma leve situações quotidianas.
Se desde o genérico, os anacronismos imperavam, eles foram sem dúvida um dos trunfos que ajudaram a série a impor-se. Porque, se a cidade de Bedrock vive na Idade da Pedra, mais concretamente em 1 040 000 a. C., nela encontra-se tudo o que nos anos 60 havia de mais moderno, embora construído de forma rudimentar e com materiais grosseiros: meios de transporte, eletrodomésticos, com propulsão humana ou animal, jornais (de pedra), hiper-grelhadores à medida de coxas ou bifes de tiranossauro Rex, banheiras cujas água provinha de trombas de mamutes…
Como protagonistas, duas famílias: os Flintstones e os Rubbles. Na primeira, tínhamos Fred, ocioso, machista, desastrado, facilmente irritável e apreciador de Brontoburguer e Cactus-Cola, a sua bela e inteligente mas gastadora esposa, Wilma, e Pedrita (Peebles), a filha. Os Rubbles eram o baixinho Barney, o melhor (e inocente) amigo de Fred, a feminista Betty e o pequeno mas muito forte Bambam. Juntamente com alguns estereótipos sociais, como a sogra e o patrão de Fred, e "clones" de celebridades por vezes dobrados pelos próprios, viveram um sem número de peripécias, quase sempre provocadas pela inépcia de Fred, um eterno perdedor, no fundo marido e pai extremoso.
Com eles, Joseph Barbera e William Hanna, criaram as bases para um império televisivo que ainda hoje permanece.
Heloísa Helena faz campanha de madrugada e com pouco dinheiro
A ex-senadora Heloísa Helena (PSOL), de 48 anos, faz campanha em Alagoas para voltar ao Senado com pouco dinheiro, raros assessores e muito corpo a corpo. Segundo ela, seu dia começa às 4h30. Dirigindo o próprio carro e acompanhada por um dos cinco amigos ou partidários que se revezam na tarefa, Heloísa viaja pelo Estado pedindo votos nas ruas, em feiras e até nos faróis de trânsito. "Só meu anjo da guarda me acompanha", diz a atual vereadora por Maceió. A candidata enfrenta furiosa campanha adversária. O candidato Benedito Lira (PP), contemplado com uma mensagem de apoio do presidente Lula, mostra em sua propaganda eleitoral imagens antigas de Heloísa nas quais ela critica o petista e a corrupção de seu governo. Na última pesquisa Ibope, Heloísa está em segundo lugar na preferência do eleitorado, atrás do senador Renan Calheiros (PMDB).
Manifesto em Defesa da Democracia ultrapassa 50 mil assinaturas
O "Manifesto em Defesa da Democracia", lançado em São Paulo, já recebeu cerca de 55 mil adesões. O texto critica o presidente Lula e afirma estar em curso uma "marcha para o autoritarismo". Entre os signatários estão dom Paulo Evaristo Arns e Carlos Velloso, ex-presidente do Supremo, assim como também Paulo Brossard de Souza Pinto, ex-ministro da Justiça e do Supremo Tribunal Federal. Assina igualmente o manifesto Terezinha Zerbini, que foi presidente do Movimento pela Anistia no Brasil. O site do movimento pode ser acessado no link http://www.defesadademocracia.com.br. Coloque sua assinatura para demonstrar que não concorda com os ataque de Lula e do petralhismo contra as liberdades e garantias individuais no Brasil, especialmente a liberdade de impresa.
Bispo Edir Macedo sai em socorro de Dilma
Dono da Record e da Igreja Universal do Reino de Deus sai em defesa da candidata do PT à Presidência
O bispo Edir Macedo, dono da Record e da Igreja Universal do Reino de Deus, somou esforços com a campanha de Dilma Rousseff à Presidência e desmentiu boatos que circulam entre fiéis sobre a candidata ser a favor do aborto e ter dito que "nem Jesus Cristo me tira essa vitória".
Em nota publicada em seu blog, o bispo afirma que a petista é vítima de "mentiras espalhadas na internet".
Ainda na mensagem dirigida a seus seguidores, Macedo afirma: "Quem pensa que está prestando algum serviço ao Reino de Deus, espalhando uma informação sem ter certeza de sua veracidade, na verdade, está fazendo o jogo do diabo".
Irã condena blogueiro pioneiro a mais de 19 anos de prisão
Hossein Derakhshan revolucionou as redes de blogs iraniana.
Iraniano-canadense usava o apelido 'the Blogfather'.
Um tribunal do Irã condenou um pioneiro blogueiro do país a mais de 19 anos de prisão, disse à Reuters um ativista de direitos humanos.
O iraniano-canadense Hossein Derakhshan, que usava o apelido "the Blogfather" e é considerado o responsável por uma revolução nas redes de blogs iraniana, está preso na República Islâmica desde 2008 por ser suspeito de espionagem para Israel.
"Fomos surpreendidos com a condenação de Derakhshan a mais de 19 anos de prisão por cooperação com países hostis, propaganda política e insulto a figuras religiosas", disse à Reuters um ativista de direitos humanos, que pediu anonimato.
A agência de notícias semioficial Fars citou "uma fonte judicial informada" dizendo que a condenação imposta a Derakhshan não era definitiva e que o blogueiro ainda pode recorrer. Autoridades do Judiciário não estavam disponíveis para comentar.
Blogs na língua oficial do Irã
Derakhshan era jornalista em Teerã antes de mudar-se para Toronto em 2000. Ele ficou famoso ao publicar na internet instruções sobre como começar blogs no idioma Farsi, dando início a uma explosão de blogs na língua oficial do Irã. Em Ottawa, o chanceler canadense Lawrence Cannos disse que estava profundamente preocupado com a notícia sobre a condenação.
"Nossos funcionários continuam tentando confirmar essas reportagens de Teerã. Se for verdade, isso é completamente inaceitável e injustificável. O Canadá acredita que ninguém deve ser punido, em nenhum lugar, simplesmente por exercer o direito da liberdade de expressão", disse o ministro em comunicado.
Derakhshan, que no passado era crítico ao governo do Irã, visitou Israel em 2006. O Irã não reconhece Israel como um Estado, e os iranianos são proibidos de viajar para lá.
Planeta similar à Terra é descoberto e tem potencial para conter vida
Um astro com apenas três vezes a massa da Terra foi detectado a 20 anos-luz, orbitando uma estrela da constelação de Libra conhecida como Gliese 581, uma anã vermelha. Astrônomos da Universidade da Califórnia e da Carnegie Institution de Washington afirmam que o planeta é o primeiro a apresentar potencial real para conter vida.
A descoberta foi divulgada nesta quarta-feira (29) pela Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos. O astro, chamado Gliese 581g, fica em uma região na qual os astrônomos julgam que um planeta pode apresentar água líquida para formar oceanos, rios e lagos. No local, a distância da estrela permitiria um ambiente com clima ameno, nem tão frio, nem tão quente.
A órbita do planeta ao redor da estrela Gliese 581 dura pouco mais de um mês terrestre, com as possíveis estações de ano durando apenas dias.
Não é o primeiro planeta a ser descoberto na "zona habitável" da estrela. Em 2007, um outro exoplaneta, localizado próximo a mesma estrela, foi catalogado, também com potencial para ser conter vida.
Cientistas também estimarm que a temperatura média na superfície varia de 31 a 12 graus Celsius negativos. A equipe também afirma que o planeta orbita com uma face sempre voltada à estrela, de forma similar a como a Lua sempre mostra uma face à Terra.
Para os astrônomos, o planeta pode "sustentar vida", o que significa que ele tem potencial para reunir condições de vida. Os seres vivos podem não ser necessariamente parecidos com humanos.
Segundo Steven Vogt, coordenador da pesquisa que contou com 11 anos de trabalho no Observatório W. M. Keck, localizado no Havaí, a descoberta é um indício de que podem existir muitos outros corpos similares no Universo. O exoplaneta ao redor de Gliese 581 é encarado como o primeiro com potencial real para apresentar vida.
Os resultados serão publicados na revista científica Astrophysical Journal. Até setembro, 490 planetas foram descobertos fora do Sistema Solar.
Ernest e Betsy Pullen
Americano ganha US$ 1 milhão e depois US$ 2 milhões na loteria
Ernest Pullen, do Missouri, foi premiado em junho e de novo em setembro.
'Sortudo' disse que, seis anos antes, tinha sonhado que ficava milionário.
Um americano de Bonne Terre, no estado americano do Missouri, ganhou US$ 1 milhão (cerca de R$ 1,7 milhão) na loteria em junho e ganhou outro prêmio, de US$ 2 milhões (R$ 3,4 milhões), agora em setembro, segundo a loteria estadual.
Ernest Pullen, de 57 anos, é um militar da reserva que trabalhava no help desk de uma empresa de telecomunicações.
Ao ganhar o primeiro prêmio, ele se aposentou. Ele disse que se considera um cara de sorte.
Funcionários da Loteria do Missouri disseram que o caso é inédito.
Pullen comprou o segundo bilhete premiado em 17 de setembro na Miller's Quick Shop, em Bonne Terre, a cerca de 95 km da capital do estado, S. Louis.
Nos dois prêmios, ele optou por receber tudo à vista. Ele recebeu um prêmio líquido de US$ 700 mil (quase R$ 1,2 milhão) no primeiro prêmio e vai receber US$ 1,3 milhão (R$ 2,2 milhão) pelo segundo -nos dois casos, depois de pagar impostos.
O sortudo disse que, seis anos atrás, havia sonhado que ganhava muito dinheiro. Mas, mesmo depois de ganhar na loteria em junho, ele sentiu que seu sonho não estava completo.
"Todos os números com que eu sonhei, e todos os meus números da sorte, estavam no bilhete", disse.
Pullen disse que quer usar o dinheiro para reformar sua casa.
Pintou gata de rosa para combinar com cor de seu cabelo
A britânica Natasha Gregory, de 22 anos, é a dona de uma gata que foi encontrada pintada de cor-de-rosa em Swindon, no Reino Unido. A jovem alegou que tingiu o pelo do felino para "combinar com a cor do seu cabelo".
A jovem disse que teve a ideia de pintar a gata após assistir a um programa de TV dos EUA. Ela destacou que usou um corante alimentar. "Eu sempre quis ter um animal rosa. Um pouco como o meu cabelo", afirmou Natasha.
Ele destacou que leu as instruções do corante e não havia nada que pudesse prejudicar os seres humanos ou animais. "Eu sabia que não era tóxico", disse.
A Sociedade Protetora dos Animais britânica (RSPCA) afirmou que Natasha Gregory será informada sobre os riscos potenciais de tingir gatos.
A felina foi encontrada no jardim de uma casa no dia 18 de setembro. O dono do jardim chamou a RSPCA.
Na época, uma porta-voz da RSPCA criticou o tingimento como uma "piada de mau gosto", e fotos do animal foram parar em vários jornais.
Funcionários da organização tentaram lavar a gata de dois anos de idade, mas a cor apenas desbotou ligeiramente.
O pelo da gata agora terá que crescer, para perder a cor.
Americana é presa após polícia achar 'masmorra sexual' em sua casa
A norte-americana Kristal Ann Taylor, de 41 anos, que se autodenomina uma dominadora sexual, foi presa em Stillwater, no estado de Minnesota (EUA), após a polícia encontrar uma "masmorra sexual" em sua casa, segundo a emissora de TV "KSTP".
Kristal Ann Taylor mantinha um calabouço de dominação sexual em casa.
De acordo com a polícia de Stillwater, vizinhos relataram que havia um alto movimento, principalmente de homens, entrando e saindo da casa, que fica em um bairro residencial.
Após investigação, a polícia encontrou o site de Kristal, no qual ela cobrava US$ 150 por hora ou US$ 225 por 90 minutos por uma sessão na "masmorra sexual".
Com mandado de busca e apreensão, os investigadores entraram na casa e descobriram que toda a área principal tinha sido criada como um calabouço de dominação sexual, com equipamentos de tortura e objetos sadomasoquistas.
Kristal foi levada para a prisão do condado de Washington. Ela foi acusada de prostituição e outros crimes.
Al-Qaeda preparava ataques na Europa
As forças de segurança europeias e norte-americanas travaram nas últimas semanas um alegado plano da al-Qaeda para levar a cabo ataques terroristas contra cidades do Reino Unido, França e Alemanha, noticiou a 'Sky News'.
Os pormenores são escassos, mas tudo indica que o objetivo dos terroristas era levar a cabo ataques contra 'alvos moles', como hotéis e transportes públicos, à semelhança dos atentados de 2008 em Bombaim, na Índia.
A alegada conspiração terrorista é considerada "credível", mas nada indica que os ataques estivessem iminentes. Os planos terão sido travados graças a vários ataques cirúrgicos levados a cabo nas últimas semanas no Paquistão por aviões não-tripulados dos EUA contra os alegados 'cérebros' dos ataques, ligados à al-Qaeda paquistanesa.
Mulher de 60 anos gera própria neta
Uma mulher de 60 anos deu à luz o bebê da sua filha que aos 32 anos se viu impossibilitada de engravidar. A bebê nasceu saudável e chama-se Alice.
Talita de 32 anos foi submetida a uma cirurgia, na qual lhe removeram o útero. O sonho desta rapariga era ser mãe e a sua própria mãe, Eunice, ofereceu-se para ser "barriga de aluguer" da filha.
Com 60 anos, Eunice fez vários exames médicos e após a aprovação clínica foi submetida a várias inseminações artificiais. Chegou a estar grávida de gêmeos mas perdeu os bebês. Na terça-feira(28) e através de cesariana, nasceu Alice, com 2,285 quilos e duas semanas antes do tempo previsto.
A bebê é saudável e a mãe de aluguel, neste caso a avó, e a mãe estão ambas felizes com esta história que consideram ser "de amor verdadeiro".
EUA: Ex-presidente hospitalizado após viagem de avião
O ex-presidente norte-americano Jimmy Carter foi hospitalizado em Cleveland (Ohio) depois de sentir-se mal durante uma viagem de avião. Uma equipa médica estava à espera do político de 85 anos no aeroporto.
O homem que perdeu um segundo mandato ao ser derrotado por Ronald Reagan em 1980 tem estado a percorrer os EUA numa viagem de promoção do seu livro de memórias 'White House Diary'.
O ex-plantador de amendoins que foi governador da Georgia antes de vencer Gerald Ford nas presidenciais de 1976 recebeu o Nobel da Paz em 2000 devido à sua contribuição para encontrar soluções pacíficas para conflitos internacionais. Ainda hoje se dedica a promover entendimento nas mais diversas partes do Mundo.
Europa tem protestos contra austeridade
Sindicatos espanhóis dizem que 10 milhões pararam, mas governo contesta.
Bruxelas e outras capitais tiveram atos contra 'aperto de cinto' de governos.
Pelo menos 13 capitais europeias - de Lisboa a Helsinque - registraram protestos.
SITUAÇÃO
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
A candidatura de Heloísa Helena (PSOL) ao Senado por Alagoas está afundando.
São fatais os vídeos, exibidos no horário eleitoral, onde ela xinga o presidente Lula quando era senadora.
Deputado que afirma não ligar para a opinião pública deve ser reeleito no Rio Grande do Sul
Destituído da relatoria do caso Edmar Moreira (o homem do castelo) no Conselho de Ética da Câmara por inocentá-lo antes do julgamento, o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) mantém o poder na região de 40 municípios ao redor de Santa Cruz do Sul. Ele ficou conhecido no país ao dizer: "Estou me lixando para a opinião pública. Até porque a opinião pública não acredita no que vocês escrevem. Nós nos reelegemos mesmo assim." Um ano depois, com o apoio dos produtores de fumo, ele deve se reeleger com votação recorde e ainda dar ao filho Marcelo um mandato de deputado estadual.
A mulher, Neiva Terezinha Marques, conhecida como Kelly Moraes, já é prefeita de Santa Cruz. Ele liderou uma carreata com mais de 400 veículos por Santa Cruz, desfilando num caminhão enfeitado com cartazes da presidenciável Dilma Rousseff e propaganda dos fumicultores, ao lado de Marcelinho e Kelly. Por onde passa, é saudado com devoção.
Na eleição passada teve 80 mil votos. Agora, diz que será reeleito com cerca de 100 mil.
Mulheres obrigadas a urinar de pé
As estudantes da Universidade de Shanxi, na China, tiveram uma surpresa ao regressar de férias: em vez das vasos sanitários nos banheiros, depararam-se com... urinóis. A direção da universidade decidiu instalar urinóis femininos porque chegou à conclusão de que, se as mulheres urinarem de pé gastam menos 160 toneladas de água por dia. Para que não haja dúvidas, foram colados nas paredes dos banheiros cartazes para explicar como usar os novos urinóis.
Embaixadora para falar com aliens
A ONU vai nomear em breve uma embaixadora para o Espaço para coordenar a resposta da Humanidade na eventualidade de um contato alienígena.
Esta missão será confiada à astrofísica malaia Mazlan Othman, que na próxima semana irá explicar as suas competências. A criação do cargo foi explicada com a descoberta de um grande número de planetas que orbitam estrelas, o que aumenta a possibilidade de um contato alienígena.
Marinha de Israel intercepta veleiro de pacifistas judeus que ia a Gaza
Barco Irene tentava romper simbólicamente o bloqueio ao território palestino.
Abordagem não foi violenta, segundo os militares israelenses.
As penas de morte no Mundo
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SITUAÇÃO
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Ronald de Carvalho
Liberdade até para os estúpidos
A liberdade de imprensa se aprimora pela liberdade de errar. Jornalista não é policial, alcagüete, meganha de quartel nem delator. Sua função na sociedade é a de vigilante dos princípios éticos que sustentam as instituições.
É possível que algumas vezes, do alto da gávea, se possa bradar um “terra à vista” sem que haja terra ou se a vista estiver embaçada. Entretanto, com certeza há gaivotas no céu.
Em 40 anos de profissão, já cometi muitos erros e vi muitas imprecisões serem cometidas por jornalistas da minha geração. Apesar disso, jamais se cometeu uma infâmia. A imprensa pode ser imprecisa, mas jamais, cega, surda ou idiota. Quando comete um erro, corra, porque atrás da meia verdade dorme a verdade inteira.
O jornalismo é um vigilante de seu tempo. Cabe a ele escarafunchar o ilícito para que a Polícia, o Ministério Público e a Justiça cheguem à verdade da transgressão. Não exijam que uma reportagem seja perfeita. Ela foi feita para cometer erros.
Aos poderes públicos, pertence a função de corretor de ortografia da verdade. Todos os grandes escândalos comprovados nos últimos tempos, quando denunciados, continham erros que quase desmereciam a denúncia.
Entretanto, a partir da imprecisão, a Justiça lavou a roupa e encontrou as nódoas que envergonhavam a sociedade. Assim foi com Collor: a cascata da Casa da Dinda era uma cascatinha de jardim e, portanto, a capa da revista era cascata. Desse erro chegou-se à quadrilha de extorsão.
Da mesma forma foram as denúncias de Carlos Lacerda contra o bando liderado por Getúlio. O fato inicial não era verdade, mas chegou-se a Gregório Fortunato e a história mudou de rumo.
Aparentemente, os aloprados de São Paulo que pretendiam comprar um dossiê que incriminava seus adversários, era uma malvada invenção da imprensa. Entretanto, uma foto retratando um morrote de dinheiro ilustrou a primeira página dos jornais e jogou uma eleição presidencial para o segundo turno.
Assim é a imprensa: se nutre do erro, para cevar a verdade. Aos tiranos ocorre o pavor à liberdade de errar para que, pelo silêncio, manipulem a verdade. Nesta penúltima semana de setembro, a revista Veja publica um artigo do sociólogo Demétrio Magnoli que é aula a quem pretende exercer, eleger, entender ou criticar o poder.
O título A Liberdade Enriquece mostra a conservadores, revolucionários, mentes lúcidas ou idiotas em particular que a liberdade de expressão transita por qualquer regime que realmente procure a justiça das sociedades.
Rosa de Luxemburgo, a Passionária polonesa que tanto inspirou as esquerdas do século vinte, é citada para reproduzir um mantra que define a liberdade. ” Liberdade somente para os partidários do governo não é liberdade. Liberdade é sempre a liberdade daquele que pensa de modo diferente”.
Como se não bastasse tamanho soco que nos faz acordar para a responsabilidade social, o artigo nos premia com a pérola de uma frase, que se bem pensada, nos leva à emoção: “Liberdade não é um artigo de luxo, um bem etéreo, desconectado da economia. Liberdade funciona, pois a criatividade é filha da crítica”.
Enquanto isso, nos porões da estupidez e na catacumba da inteligência há quem continue a afirmar que há excesso de liberdade de expressão no Brasil e que aqueles que estão no poder são a opinião pública.
Leiam, estudem, pois ainda há tempo.
A liberdade também foi feita para os estúpidos.
Personalidades lançam manifesto em defesa da democracia, do Estado de Direito e da liberdade de imprensa
Brasileiros das mais diversas áreas lançam na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, um manifesto em defesa da democracia, do Estado de Direito, da liberdade de imprensa e dos direitos individuais. Trata-se de um movimento apartidário. Entre os signatários iniciais do documento estão o jurista Helio Bicudo, o historiador Marco Antonio Villa, o poeta Ferreira Gullar, os atores Carlos Vereza e Mauro Mendonça, os professores José Arthur Gianotti e Leôncio Martins Rodrigues e o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso.
Um bom exercício é confrontar o seu conteúdo com o manifesto que o PT e sindicalistas estão divulgando contra a liberdade de imprensa. De um lado, a civilização democrática; de outro, o flerte bom a barbárie ditatorial.
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MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA
Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano. Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo. Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático. É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais. É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos. É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle. É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade. É constrangedor que o Presidente da República não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há “depois do expediente” para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no “outro” um adversário que deve ser vencido segundo regras da Democracia , mas um inimigo que tem de ser eliminado. É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses. É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo. É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É um escárnio que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário. Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para rasgar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo. Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade. Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos.
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Desde a ditadura militar, desde a prisão e assassinato de Vladmir Herzog nos porões da Operação Oban, na delegacia de polícia civil da Rua Tutóia, em São Paulo, jamais se viu tamanha violência contra a imprensa como essa que está sendo armada por Lula e suas hordas de sindicalistas.
Em 24 de outubro de 1975, o jornalista Vladimir Herzog se apresentou à Operação Bandeirantes (Oban), na Rua Tutóia, em São Paulo, para ser interrogado pelos repressores que o haviam procurado na TV Cultura, onde ele trabalhava. Menos de 24 horas depois, Vladimir Herzog estava morto pela tortura. Os torturadores da Operação Bandeirantes simularam seu suicídio e distribuíram uma foto com a qual pretendiam provar seu álibi. Os jornalistas de São Paulo, indignados, paralisaram o trabalho em todas as redações de jornais, rádios, revistas, televisões e assessorias, declararam-se em assembléia permanente e vigília constante na sede do Sindicato dos Jornalistas, localizada na rua Rego Freitas, a poucos metros da Igreja da Consolação e a três quadras da antiga redação do jornal O Estado de S. Paulo. A vigília permaneceu até o enterro de Vladimir Herzog. Neste enterro, o rabino Henri Soibel, contrariando os militares, determinou a abertura do caixão para a lavagem do corpo, como é costume na religião judáica, e determinou que Vladimir Herzog fosse enterrado como a grande maioria dos judeus, e não na área destinada aos suicidas. Foram recados diretos aos torturadores.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Elio Gaspari
O jabaculê confesso de Vinicius
Erenice Guerra e seu marido receberam R$ 4 milhões depois que a Agencia Nacional de Energia Elétrica, Aneel, aprovou o projeto da EletroPlex que alterou a cota das turbinas da hidrelétrica do Baixo Araçati.
Não existe Baixo Araçati, também não existe EletroPlex e a Aneel não aprovou coisa alguma. O exemplo foi inventado, para mostrar que, a esta altura, acredita-se em qualquer coisa que se diga a respeito de Erenice Guerra e das traficâncias ocorridas na Casa Civil de Nosso Guia.
A comissária Erenice viu-se metida em pelo menos três denúncias de malfeitorias. Seu filho Israel atravessou contratos nos Correios e projetos de energia solar no BNDES. Uma empresa que tinha seu marido como diretor comercial conseguiu na Anatel uma concessão de telefonia celular em São Paulo. São casos em que as suspeitas estão documentadas.
Bem outro é o enredo da confissão feita por Vinicius Castro, amigo de Israel e ex-assessor de "tia" Erenice. Segundo sua narrativa, no final de julho de 2009, ao chegar ao local de trabalho, no Palácio do Planalto, abriu uma gaveta de sua mesa, encontrou um envelope pardo com R$ 200 mil em dinheiro vivo e exclamou: "Caraca! Que dinheiro é esse?" Disseram-lhe que era a "propina do Tamiflu", remédio usado para tratar pacientes com o vírus da gripe aviária, que naqueles dias inquietava o mundo. Segundo ele, três outros funcionários da Casa Civil receberam idênticos jabaculês.
Vinicius disse que recebeu R$ 200 mil, mas a história que contou, com gaveta, envelope, "caraca" e Tamiflu só fica em pé se forem contornadas diversas implausibilidades.
O Tamiflu era o único medicamento eficaz para vítimas da gripe aviária e o ministro José Gomes Temporão garante que a compra foi feita diretamente ao laboratório Roche. Se for verdade, não havia intermediários. Não se tratava de escolher entre várias marcas, era Tamiflu ou nada. Num raciocínio perverso, a Casa Civil poderia ter tentado criar dificuldades para vender facilidades, mas faria isso logo no meio de uma pandemia? Logo com um remédio sem rivais? E por que uma empresa daria R$ 200 mil a Vinicius, um recém-chegado, com poucas semanas de serviço?
É implausível que alguém entre no Palácio do Planalto com R$ 200 mil num envelope para presentear um amigo. Mais implausível é que se ponha esse ervanário na gaveta (aberta) de um funcionário, sem que ele tenha sido avisado. Se os outros jabaculês foram distribuídos da mesma maneira, entraram no Planalto pelo menos R$ 800 mil.
Vinicius contou sua história a duas pessoas, que a reproduziram, em conversas gravadas, para os repórteres Diego Escosteguy e Otávio Cabral. Um tem sua identidade protegida e o outro é um tio, Marco Antonio de Oliveira, ex-diretor dos Correios. Desbastadas as implausibilidades, sobra o essencial da confissão do delinquente: recebeu um jabaculê de R$ 200 mil enquanto exercia a função de assessor da chefe da Casa Civil da Presidência da República. Pelo que se sabe, não devolveu o ervanário.
Se a história de Vinicius tiver que ser comprada com todos os detalhes, do Tamiflu ao "Caraca!", é implausível. Se for reduzida ao essencial, nunca na história deste país...
terça-feira, 21 de setembro de 2010
A revista VEJA traz mais um caso escabroso de corrupção. Com um agravante: desta vez, dinheiro vivo de propina circulou a alguns metros do gabinete presidencial, quando a chefe da Casa Civil era Dilma Rousseff.
Vinícius de Oliveira Castro
Na Casa Civil, na gestão Dilma, a metros do gabinete de Lula: “Caraca! Que dinheiro é esse? Isso aqui é meu mesmo?” Eram R$ 200 mil em dinheiro vivo!
"Numa manhã de julho do ano passado, o jovem advogado Vinícius de Oliveira Castro chegou à Presidência da República para mais um dia de trabalho. Entrou em sua sala, onde despachava a poucos metros do gabinete da então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e de sua principal assessora, Erenice Guerra. Vinícius se sentou, acomodou sua pasta preta em cima da mesa e abriu a gaveta. O advogado tomou um susto: havia ali um envelope pardo. Dentro, 200 000 reais em dinheiro vivo - um “presentinho” da turma responsável pela usina de corrupção que operava no coração do governo Lula. Vinícius, que flanava na Agência Nacional de Aviação Civil, a Anac, começara a dar expediente na Casa Civil semanas antes, apadrinhado por Erenice Guerra e o filho-lobista dela, Israel Guerra, de quem logo virou compadre. Excitado com o pacotaço de propina, o neófito reagiu em voz alta : “Caraca! Que dinheiro é esse? Isso aqui é meu mesmo?”. Um colega tratou de tranqüilizá-lo: “É o ‘PP’ do Tamiflu, é a sua cota. Chegou para todo mundo”.
PP, no caso, era um recado — falado em português, mas dito em cifrão. Trata-se da sigla para os pagamentos oficiais do governo. Consta de qualquer despacho público envolvendo contratos ou ordens bancárias. Adaptada ao linguajar da cleptocracia, significa propina. Tamiflu, por sua vez, é o nome do remédio usado para tratar pacientes com a gripe A1N1, conhecida popularmente como gripe suína. Dias antes, em 23 de junho, o governo, diante da ameaça de uma pandemia, acabara de fechar uma compra emergencial desse medicamento — um contrato de 34,7 milhões de reais. O “PP” entregue ao assessor referia-se à comissão obtida pela turma da Casa Civil ao azeitar o negócio."
Claúdio Humberto
Só autoridade entraria com maços de dinheiro no Planalto
Os R$ 200 mil em dinheiro vivo que apareceram nas gavetas do então assessor da Casa Civil Vinícius Castro, revelados na revista Veja, só podem ter sido levados à Presidência da República por alguém com acesso à entrada de autoridades, que são dispensadas do crivo do sistema de segurança da entrada principal, incluindo raio-x. Isso no CCBB, onde funcionou temporariamente a Presidência, ou no Planalto.
Segundo a revista Veja, que revelou o fato, o assessor Vinícius Castro reagiu com espanto à dinheirama: “Caraca! Que dinheiro é esse?”
Vinícius é amigo, compadre e sócio de Israel, filho lobista de Erenice Guerra. Um colega explicou a ele: “É a PP (propina) do Tamiflu”.
Se investigar... Como no caso dos R$ 200 mil de Vinícius, outros pacotes suspeitos, com dinheiro, podem ter sido gravados pelas câmeras de segurança.
O problema, para verificar a circulação de dinheiro no Planalto, é uma certa “amnésia” das câmeras de segurança do general Jorge Félix...
SITUAÇÃO
domingo, 19 de setembro de 2010
sábado, 18 de setembro de 2010
Miriam Leitão
A grande guerra
A demissão de Erenice Guerra do cargo de ministra-chefe da Casa Civil não desobriga o governo de investigar o caso. Ele tem indícios escabrosos de tráfico de influência no coração do governo e está ligado a uma pessoa que desde 2002 tem trabalhado diretamente com a candidata Dilma Rousseff.
Erenice é o elo entre este governo e o que pode ser o próximo. É preciso entender o que houve.
Há casos que começam simples e só com o tempo se complicam. Esse estourou já num grau de complexidade espantoso.
A ex-ministra parecia ser um consórcio: dois filhos, dois irmãos, irmã, ex-cunhada, assessor, mãe de assessor, irmão da mãe de assessor, marido, todos de alguma forma envolvidos em negócios ou conflito de interesses dentro do governo.
Sua primeira reação, quando começaram a ser publicados os abundantes indícios de irregularidades que a cercavam, foi fazer uma nota com timbre e autoridade do Palácio do Planalto acusando o candidato adversário de ser "aético e derrotado".
Mais uma inconveniência no meio de tantas, porque o primeiro a fazer era se explicar ao cidadão e contribuinte brasileiro.
Mas essa nota foi mais uma prova de que o Brasil não tem mais governo, tem um comitê eleitoral em plena e intensa atividade. A demissão de Erenice, que ninguém se engane, não é um tardio ataque de moralidade. É o resultado de um cálculo eleitoral.
A dúvida era o que poderia atingir a candidata Dilma Rousseff — manter Erenice, insistindo na tese de que ela era vítima de uma jogada eleitoral, ou demiti-la para tentar reduzir o interesse no caso?
Nada do que foi divulgado pode acontecer num governo sério. Filhos de ministra não podem intermediar negócios, não podem cobrar "taxas de sucesso"; assessor de ministra não pode ser filho da dona da empresa que faz a defesa de interesses dentro do governo; marido da ministra não pode estar num cargo público que dê a ele o poder de decidir sobre o fechamento do contrato que está sendo negociado.
Ministra não faz essas estranhas reuniões com fornecedores do governo. Há outras impropriedades, mas fiquemos nessas primeiras.
A manchete da Folha de ontem trouxe a arrasadora entrevista de um empresário que, munido de e-mails e cópias de contratos, diz que foi vítima de tentativa de extorsão ao pedir um empréstimo no BNDES.
Além das taxas variadas e dos milhões que ele afirma ter sido pedido para a campanha da candidata do governo, chegou a ser pedido 5% num empréstimo de R$ 9 bilhões. Se ele fosse concedido, isso seria R$ 450 milhões.
Erenice Guerra trabalhou com Dilma Rousseff desde a transição, foi seu braço-direito, a enviada especial a missões difíceis, a pessoa a quem ela entregou o cargo quando saiu, em quem tinha absoluta confiança.
O vínculo não é criado pela imprensa, não é ilação, são os fatos. Esse não é o caso apenas do filho de uma ex-assessora, como Dilma disse no seu último debate. Esse é um conjunto assustador de indícios de um comportamento totalmente condenável no trato da questão pública.
Não é importante quem ganha a eleição. É importante como se ganha a eleição. A democracia estabelece que o vencedor é aquele que tem mais votos e ponto final. Cabe aos eleitores dos outros candidatos respeitar a pessoa eleita, a estrutura de poder que ele representa e torcer pelo novo governo. Portanto, ao vencedor, o poder da República por um mandato.
O problema é quando um grupo, para se manter no poder, usa a máquina pública como se fosse de um partido, quando um governo inteiro se empenha apenas em defender uma candidatura, e não o interesse coletivo, quando sinais grosseiros de mau comportamento são tratados com desleixo pelas maiores autoridades do país, sob o argumento de que se trata de uma briguinha eleitoral.
Nada do que tem acontecido ultimamente é aceitável num país de democracia jovem, instituições ainda não inteiramente consolidadas e desenvolvidas. Não importa quem vai ser eleito este ano, o que não pode acontecer é o país considerar normal esse tipo de comportamento que virou rotina nos últimos dias.
As atitudes diárias do presidente da República demonstram que oito anos não foram o bastante para ele entender a fronteira entre o interesse coletivo e o do seu partido; entre ser o governante de todos os brasileiros e o chefe de campanha da sua escolhida; entre popularidade e indulgência plenária para todo o tipo de comportamento inadequado.
O país pode sair desta eleição derrotado em seu projeto, o único projeto que é de todos os brasileiros: o de construir uma democracia sólida, instituições permanentes e a concórdia entre os brasileiros.
O caso Erenice Guerra é assustador demais para ser varrido para debaixo do tapete.
Os indícios são de que a punição aos envolvidos no escândalo do mensalão, que agora respondem na Justiça por seus atos, não mudaram os padrões de comportamento dentro do governo.
A Casa Civil não pode estar sempre no noticiário de escândalos. É, na definição da candidata Dilma Rousseff, o segundo mais importante cargo do governo. Se é tudo isso, que se faça uma investigação do que havia por lá.
Mas que não seja mais um "doa a quem doer" de fantasia; que não seja a apuração que nada apura, que perde prazos, que confunde e acoberta.
Não é uma eleição que está em jogo. Ela pode já estar até definida a esta altura, com tanta vantagem da candidata governista a 15 dias da eleição.
O que está em jogo é que país o Brasil escolheu ser, neste momento tão decisivo de sua história.
Essa é a verdadeira guerra.
Merval Pereira
A queda
O presidente Lula age de acordo com as pesquisas eleitorais, nada importa mais do que eleger Dilma sua sucessora, e no primeiro turno. E a demissão da ministra Erenice Guerra pode ser um sinal de que a crise começa a afetar, mesmo que minimamente, as intenções de voto em Dilma.
Toda a estratégia montada por Lula há muito tempo previa uma eleição polarizada para ser resolvida a 3 de outubro. Por isso, sempre que alguém aventa a possibilidade de haver um segundo turno, é acusado de "golpismo".
Como se, como diz Marina Silva, dar mais tempo ao eleitor para se decidir fosse um ato de lesa-pátria, uma traição aos ideais democráticos. Estranha democracia essa, que teme a confrontação direta entre os candidatos, que tem pressa em definir a eleição na primeira rodada.
Na verdade, o que os defensores da candidatura Dilma Rousseff temem, especialmente seu mentor, o presidente Lula, é que ela tenha que se expor mais ao debate durante o segundo turno, em condições de igualdade com Serra ou, mais remotamente, com Marina.
Na eleição de 2002, o presidente do Ibope dizia que, se o deputado Ciro Gomes tivesse viajado para a Austrália com sua mulher, Patrícia Pillar, e lá ficasse até o fim da eleição, estaria eleito. Ao contrário, ficou por aqui fazendo campanha e acabou pagando pela língua.
Dilma não chega a estar tão escondida quanto se tivesse viajado para a Austrália, mas tem sido protegida por um esquema palaciano o mais que é possível. Até mesmo um púlpito montaram para suas entrevistas coletivas, de forma a afastá-la dos repórteres.
Por que teria Dilma que falar sobre o caso da ministra Erenice Guerra?, pergunta o líder do governo Cândido Vaccarezza. Ora, simplesmente porque ela foi demitida da Casa Civil depois de sucessivos escândalos envolvendo sua família, e quem a colocou lá foi a própria Dilma. E porque vários dos casos denunciados ocorreram quando Dilma ainda era ministra-chefe do Gabinete Civil, e Erenice, seu braço-direito.
O que eu tenho a ver com isso?, pergunta a própria Dilma. Tudo, já que Erenice não tem existência própria sem Dilma, assim como Dilma não existe sem Lula. Erenice não chegaria ao Ministério sem o apoio de Dilma, nem Dilma seria candidata a presidente da República sem Lula querer.
Fora isso, a demissão da ministra e as medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda para tentar conter o vazamento de dados do Imposto de Renda de políticos e seus parentes mostram que as denúncias tinham fundamento e não são meras ações eleitoreiras, como o próprio presidente alegou inicialmente.
Na reta final da campanha eleitoral, eis que mais uma vez, a exemplo do que aconteceu em 2006, os "aloprados" petistas surgem para tumultuar o ambiente político que se anunciava risonho para a candidatura oficial de Dilma Rousseff.
Hoje, os "aloprados" surgiram em diversos lugares, e, embora nenhuma ação criminosa denunciada tenha o impacto daquela de 2006, pelo menos visual — a montanha de dinheiro vivo mostrada nos jornais e na televisão era a expressão material do mal feito —, a variedade e a gravidade de crimes cometidos no entorno do PT e do Palácio do Planalto podem ter impacto semelhante.
As denúncias sobre quebras de sigilos de parentes do candidato oposicionista José Serra, e de pessoas ligadas ao PSDB, deixam claro que, em meio às tantas irregularidades que surgiram na Receita Federal, houve, sim, um aspecto político relevante, ainda mais quando se sabe que as informações sigilosas apareceram em dossiês feitos dentro da campanha petista e em blogs ligados à campanha de Dilma Rousseff.
Mas o tema é de difícil entendimento para a média do eleitorado brasileiro, e sua repercussão ficaria restrita a um eleitor mais bem informado se não surgisse essa série de denúncias de lobby com objetivos financeiros dentro do Gabinete Civil da Presidência da República.
As pesquisas, que continuam dando a vitória de Dilma no primeiro turno, mostram que, entre os eleitores que se dizem bem informados sobre as denúncias, e entre os mais escolarizados e com renda mais alta, já há uma mudança de atitude em relação à candidatura oficial.
Entre esses, a queda de Dilma e a subida de Serra e Marina já indicam que haveria um segundo turno.
Outro fator que pode influir negativamente na escolha dos eleitores é a proximidade do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu com a candidata oficial.
A palestra de Dirceu para sindicalistas em Salvador, ressaltando a força que o PT terá num futuro governo Dilma, deixou incomodados os dirigentes petistas e o Palácio do Planalto.
A imagem de Dirceu está associada à ala mais radical do PT, e ao mensalão, de cujo esquema foi acusado de ser o chefe da quadrilha pelo Ministério Público.
Sua influência num governo que não terá Lula para controlar seus "aloprados" assusta a classe média.
"Aloprados" foi como o presidente Lula chamou companheiros de partido que, na sua campanha de reeleição, se meteram em uma grossa enrascada ao tentar comprar com R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo um dossiê com supostas denúncias contra o então candidato ao governo de São Paulo, José Serra, resvalando de maneira indireta na candidatura tucana ao Palácio do Planalto, naquele ano assumida por Geraldo Alckmin.
O presidente Lula não conseguiu ganhar no primeiro turno, como todas as pesquisas de opinião indicavam, devido à repercussão do episódio, e levou uma semana para se recuperar do baque. No segundo turno, teve uma vitória exuberante sobre Alckmin.
Ainda não há indicações oficiais de que a sucessão de escândalos abalou a tendência da maioria de votar em Dilma no dia 3, como Lula está pedindo. E Lula hoje é muito mais popular do que em 2006. Mas ainda faltam 17 dias para a eleição. E, como mostra a demissão da ministra Erenice Guerra, por mais popular que seja, o presidente Lula não pode tudo.
Eliane Cantanhêde
Geração espontânea?
E não é que a Casa Civil caiu mesmo? A ministra Erenice Guerra foi convidada gentilmente a pedir demissão, e só falta o presidente Lula explicar se foi:
a) para fazer um gesto de caridade com a oposição, coitada, que vai perder feio em 3 de outubro;
b) porque sucumbiu a um complô maligno da imprensa com a elite branca contra a ministra;
c) diante da evidência de que Erenice, os filhos e os irmãos estavam botando a mão na cumbuca;
d) e/ou para todo mundo esquecer rapidinho que Erenice era unha e carne com Dilma Rousseff.
Com Erenice aboletada na Casa Civil, a poucos metros do gabinete presidencial, evidentemente o noticiário seria pautado pelo escândalo durante toda a reta final da campanha. Com Erenice de volta à sua insignificância de "ex-assessora", Lula certamente conta que o caso vá saindo da manchete e perdendo espaço, até se restringir a um pé de página e cair na vala comum do esquecimento, como tantos outros.
Só que Erenice Guerra não chegou ao cargo mais importante do governo porque quis ou por geração espontânea, mas, sim, porque foi indicada pela chefe Dilma, com quem trabalhou lado a lado. Como Dilma é franca favorita para vencer a eleição no primeiro turno, precisa explicar com que informações, com que critérios e de que forma escolhe e nomeia suas pessoas de confiança. Ou é demais pedir isso da virtual presidenta da República?
O PT sempre foi craque ao devassar a vida alheia, providenciar dossiês e contas bancárias para CPIs e até, se necessário, transformar cem em mil, ou mil em um milhão para potencializar o estrago no adversário. Então, como é que o governo nomeia uma pessoa toda enrolada para o ministério mais importante sem saber quem é?
O partido era muito bom para investigar os outros, mas perdeu o pique e não quer ouvir falar de investigação para si mesmo. Nem para o aliado PMDB, evidentemente.
Políbio Braga
Conheça o tamanho da corrupção no governo Lula
Estes nove ministros de Lula caíram por corrupção ou por suspeita de corrupção, formando um leque de malfeitorias jamais visto neste País, nem mesmo no governo Collor:
Por ordem de saída:
1. Benedita da SilvaA lista não inclui presidentes e diretores de empresas estatais, porque neste caso o número vai a cinco dezenas. Apenas nos Correios foram oito.
2. Romero Jucá
3. José Dirceu
3. Antonio Palocci
4. Luiz Gushiken
5. Silas Rondeau
6. Walfrido dos Mares Guia
7. Matilde Ribeiro
9. Erenice Guerra
Josias de Souza
PT monitora os efeitos do ‘Erenicegate’ na campanha
Para comitê de Dilma, caso é mais danoso que ‘Fiscogate’
Pesquisas internas indicam que ainda não houve prejuízo
Avalia-se que proximidade do pleito inibe o risco de revés
O comitê de Dilma Rousseff opera com a luz amarela acesa. Pesquisas internas monitoram os efeitos dos escândalos em ritmo diário.
Os operadores da campanha petista enxergam no caso que envolve Erenice Guerra um grau de combustão que não viam no episódio das violações da Receita.
Por quê? Erenice integrara a assessoria de Dilma no Ministério de Minas e Energia. Chegara à Casa Civil levada pelas mãos de Dilma. Ali, tornara-se braço direito de Dilma. Virara ministra por indicação de Dilma.
Ou seja: Erenice, 51 anos, filiada ao PT desde 1981, deve sua existência na burocracia da gestão Lula a Dilma Roussef. Daí o receio.
O elo entre a suspeita de malfeito e a candidata, frágil no caso da violação do sigilo de tucanos, materializou-se na encrenca da Casa Civil.
Até o início da semana, o alto comando da campanha avaliava que a manutenção de Erenice no cargo seria “menos pior” do que sua demissão. Em declarações calculadas, Dilma tomara distância da encrenca.
Dissera que não admitia ser julgada por acusações feitas contra o filho de uma ex-assessora. Passara a esgrimir a tese segundo a qual o “Erenicegate” era assunto do governo, não dela.
No mais tachara de "factóide" as novas estocadas do rival José Serra. Nos subterrâneos, Erenice foi aconselhada a se dissociar do filho Israel Guerra, acusado de empinar negócios privados no governo. Porém...
Porém, numa fase em que a cabeça ainda se equilibrava sobre o pescoço, a ministra não demonstrou disposição de abandonar o rebento no oceano de suspeições. Pior: numa conversa telefônica da noite de domingo (12), Erenice admitira ter recebido em casa o empresário Fábio Baracat, com quem Israel transacionava.
Para complicar, Erenice passou a operar na contramão do comitê. Pôs-se a emitir notas oficiais nas quais vinculava as denúncias à cena eleitoral. Em sua última nota, trazida à luz na quarta (15), Erenice investira contra Serra. Chamara-o de “aético”. Pespara nele a pecha de “derrotado”.
Lula fez saber à ministra que não gostara do timbre do texto. Foi o primeiro sinal de que a cabeça de Erenice balançava.
A manchete da Folha de quinta (16) fez amadurecer o escalpo. Nova denúncia. De novo tráfico de influência. Novamente Israel Guerra. Um detalhe foi considerado especialmente incômodo.
Uma trinca de representantes da empresa EDRB, a nova cliente de Israel, fora recepcionada na Casa Civil. A audiência ocorrera em 10 de novembro de 2009. Dilma ainda era ministra. O negócio não se efetivou. Mas a oposição ganhou munição fresca.
De resto, uma coincidência de datas fez piscar a luz amarela no painel de controle do QG de Dilma. Veio à memória o escândalo dos “aloprados” de 2006. Um caso que explodira em 15 de setembro.
Lula, então candidato à reeleição, ostentava no Datafolha favoritismo semelhante ao de Dilma. Uma semana depois da chegada das manchetes aziagas, prevalecia sobre Geraldo Alckmin, o presidenciável tucano de então, por 50% a 29%. No último Datafolha, Dilma cravou 51%, contra 27% de Serra.
A imagem das notas usadas na tentativa de compra de um dossiê (R$ 1,7 milhão) ajudara a compor o quadro que levara Alckmin a um segundo turno que parecia improvável.
A analogia como que tonificou os receios que levam o petismo a observar com lupa os efeitos do alarido da Casa Civil sobre a campanha de Dilma. Um dos coordenadores do comitê disse ao repórter, na noite passada, que as pesquisas internas são indicam, por ora, a perspectiva de erosão de votos.
Ao contrário. O favoritismo de Dilma mantém-se intacto. O PT espera para os próximos dias uma ofensiva de Serra. Mas estima que, a 17 dias da eleição, não haveria tempo hábil para reviravoltas.
Ainda que uma certa insatisfação da classe média irradiasse para outros nichos do eleitorado, Dilma, 24 pontos à frente de Serra, disporia de “gordura” para queimar.
É em meio a esse cenário de apreensão que se produziu a decisão de levar Erenice ao microondas. Acredita-se que, bem tostada, a imagem da ex-ministra vai produzir a impressão de que o governo não transige com a suspeição. Uma novidade em relação à administração de escândalos pretéritos.
No mais, a despeito das similitudes que aproximam 2010 de 2006, os operadores da campanha de Dilma acham que falta ao ‘Erenenicegate’ a plasticidade do monturo de cédulas do escândalo dos “aloprados”. E, numa tentativa de estreitar a margem de manobra do inimigo, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, anunciou a decisão de processar Rubnei Quícoli, o autor da denúncia que carbonizou Erenice (assista abaixo).
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